Oh! Great; hyunlix.

04

Quarta-feira, 5 de abril

Felix sentiu-se enojado.

Seu pai estava em casa, ele tinha acordado cedo e feito donuts caseiros, era útil ter um chefe de cozinha como pai.

Os três sentaram-se para tomar café da manhã com donuts, um café da manhã calmo e tranquilo, já que nenhum deles conversava muito pela manhã. Mas a paz foi interrompida pelo rangido da cadeira de Felix, que se levantou e correu para o banheiro.

Seu pai, Lee Younghyun, ficou preocupado e foi atrás do filho, quando o ouviu vomitando do lado de fora da porta. Ele voltou para a cozinha, onde Minho o olhou confuso.

— Filho, não coma mais só para garantir, seu irmão está vomitando.

Minho largou o donut com relutância, mas era melhor prevenir do que remediar, o mesmo não queria vomitar no trabalho e passar de Sr. manchita a Sr. vômito. Deus, ele odiava seu chefe.

— Sabia que não deveria ter usado aquela manteiga nova, é isso o que ganho por inovar - reclamou Younghyun enquanto caminhava até o banheiro onde estava seu filho mais novo.

Felix sentiu como se estivesse devolvendo até o que havia comido há um mês, era desastroso. A porta se abriu e ele sentiu alguém acariciando suas costas em círculos.

— Assim, filho - Younghyun estava preocupado - usei uma manteiga nova, seu pobre estômago não resistiu.

Felix vomitou novamente.

— Você come muitos doces ou alimentos gordurosos?

Felix negou com a cabeça e vomitou novamente.

— Tudo bem, se eu ou seu irmão passarmos mal, vou avisar a fábrica.

Felix vomitou o que restava de seu estômago enquanto ouvia os gritos de seu pai.

Quinta-feira, 20 de abril

Felix estava farto, teve que sair correndo da aula porque estava com náuseas de novo. Não entendia o que estava acontecendo com ele, estava em uma dieta leve e os vômitos pararam, mas ontem voltou como se nada tivesse acontecido.

Não tinha tempo para ir a uma consulta médica, perderia pelo menos duas horas e tudo para tomar um paracetamol ou comprimido semelhante. Para isso foi diretamente à farmácia. Assim poderia usar essas duas horas para trabalhar.

Ele pegou o telefone para contar ao melhor amigo, que ficou preocupado em sua sala.

Minnie 🐍

Você está bem? ainda está vomitando?

Sim, vou te contar sobre todos
os vômitos.

Ah, mas que gentil. Agora, sério, você quer que eu vá junto?

Não, não precisa, vou na farmácia comprar paracetamol ou algo assim.

Faça anotações para poder
passá-las para mim.

Ok, por favor me avise.

Felix bloqueou o celular e pegou a mochila para ir à farmácia. Odiava tudo e queria chorar.

◇◆◇

Hyunjin se encontrava na aula de psicanálise, mas não estava prestando atenção ao que acontecia, Freud disse há muitos anos, a janela era mais divertida.

Mentira, ele está entediado pra caramba.

Naquele dia não teve vontade de ir para a universidade, mas lá estava, ocupando uma cadeira, mas sem conseguir conectar um único neurônio. Observou Chan escrever várias coisas em seu caderno, então pediria as anotações para ele.

Ficou olhando para o quintal e, ah, lá estava sua dor de cabeça com as patas, também conhecida como Felix.

Este mês e meio Felix viveu de graça em sua cabeça como se nada tivesse acontecido. Ele odiava que seu apartamento na universidade fosse vizinho ao dele, porque praticamente o via o tempo todo.

O viu rir, ele o viu ler, o viu comer, e o viu dormindo debaixo de uma árvore, tudo na companhia do sortudo filho da mãe, Seungmin. Pelo menos eles não se beijaram no campus.

Chan reclamava toda vez que os via passar, ameaçando contar a Seungmin que seu namorado o traiu, até que Changbin daria um tapa na cabeça dele com a palma da mão aberta e educadamente falasse para parar de incomodá-lo.

Hyunjin percebeu que Felix estava indo embora, com uma careta, há quase um mês.

O grupo de quatro amigos tinham visto o casal passando numa quinta-feira, Seungmin estava com a mesma cara de sempre, mas Lee parecia morto, extremamente magro.

Jeongin disse que talvez a cara feia fosse porque Felix usava uma cor quente e provavelmente tinha um tom frio. Isso abriu um debate no grupo onde todos descobriram qual cor combinava com eles, desde então Changbin apenas usava moletons verdes e Jeongin sempre usava algo vermelho. Chan e Hyunjin fingiram ser indiferentes, mas Hyunjin suspeitou que Chan estava interessado. Na sexta-feira passada ele comprou cinco camisetas amarelas idênticas.

Hyunjin odiava a colorimetria.

Além disso, acreditava que tudo ficava bem em Felix, por mais abatido que ele parecesse.

Suspirou ao ver Lee sair da faculdade, amaldiçoando-o, amaldiçoando seu namorado, Seungmin, amaldiçoando Freud e amaldiçoando a si mesmo.

◇◆◇

Felix chegou na farmácia, cansado da longa caminhada, mas sentiu que se pegasse o transporte iria vomitar em alguém.

Pegou um número e sentou-se para esperar que chamassem. Ele olhou para a televisão que estava pendurada, passando vídeos de cachorros abraçados e o mesmo teve uma vontade horrível de chorar.

Estava sozinho, triste e enjoado. Por que aquele cachorro se parecia tanto com Hyunjin? Maldito Hyunjin.

Seus pensamentos foram interrompidos quando o número que tinha foi chamado, então se aproximou da mulher que o chamou.

— Olá, tem receita? - perguntou a sorridente mulher de cabelos roxos.

— Não, estou aqui para comprar um paracetamol ou algo assim para acalmar meus enjoos.

— Ah, entendi, você tem mais alguma coisa além de náusea? - Felix pensou.

— Ultimamente tenho estado muito cansado, fico um pouco tonto, meu abdômen dói em alguns lugares e bom, vomitei um pouco.

A garota assentiu e foi buscar o paracetamol.

Ou bem, foi o que Felix pensou, já que a linda mulher voltou com um teste de gravidez.

Felix olhou para ela, ela olhou para Felix. Felix olhou para o teste, a mulher também. Os dois se entreolharam novamente.

— Não… - disse o Lee.

— Só por precaução - a mulher respondeu.

Felix recusou categoricamente.

— São todos sintomas de gravidez, sintomas como o do primeiro trimestre, não é preciso ser um gênio para saber disso - a garota afirmou, entregando-lhe a caixa.

— Impossível.

— Há quanto tempo você faz sexo?

Felix pensou novamente.

— Há cerca de dois meses, algo assim - ela olhou para ele com uma sobrancelha levantada e uma cara de obviedade — Mas é impossível, eu me cuidei, usamos camisinha.

— Há uma margem de erro - Felix ficou estático e a farmacêutica suspirou.

— Vamos fazer o seguinte, você vai para casa, faz o teste, se der negativo eu devolvo o dinheiro do teste e também te pago pelos comprimidos.

Felix tirou o dinheiro e pagou com as mãos trêmulas. A mulher deu-lhe um sorriso que ele não conseguiu retribuir e saiu da farmácia.