4. 𝚝𝚘𝚝𝚊𝚕𝚕𝚢 𝚐𝚘𝚘𝚍 [𝚎𝚗𝚍]

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Daemon entorpeceu tanto Daeron com seu cheirinho de cereja que o pequeno alfinha está totalmente molinho em seu ninho.

― Meu pequeno príncipe. ― O ômega murmurava repetidamente.

Suas mãos acariciavam as madeixas loiras com maestria, em um ritmo lento. O filhote resmungava com um gatinho satisfeito com o rostinho afundado em seu peito, mesmo com a face escondida, Daemon podia ver a pontinha das orelhas do pequeno totalmente vermelhas de vergonha.

― E-eu, não confio em você. ― Daeron resmungou com a voz abafadinha. ― Isso não significa nada!

Mesmo sem se sentir chateado, Daemon parou com as carícias por um momento, apenas para receber um rosnadinho indignado do filhote, como um dragãozinho que acabou de perder seu tesouro. O ômega soltou uma risadinha e voltou a acariciar o filhote, o corpinho estressado voltou a relaxar novamente e dessa vez uma mãozinha pequena, tímida e hesitante agarrou a camisa do ômega com força. Daemon sorriu ternamente, inclinou-se um pouco e beijou as madeixas e o corpinho do alfa deu um solavanco pelo contato.

Parando de atormentar o filhote, Daemon apenas suspirou em contentação e continuou a fazer os carinhos. Em um silêncio quebrado apenas pela respiração de ambos e o remexer suave do corpinho de Daeron. Depois de um tempo, o ômega achou que o filhote havia dormido.

― Você...

Daemon se assustou um pouco com a vozinha hesitante de Daeron, pois achou que o filhote estava dormindo, mas se recuperando disse:

― Pode falar o que quiser meu pequeno príncipe. Não se acanhe, não haverá retaliações de qualquer tipo. É livre para dizer o que lhe aflige, sem ressalvas.

Daeron respirou profundamente, afastou o rosto do peito do ômega e olhou para cima, diretamente para Daemon. Seus lábios tremeram sutilmente.

― Você teria se lembrado de mim se não tivesse se aproximado dos meus irmãos? Teria me buscado?

O coração de Daemon se quebrou com a resposta imediata que veio em sua mente.

E o coração de Daeron se despedaçou mais um pouquinho quando viu a resposta escancarada na face do ômega mais velho e no cheiro de cereja que se apodreceu um pouco após suas palavras.

Não.

― Eu sinceramente não gostaria de estar aqui, mas não tenho mais para onde ir. Entre a dor e a gaiola em VilaVelha e o esquecimento e o ressentimento em King's Landing. ― Daeron disse em tom opaco e resignado. ― Prefiro a segunda opção.

― Perdão, Daeron. ― Daemon suplicou baixinho.

O pequeno príncipe somente pressionou os lábios em uma linha fina e balançou a cabeça em negação.

― Não faz doer menos. ― Daeron murmurou com a voz embargada. Seus olhinhos tremeram, mas ele não desviou a atenção de Daemon, permaneceu firme.

― Eu sei... eu sei, mas mesmo assim, sinto muito, você merece uma família melhor.

Uma lágrima deslizou pelo rosto do alfinha e em um toque suave o ômega a limpou e deslizou a ponta dos dedos sobre o rostinho vermelho em tristeza.

― Tenho conhecimento de que a corte, a realeza, tem obrigações a seguir. Mas se for possível não quero contato com meus genitores. ― Daeron continuou a falar de maneira mais branda, mas não menos magoada. ― E sendo bem sincero... ainda não quero falar com eles. Nenhum deles.

Meus irmãos. Meus supostos irmãos. Sangue do meu sangue que simplesmente esqueceram de mim. Não se importaram comigo o suficiente nem para mandar uma carta.

prickly soul | house of the dragonOnde histórias criam vida. Descubra agora