| 08 - amordaçar

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RICHARD RIOS,
CT

Assim que entramos no carro, me arrependo de ter dado carona a essa praga. Que inferno de mulher, custava ser menos cheirosa? Fecho minha porta depois que ela fecha a dela e to pronto para a tortura que vai ser chegar até o CT. Coloco o carro em movimento em um silêncio absoluto, para quebrar ele ligo o som que começa a tocar a música Mônaco do Bad Bunny.

É um silêncio desconfortável, estranho. Nunca estive nessa situação com a mãe do meu filho, nós nunca saímos os três juntos e muito menos nunca saímos só eu e ela. Tudo bem que não é sair, sair e sim uma carona, que vou me arrepender até minha morte, mas ainda assim é estranho. Não tenho assunto para puxar, não faço ideia do que perguntar. Pietra e eu só nos falamos para trocar farpas e contar sobre o Matteo. Tentando quebrar o silêncio e entender o porque caralhos ela tem que ir no centro de treinamento do Palmeiras, pergunto:

— Vai fazer o que no CT? — Pietra me olha surpresa, não sei se pela pergunta ou por mim estar tentando puxar assunto.

— Tenho uma reunião e vou fechar contrato lá por alguns meses... — imediatamente eu paro.

Deve ser brincadeira não creio, "fechar contrato" o meu caralho. Já não basta ter que aturar ela como mãe do meu filho vou ter que aturar no meu ambiente de trabalho também?

— É um karma mesmo — ela me olha com o cenho franzido, claramente em sinal de irritação. E eu lhe dou um sorriso desentendido em resposta. Pietra bufa e olha para frente novamente, achei que ela ia ficar em silêncio mas me surpreendo quando ouço sua voz no carro novamente:

— Tem que ver uma escolinha de futebol pro Matteo aqui... — droga, tinha esquecido. — Não conheço nenhuma por aqui então se você puder ver, eu agradeço.

Matt fazia futebol em uma escolinha lá em BH, o pequeno ama o esporte. Bom ele teve quem puxar, já que o pai é jogador. Mas não influenciei em nada nessa escolha dele, quando nos conhecemos ele já gostava de futebol e era fanático no jogo fifa. Sempre que é final de semana e eu fico com ele, nós jogamos juntos. As vezes alguns caras do time aparece lá em casa ou o Juan quando não sai para balada, joga com a gente.

— Eu vejo isso.

Garanto a ela que somente maneia a cabeça em sinal de concordância, logo o carro fica em um silêncio novamente. Tava pronto para aumentar o volume do som novamente para preencher esse silêncio desconfortável, quando eu olho para o lado e vejo a morena com a mão no som mudando para o modo bluetooth. Levanto as sombrancelhas e abro a boca, em choque.

— O que você tá fazendo? — Pietra me olha como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Colocando música? Essa rádio só tá passando música ruim — Dou um tapinha na sua mão.

— Da licença? — olho para ela ainda com o cenho franzido. Folgada, no meu carro quer usar o meu som e ainda reclama da música ruim? — O carro é meu, vai ficar nessa música — Realmente tava em umas músicas bem ruinzinhas mas para irritar ela, mantenho minha mão tampando o som. Pietra bufa e depois de alguns segundos abre um sorriso divertido.

— Já que não posso mudar a música, — olho para ela, que tem um sorriso perverso nos lábios. Puta merda, me fudi — Irei ficar cantando até chegar no CT. — Encaro ela, incrédulo.

Pietra não canta mal, muito que pelo ao contrário. Já peguei algumas vezes ela cantando músicas da Disney para o Matt dormi, ela realmente canta bem. Então quando ela abre a boca e começa a cantar toda desafinada, bufo irritado.

Se você não calar a boca, vou te amordaçar. — Aviso ela em um tom sério, que me olha dando um sorriso safado de lado.

— Quer me ver amordaçada, Richard? — congelo, em surpresa. Eu e a Pietra nunca levamos nossas provocações para esse lado, estou surpreso por ela estar levando. Fico em silêncio, então ela continua: — Me quer amordaçada porque não sabe o que minha boca pode fazer. — Abro um sorriso debochado, ai você se engana linda.

 Sempre Você - Richard RiosOnde histórias criam vida. Descubra agora