Não há nada como NÓS

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ISADORA

Quando se é um jovem na faixa etária de doze anos, não sabemos muito sobre a vida, quase nada para ser sincero, vamos aprender um pouco na medida que vamos quebrando a cara e recomeçando tudo de novo.

Mas quando se tem mais de dezoito anos, você percebe que você está crescendo, que está tentando construir um futuro digno para você e sua família, você começa a ter responsabilidades, autonomia e começa a se sentir muito solitário, na maioria das vezes isso é bom, é sinal que estamos crescendo e amadurecendo, mas há que preço? O preço que em um futuro indeterminado não sabemos se será realmente bom.

Esperamos de todo coração que seja bom, que seja incrível, que seja extraordinário, mas também pode não ser.

Na minha vida isso estava mais para o lado não tão bom, odiava ser de alguma forma a vítima de tudo isso, mas também me negava a aceitar que meu pai tenha se tornado tão mal quanto vi hoje.

Irreconhecível, não que eu já não tivesse vivenciado esse seu lado, mas ele estava cada vez pior.

Eu queria um consolo, um ombro para poder me deleitar nas amarguras que minha vida tem sido por parte paternal, mas eu era o ombro que minha mãe precisava ter, eu não podia me submeter a ser egoísta com a mulher que me deu a vida, e desistiu de tudo por mim.

Minhas mágoas, revoltas, solidão e desespero poderiam esperar mais um pouco, eu só precisava consolar a minha mãe. Eu havia chorado na frente dos meninos e não havia nada que eu mais detestasse fazer do que chorar na frente das pessoas.

Era humilhante deixar alguém ver a parte mais profunda de meu ser, a minha fraqueza, independente de quem fosse ao meu lado, sempre ia me sentir uma tola, uma menininha chorona, e eu não sou assim.

Na maioria das vezes sou durona, mas quem estou tentando enganar.. não passo de uma tola cheia de remorsos.

Rodrygo estava dirigindo com Jude ao seu lado, ele disfarçava mas eu sabia que ele me olhava pelo retrovisor para saber se eu estava bem, mas eu não estava.

Respirava fundo a cada minuto controlando minhas emoções, estava agarrada com minha mãe que chorava, então fechei meus olhos abraçando-a mais forte do que antes, eu já não chorava, mas estava tudo preso em minha garganta, esperando o momento certo de soltar aquilo.

Não sei quanto tempo demorou, mas quando abri meus olhos novamente, Rodrygo já havia estacionado na frente do meu prédio.

Eles não disseram nada, apenas desligaram o carro e olharam para frente, não querendo atrapalhar, mas reagi já que não iríamos morar no carro para sempre.

_ Chegamos, mãe. - Me pronunciei soltando ela de meus braços e Jude olhou pelo canto do olho para mim.

Minha mãe apenas deu uma olhada rápida para o prédio, mas não disse nada, ela parecia estar atordoada com todos os acontecimentos.

Tiramos o cinto e abri a porta para que ela descesse primeiro, desci logo em seguida e fechei a porta.

_ Amor.. você quer que eu fique com vocês? - Jude perguntou descendo do carro e neguei. _ Tem certeza? - Perguntou colocando as suas mãos em volta do meu rosto e me fazendo olhar para ele.

Eu tinha certeza que se pedisse para ele ficar, ele ficaria, mas eu precisava desse momento com minha mãe, então assenti.

_ Tenho, pode ir trabalhar, vamos ficar bem aqui. - Não agradeci pelo que ele e Rodrygo fizeram por mim, mas também não tinha forças para falar sobre, porque sabia que choraria se falasse algo.

Country on fire - Jude BellinghamOnde histórias criam vida. Descubra agora