— A gente tem mesmo que ir? – Bocejei quase morrendo de sono, com certeza fui um burro ao aceitar ir pra Busan as sete da manhã de uma sexta nesse frio do inferno.
— Lógico que temos, eu não gastei quase cem reais em gasolina atoa não. – Han estava arrumando a mala enorme que tinha trazido consigo no porta malas. Realmente não entendo 'pra que tantas roupas, ele vai passar um mês naquele lugar?– Essa merda não tá encaixando, que saco.
— Claro que não está, olha o tamanho disso, que exagero.
— Olha só, é bom estar preparado, e não vou te emprestar minhas cuecas caso as suas acabem, ouviu?– Revirei os olhos e fiz uma cara de nojo.
— Eca.
Depois da mini luta que ele teve com a mala, entramos no carro e ele coloca a chave em ignição, fazendo um barulho que, eu acho que não devia ter acontecido, mas relevei, no máximo eu podia morrer desempregado, nada estaria esperando por mim, não é?
Ele ligou o som no último quando "Girls Just Want To Have Fun" começou a tocar, dando gritinhos e tirando a mão do volante 'pra comemorar.
— Seu maluco, presta atenção na estrada! A gente vai morrer!
— Deixa de ser chato Felix! Estamos de folga, aproveita!
Ri, e por mais idiota que seja também comecei a cantar quando o refrão chegou, fechando os olhos e colocando os braços para fora da janela. Nós dois parecíamos loucos gritando "When the workin' day is done, Oh girls, they wanna have fun" e fazendo outros motoristas olharem torto para nós, mas nem nos importamos. Era bom viver assim.
Depois de duas horas e meia de música com faixas de todos os estilos, ele para em um pedágio, e logo vejo em frente uma placa escrita "Bem vindo a Busan!". Abro a janela e sinto meu cabelo nos olhos junto da brisa gelada da ilha, misturado com o aroma do mar que eu já tinha sentido tantas vezes quando costumava vir aqui. Sorri, e me senti bem. Me senti em casa.
Olhei com atenção cada parte do vilarejo, as pessoas aqui andavam despreocupadas com sacolas de frutas nas mãos, passeando com seus cachorrinhos, ou simplesmente conversando umas com as outras nos bancos nas calçadas, era paz em forma de lugar.
Jisung estacionou na guia de um prédio estilo retrô, com as janelas decoradas de um azul pastel e umas flores amarelas, junto de vários outros detalhes minimalistas. Sai do carro, já eram nove e meia da manhã e o sol esquentava mais o ambiente, então tirei o capuz da blusa que estava usando.
— Nossa, aqui é... – Busquei palavras para tentar descrever. Lindo? Maravilhoso? Mágico? – Valeu por me trazer aqui, Han.
— Aí, não agradece, assim fica sem graça, vai, vamos aproveitar!
Entramos no ambiente depois de nós identificarmos com o porteiro, que eu li no seu uniforme que se chamava "Seo-joon", e nos recebeu com um sorriso super gentil. Dentro do pequeno apartamento havia vários móveis e objetos em tons claros, com os cômodos distribuídos em sala, cozinha, dois quartos, e um banheiro; Tudo tão organizado que me deu vontade de largar minha vida em Seoul, morar aqui, e viver todos os dias comendo chocolate junto de uma almofada macia e assistindo Netflix como se fosse meu trabalho. Quem sabe talvez um dia eu possa viver assim?
— Eu fico com o quarto maior! – Jisung gritou e saiu disparado pelo corredor, e eu fiz o mesmo atrás dele
— Seu vagabundo! Você sempre fica na vantagem! – Ele olhou os dois quartos em uma velocidade absurda, e pulou em cima da cama que julgou ser a maior.
— Desculpa Lix, mas eu sou o mais velho, você não tem nem um pouco de dó de mim?
— Nossa, você fala como se tivesse setenta anos e eu cinco. Mas tá bom, nem faz tanta diferença, e o meu é mais bonito. – Ele revirou os olhos e tacou uma almofada em mim. – Aposto que vai ficar só entocado nesse quarto e não vai nem aproveitar. Mas eu vou sair, vou fazer alguma coisa, tocar um pouco de grama.
— Ha ha, muito engraçado você, hm? Tá, pode ir, vou ficar aqui – Se ajeitou na cama, encostando as costas na cabeçeira rosada. – Ah, traz uns doces pra gente comer? Estou morrendo de fome.
— Uhum, trago, já volto.
Sai do quarto do mesmo, e deixo minha mala num canto que não dei muita importância na hora, peguei as chaves do molho e deixei a cópia em cima da mesa, caso Jisung precisasse, e sai.
Busan sempre tem uma aparência encantadora, com suas casinhas coloridas e antiquadas, da pra se sentir num seriado dos anos 2000. Paro quando vejo uma livraria do outro lado da rua, e logo me apresso para atravessar. Não é que eu seja um fanático por livros, mas eu gosto da sensação de ler, sentir o cheiro das folhas.
Entrei na pequena loja de dois andares e sinto o aroma do ar condicionado, junto de algo que reconheço, mas não tenho tanta certeza do que é. Biscoitos, talvez?
Aceno para o senhor do outro lado do balcão, que retribuiu um pequeno sorriso para mim. Comecei a ler todos os estilos e autores pelas estantes, as cores variando entre si. Peguei o livro "Amêndoas" que eu já vinha procurando por bastante tempo, e que finalmente tinha achado por um preço que não fosse absurdo. Paguei o senhorzinho, e sai da loja.
Olhei para o céu que brilhava com o sol, já estava mais quente então eu tinha começado a suar um pouquinho com a blusa de frio. Dei um passo a frente, mas sinto meu peso cair pra frente, então me dei conta que tinah esbarrado com alguém e deixado meu livro cair.
— Ei, olha aonde você vai. – Um estranho de silhueta alta - Bem mais alto que eu, 'pra ser sincero. – Cabelos de um tom cereja escuro que chegavam a ser quase pretos, e com uma máscara estava me encarando depois de eu quase cair em cima dele.
O tal cara parecia bonito, e eu só digo "parecia" por que não conseguia ver muito bem seu rosto, apenas as partes que a máscara e sua franja não estavam cobrindo.
— Ahm, perdão – Me curvo com as mãos nos joelhos – Eu... eu estava distraído.
— Hm, percebi né? – Ele se abaixou e pegou meu livro, que eu já tinha esquecido que tinha caído depois do tempo que passei olhando 'pra ele. Meu deus, Felix. – Pelo menos você tem bom gosto 'pra leitura, sabe.
Ele me entregou o livro que ainda estava no plástico, e eu peguei exitante, evitando o máximo de contato físico entre nossas mãos.
— Hum, obrigado? – Fiz novamente outra referência, e desviei do seu caminho, continuando a caminhar de volta para o apartamento. Eu devo ter ficado muito louco, não é do costume de Lee Felix ficar encarando as pessoas desse jeito.
Esquece isso, Felix, são paranóias suas.
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- 𝓘n Love With a Celebrity .
FanfictionLee Felix é um garoto de 22 anos que acabou de terminar sua Graduação em Administração, e agora não sabe muito bem o que fazer em seguida na sua carreira, mas após ver um anúncio que estão procurando staffs para a nova filmagem de um k-drama, e como...