Casual

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"And I try to be the chill girl that
Holds her tongue and gives you space
I try to be the chill girl, but
Honestly, I'm not", Casual, Chappell Roan.

- Ela falou com você hoje? - Beatriz perguntou, abrindo um pacotinho de cookies integrais.
- Não. - Amélia falou, chateada.
- Eu já te falei, você deveria largar ela de mão. - Dessa vez, quem falou foi Julia.
- Ah, mas ela estava com as amigas dela. Ela nem deve ter me visto. - Beatriz a encarou indignada.
- Você está com a gente o tempo todo, e ainda assim dá pelo menos um aceno de mão. A gente está te falando, amiga, sai dessa! - Julia concordou, balançando a cabeça.
- Isso não vai dar certo, você vai acabar machucada no final. - Julia deu tapinhas amigáveis no topo da cabeça de Amélia, como consolo.
- Mas ela realmente gosta de mim, vocês só nunca viram a forma que ela me trata. - Ela insistiu.
Beatriz quis dizer algo a mais, mas Julia sinalizou para não dizer nada. Não adiantaria nada.
Então o sinal tocou, elas se levantaram da escadaria do corredor, indo para a sala de aula. Quando chegaram, a sala ainda estava meio vazia, mas aos poucos os alunos foram chegando. Havia lugares para as três sentarem juntas, mas Amélia insistiu para as duas sentarem em uma classe em dupla, ela queria guardar lugar para Camila.
Quando ela entrou na sala, todos os sentidos de Amélia se aguçaram. Seus cabelos escuros levemente ondulados e brilhosos, o olhar amendoado e a franja um pouco abaixo das sobrancelhas, quase cobrindo uma pinta na ponte do nariz, essa garota fazia o coração de Amélia palpitar mais forte.
Amélia acenou para Camila se sentar com ela, Amélia até tirou sua mochila do lugar guardado ao seu lado, mas Camila apenas olhou, e então passou reto, se sentando no fundo com suas amigas que já estavam na sala. Amélia não entendeu sua atitude, achava que elas estavam fluindo bem, mas então Camila simplesmente age como se elas não fossem nem conhecidas. A garota se encolheu em seu lugar, pensando se havia feito algo de errado, onde havia errado.
"Será que fiz algo que a incomodou? Será que ela não gostou de eu não ter feito o que ela queria? Será que eu estou sendo sensível demais?", era o que ela pensava.

A aula finalmente havia acabado, todos correram para sair da sala, inclusive Amélia, mas antes que se afastasse muito, alguém puxou seu braço, a impedindo de continuar andando. Quando se virou para ver quem era, era ela.
- Camila! Oi. - Ela falou.
Amélia esqueceu que estava magoada, esqueceu que havia sido ignorada, nada parecia importante quando Camila se concentrava totalmente nela. Mas então viu suas amigas no outro lado do corredor, a olhando com reprovação por se contentar com tão pouco, então se lembrou do tempo que levou pra prestar atenção na aula, porque sentia que seu coração tinha sido pisoteado.
- Você não sentou comigo na aula... - Camila franziu as sobrancelhas.
- Eu já havia combinado de sentar com Marina e Laura.
- Mas você também me ignorou o dia todo hoje. - Camila suavizou sua expressão.
- Você sabe, a gente não pode ficar juntinhas na escola, vão achar que a gente é um casal - Amélia não estava entendendo sua linha de raciocínio, não era isso que elas eram? - Então as pessoas vão fazer perguntas, vão espalhar coisas, ninguém pode saber disso, entende? - Amélia se sentiu aliviada, mesmo que não quisesse esconder o que elas tinham.
- Entendo. - Camila sorriu.
- Quer dormir na minha casa hoje? - Amélia imediatamente acenou com a cabeça.
Com isso, Amélia esqueceu toda a dor que sentiu antes, esqueceu as dúvidas. Camila não estava magoada com ela, afinal.

Ela estava destrancando o portão bege de sua casa, a tinta dele já havia descascado. Então as duas entraram na casa de Camila, que puxou Amélia escada acima e a levou para seu quarto. Amélia notou que o quarto todo tinha o cheiro de Camila, seu quarto cheirava a framboesa. As paredes eram bem pintadas em tons de azul e rosa, nada extravagante, mas sim bonito. Havia um toca discos em cima da mesinha de canto, seus discos de vinil estavam guardados em uma caixa embaixo da mesinha. Antes que Amélia pudesse continuar a observar o quarto de Camila, essa se jogou em cima da cama, então chamou Amélia para se deitar ao seu lado. E assim fez, ela sentiu que tinha deitado em nuvens, a cama era macia, os edredons cinza claro eram macios também e seus travesseiros tinham seu cheiro.
Camila se virou na direção de Amélia, que tinha os braços cruzados em cima da barriga e o rosto virado para Camila.
- Eu amo a cor do seu cabelo. - Sua mão colocou uma mecha de cabelo pra trás da orelha de Amélia.
Essa sentia o corpo leve e o coração agitado. "Ela gosta da cor do meu cabelo!".
- Ele tem cor de ameixa. - Seu rosto desceu para seu pescoço - E você tem cheiro de amora. - Então Camila levantou o rosto.
As duas ficaram cara a cara, então seus rostos foram se aproximando, e se aproximando. Quando Amélia percebeu, seus lábios já estavam colados, a sensação foi boa. Elas se afastaram por um mísero momento antes de se beijarem novamente, de verdade dessa vez. Camila segurava sua nuca com uma mão, seu corpo todo estava quase em cima do de Amélia, que segurava seus ombros. A boca de Camila era macia e quente, a forma que seus lábios se encaixavam parecia magia, e ela nunca se sentiu tão viva. A outra mão de Camila foi de encontro a sua cintura, apertando de leve, Amélia se arrepiou.
- Eu amo sua boca.
- Eu amo você.
Elas falaram entre beijos, ao mesmo tempo.
- O quê? - Camila parou de beija-la e levantou o rosto para a olhar.
- Eu amo beijar você, foi isso que eu disse. - Amélia mentiu.
- Ah é? - Ela se aproximou novamente, suas bocas a centímetros de distâcia, que logo foram quebrados.
Beijos e mais beijos, Amélia sentia que estava pegando fogo, Camila desceu a mão que estava em sua cintura para seu quadril, e então desceu para sua coxa, que foi subindo pela parte interna.
- Espera - Amélia falou, a empurrando de leve pelos ombros - O que você tá fazendo?
- Você sabe o que eu tô fazendo. Não quer? - Camila perguntou, afastando sua mão devagarinho.
- Eu quero, mas... - Camila a interrompeu.
- Relaxa, você vai gostar disso. - Então ela abriu o zíper e tirou o short de Amélia, sua boca desceu para o pescoço dela, sua mão a acariciava, e Amélia se sentiu nas nuvens enquanto tentava prestar atenção na constelação que havia pintada no teto do quarto de Camila.

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