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Um menino tão doce, de olhos e sorriso radiante, filho único na época, rodeado de amigos, orgulho dos pais e professores. O menino da promessa.

Félix nunca soube ao certo quando passou a sentir tanto nojo de si mesmo, ou quando sua vida desandou tanto assim. Criado com pais conservadores e religiosos, sempre soube que aquilo era pecado, era sujo, era errado, mesmo não sabendo o que era, e assim ele sentiu nojo de si a cada minuto desde os seus sete anos de idade, quando seu amiguinho da escola lhe era tão mais atraente que as meninas, lhe dando.. borboletas no estômago.

Detestou seu corpo e seu cabelo que eram alvos de bullying, vivia de roupas largas e chapinha semanal, seu sorriso já não tão mais brilhante quanto antes.

Já na adolescência, se afundou em vícios como bebidas alcoólicos, nicotina em cigarros e as vezes, pornografia para tentar se sentir "mais hétero". Se afundou cada vez mais em si mesmo, quebrando ideias e morais seus, sem se importar.

Caiu em labias e olhos bonitos, se afundou neles em ciúmes e decepção. Quebrou almas de pessoas que não o pertenciam, sentiu a dor excruciante enquanto observava o caixão pela primeira, segunda, terceira vez aquela ano, mas o sorriso no rosto permanecia. Ele era muito bom em mentiras e disfarces. Contava mentiras como ninguém, tão perfeitas que pareciam reais, belas e emocionantes que arrancavam lágrimas.

Porém tinha um coração tolo, mole, que se entregava fácil.

Nunca se encaixava, se sentia deslocado em qualquer ambiente e se sentir à vontade não era algo mais tão comum assim. Suas mãos coçam e tremem, sua pressão parece cair, a sensação de desmaio é grande, sua cabeça lateja e gira, seu coração acelera, seu estômago revira como se fosse vomitar, se sente fraco e a vontade de fugir é enorme. Sua única vontade é um cigarro entre os dedos com a nicotina inundando seus pulmões e o acalmando de dentro para fora. O cheiro da fumaça é vivido em sua mente, quase como se estivesse o sentindo de verdade.

Sempre os outros, nunca ele. Sempre desejado, mas nunca amado, talvez nem nunca desejado. Sempre trocado, não por algo que fosse pior, porém, mais fácil. Sempre mais fácil.

Ele não valia o esforço.

Sempre haveria alguém mais fácil que ele, algo mais fácil do que ele. Ele tinha que apenas se contentar com as migalhas que lhe eram oferecidas de algo denominado "amor", paixão ou admiração. Era confuso, estranho, escandaloso e complicado, ninguém queria.

Se não era para conselhos, ser uma espécie de tapa buraco para escutar choros e lamentações, para que ele servia? Sua cabeça martelava mais uma vez ouvindo aquilo.

Nunca a primeira, nem sempre a segunda, mas a terceira ou quarta opção, também a última ou a reserva.

De joelhos no chão ele orava, em lágrimas de súplica ao Deus que sempre acreditou, pedindo perdão e redenção, pedindo piedade, pedindo socorro. Era torturante.




Félix é apenas um mero personagem.

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