Vidas Entrelaçadas

Capítulo 4

Paulo e Margarida estavam sentados no sofá da sala, discutindo a situação delicada de Marcelina.- Marcelina está tranquila - disse Margarida. - Mário é responsável, e ela confia nele.
Paulo suspirou aliviado. - Que bom. E obrigado pelo apoio que você tem dado a minha irmã. E pela confiança em mim. Mesmo sabendo do meu passado... - Ele hesitou, a dor de relembrar aqueles tempos ainda fresca em sua mente.

Margarida segurou a mão dele com firmeza. - Paulo, todos cometem erros. O importante é que você aprendeu e mudou. Eu acredito em você.

Paulo desviou o olhar, emocionado. - Eu fiz aquilo por desespero. Minha mãe estava doente, sem emprego, e eu me sentia responsável por ela e pela Marcelina. Nosso pai nunca ligou para a gente, minha mãe nos criou sozinha. Ele parou por um momento, respirando fundo antes de continuar. - Comecei a vender drogas para ajudar de alguma forma a família. Eu não tinha outra escolha.

Margarida apertou a mão dele com mais força. - Eu entendo, Paulo. E admiro sua coragem em superar tudo isso. Você é um homem bom, e eu confio em você.

Paulo sorriu, sentindo um peso ser levantado de seus ombros. Margarida era realmente especial, e ele sabia que, com ela ao seu lado, poderia enfrentar qualquer desafio.

Margarida sorriu e começou a falar sobre sua vida no interior.- Sabe, Paulo, eu tinha muitos sonhos quando vivia no interior. Sempre quis morar na cidade grande, ser modelo... Eu sonhava alto, queria conquistar o mundo.

Paulo a olhou com carinho, admirando a determinação em seus olhos.- E você conseguiu, Margarida. Está aqui, vivendo seus sonhos.

Ela balançou a cabeça, rindo suavemente.- Sim, consegui muita coisa. Mas, mesmo nos meus maiores sonhos, nunca imaginei que encontraria o amor da minha vida. - Margarida olhou para ele com ternura. - Você, Paulo.

Paulo sentiu o coração acelerar e puxou Margarida para um abraço apertado.- Eu sou o homem mais sortudo do mundo por ter você ao meu lado, Margarida.

Depois de um momento de silêncio confortável, Margarida se afastou um pouco e olhou nos olhos de Paulo, com uma expressão curiosa.- Paulo, posso te fazer uma pergunta? - ela começou, hesitando um pouco.

- Claro, Margarida. O que foi? - ele respondeu, segurando a mão dela.

- Por que nós dois não estamos namorando? - ela perguntou, com um sorriso tímido.

Paulo ficou surpreso com a pergunta e demorou um segundo para responder.- Eu... Eu nunca pensei que alguém como você se interessaria por alguém como eu, com o meu passado. - Ele desviou o olhar, envergonhado.

Margarida sorriu, apertando a mão dele.- Paulo, seu passado não define quem você é hoje. Eu vejo o homem incrível que você se tornou, e é por isso que eu quero estar com você. Se você também quiser, claro.

Paulo, embora emocionado com a pergunta de Margarida, sentiu uma inquietação no coração. Ele desviou o olhar e, por um momento, ficou em silêncio, perdido em pensamentos.- Margarida, você é incrível, e eu me sinto muito grato por tudo que temos vivido juntos - disse ele, tentando encontrar as palavras certas. - Mas...

Margarida percebeu a hesitação em Paulo e franziu a testa, preocupada.- Paulo, está tudo bem? - ela perguntou suavemente.

Ele suspirou profundamente, olhando para as mãos entrelaçadas. Na sua mente, a imagem de Alicia surgiu, trazendo de volta sentimentos que ele achava ter deixado para trás.- Eu só... preciso de um tempo para pensar. Não é que eu não queira, é só que... - Paulo lutava para explicar, sentindo-se dividido.

Margarida ficou olhando para Paulo, confusa e um pouco magoada.- Eu não entendo, Paulo. Por que a hesitação? - ela perguntou, a voz suave, mas cheia de preocupação. - Se eu significo tanto pra você, porque não?
Paulo suspirou e passou a mão pelos cabelos, tentando organizar seus pensamentos. - Margarida, não é sobre você. Você é incrível e merece toda a felicidade do mundo. É que... - Ele parou, sentindo a dificuldade de colocar seus sentimentos em palavras. - Eu ainda penso muito em uma moça que conheci no último verão, estávamos muito apaixonados, eu pelo menos estava... Ela foi embora sem nem se despedir, mas
ela foi uma parte importante da minha vida, e eu acho que não consegui lidar completamente com isso.