trinta e oito | brigadeiro

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"De manhã, na casa dele

Torrada queimada, domingo

Você guarda a camisa dele

Ele mantém sua palavra

E, pela primeira vez, você esquece

Dos seus medos e seus fantasmas

Um passo, não é muito

Mas diz o suficiente"

You are in love | Taylor Swift

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Eu mal consigo acreditar nos meus olhos, meu sorriso é tão largo que sinto minhas bochechas doerem um pouco. Quase penso que é uma miragem e eles não estão realmente aqui, mas o olhar caloroso do meu pai e o sorriso da minha mãe são tão reais que é impossível que minha mente tenha criado isso.

Minha mãe se afasta um pouco do meu pai e caminha em minha direção com os braços abertos.

Venha aqui — ela pede com carinho e eu avanço em sua direção obedecendo ao seu comando, mas ao invés de aninhar em seu abraço, como eu fazia quando criança, ela que se aninha no meu, devido a nossa diferença de altura.

Trocamos um abraço caloroso, e apertado, seu perfume característico invade minhas narinas e eu me sinto em casa. Ela se afasta um pouco de mim, o suficiente para olhar para o meu rosto e vejo seus olhos arregalarem de leve.

O que aconteceu? — ela pergunta segurando as duas laterais do meu rosto e me forçando a inclinar o corpo, para que possa me analisar mais de perto — Porque está vermelho? Oh meu Deus! Você comeu amendoim? — minha mãe nem me dá tempo de responder e gira o seu pescoço até encontrar Diana, que continua parada um pouco atrás de mim, imóvel — Você deu amendoim para o meu bebê?

Sei que minha garota não está entendendo uma vírgula do que a minha mãe diz, seu olhar está meio perdido e suas bochechas coradas, e acho que agradeço por ela não conseguir entender minha mãe me chamando de bebê, como se eu ainda fosse aquele garotinho travesso de anos atrás.

Mãe, eu já tenho dezenove anos, não sou mais um bebê. — me defendo abaixando um pouco a voz para a Diana não escutar direito, torcendo para que ela não entenda, e acabo recebendo um olhar atravessado da dona Juliette.

Você sempre será meu bebê. — rebate firme, e não demora a segurar minha mão e me arrastar para dentro de casa, passando como um furacão pelo meu pai que se encarrega de convidar a Diana para entrar.

Minha mãe me sentou no sofá, e ficou me olhando inteiro, me fazendo morrer de vergonha.

Por que nossas mães fazem isso, afinal?

Por favor, mãe. Eu estou bem. — pedi envergonhado e ela respirou fundo.

Tem certeza? Você está muito vermelho. — ela olhou por cima do ombro e depois voltou seu olhar para mim e falou bem baixinho para Diana não escutar, como se fizesse diferença, já que Diana não fala nada em inglês. — Ela poderia ter te matado.

Estou bem, eu juro.

Seu velho pai não ganha um abraço? — meu pai perguntou interrompendo nossa interação e eu me levantei para lhe dar um abraço — Senti sua falta, parceiro.

Linhas Invisíveis - Theo's VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora