Capítulo 21

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Você só quer atenção, você não
quer o meu coração

Talvez você só odeie pensar
em mim com alguém novo

Você só está se certificando
de que eu nunca te supere.

Attention | Charlie Puth.

𔓘

Audrey Dixon.

Dois dias antes | Sábado.

Era simples conviver com a falta de alguém quando não se ama mais essa pessoa.

Minha mãe me disse isso quando a questionei se não sentia falta do meu pai depois de tê-lo mandado embora. Era fácil pensar que seus pais se amam, que vocês são uma família feliz e invejada por quem olha de fora, mas não era nada simples ter a confirmação de que eles nunca foram felizes.

Eu não tinha nascido de um ato de amor entre meus pais, eu era só mais uma consequência deles como casal. Meu pai era um traidor egoísta que gostava de passar seu tempo no trabalho - ou em qualquer outro lugar que fosse - só para não ter que aturar a minha mãe. Minha mãe não se importava com isso, bom, não mais.

No início, quando as coisas se tornaram verdadeiramente difíceis, lembro-me de tantas noites onde ela entrou de fininho em meu quarto e se deitou ao meu lado, enquanto chorava copiosamente. Eu não sabia o que significava na época, mas hoje eu sei que era a dor de amar.

A dor de amor e a dor de amar.

Não eram tão diferentes, mas eu gostava de pensar na dor de amor como o lado positivo de um relacionamento, onde você ama tanto alguém que doía só de pensar em perdê-la.

Já a dor de amar era o lado amargo, ruim, nada proveitoso numa relação. Brigas, traições, a dor de amar alguém ao ponto de se permitir passar por isso.

Selena foi esse alguém por muito tempo. Ela se dedicou, buscou entender, mas quando algo já está fora de controle, não tem o que fazer. E então, meu pai carregou suas coisas para fora e bateu a porta, pouco arrependido de acabar com a própria família.

O contato que eu tinha com ele era um cartão de aniversário todo ano, na data errada, para compensar. Mas ainda assim, eu não conseguia me livrar deles, tendo uma caixinha com sete cartões assinados por Eric Dixon que significava todo o repúdio que eu sentia por ele.

Agora, ele estava ali. Sua figura parada de forma tão prepotente. O ombro forte encostado no batente do arco da sala de jantar, enquanto tinha os braços cruzados e me encarava com curiosidade. Eric estava diferente do que eu me lembrava, seu rosto tinha linhas de expressões mais marcadas, o cabelo agora estava mais curto. Ele parecia mais forte, ou talvez eu só tenha desacostumado a vê-lo.

Sete anos depois e ele estava ali, em pé na minha casa.

- Mamãe. - chamei. Quando Selena teria perdido o juízo e permitido a entrada do homem que nos deixou há anos em nosso lar? Céus, eu só fiquei fora um dia e meio.

- Sua mãe está lá em cima. - Eric falou, sua voz era baixa e grave, me dava arrepios, era sempre em tom de repreensão. - Ela nos deixou conversar a sós.

Love and EgoOnde histórias criam vida. Descubra agora