Capítulo 1: Sangue inocente

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O sol da manhã, pálido e hesitante, mal conseguia romper a névoa que pairava sobre a aldeia de Willow Creek. Leander Herbestone, um jovem de vinte anos com olhos azuis penetrantes e cabelos castanhos rebeldes, observava a paisagem cinzenta através da janela de sua humilde cabana. A fumaça da lareira, carregada pelo vento frio, dançava preguiçosamente, como se também estivesse entediada com a monotonia da vida em Willow Creek.

A cabana de Leander, construída de madeira escura e coberta de palha, era típica das outras casas da aldeia. Pequena, com apenas dois cômodos, abrigava sua família: sua mãe, Agnes, uma mulher de rosto cansado e mãos calejadas, e seu irmão mais novo, Thomas, um menino de dez anos com olhos brilhantes e um sorriso contagiante.

A aldeia, aninhada entre colinas verdejantes e um rio sinuoso, era um lugar pacato, quase esquecido pelo mundo. As casas, modestas e agrupadas, pareciam se curvar sob o peso da fortaleza de pedra que dominava a paisagem. A fortaleza dos Tuhry, imponente e ameaçadora, erguia-se sobre a colina mais alta, como um gigante adormecido, vigiando a aldeia e os campos ao redor.

O clã Tuhry, que governava a região com punho de ferro, impunha pesados tributos aos aldeões, deixando-os à beira da pobreza. A maioria dos homens jovens, como Leander, era obrigada a trabalhar nas minas de ferro da fortaleza, em condições precárias e perigosas, além do mais, os soldados da guarda se sentiam no direito de sequestrar e estuprar as mulheres da aldeia, o qual esses diziam não se conter com apenas as as meretrizes do beco do fedor.

A vida em Willow Creek era dura, mas Leander tinha esperança. Ele sonhava em escapar da sombra da fortaleza, e levar sua família para um lugar melhor.

Mas, por enquanto, Leander se contentava em observar a névoa se dissipando, revelando o céu azul e a promessa de um novo dia. Ele sabia que a vida em Willow Creek não mudaria da noite para o dia, mas ele também sabia que o destino estava em suas mãos. Ele era Leander Herbestone, e ele não se curvaria à opressão. Ele lutaria por sua liberdade, por sua família, por um futuro melhor.

E, enquanto o sol finalmente banhava a aldeia com seus raios dourados, Leander saiu de casa e seguiu o caminho para as minas de ferro, deixando sua família que ainda dormia.

O sino badalava, o que alertava que já era hora dos trabalhadores voltarem para suas casas. O cheiro de carvão impregnava as roupas de Leander, suas mãos estavam rachadas e negras, seu corpo doía. Mas, ao menos, ele tinha um pouco de dinheiro. Dinheiro para comprar pão, para talvez, quem sabe, um pedaço de carne. Ao chegar na avenida principal da cidade, ela o recebeu com um abraço fétido. O ar, denso e carregado, era uma mistura nauseante de fumaça, urina e excrementos. As ruas, esburacadas e lamacentas, transbordavam de lixo e dejetos. As casas, maioria de madeira escuras e desbotadas, pareciam se curvar sob o peso da pobreza e da miséria.

Atravessando a praça central, ele viu o que era um espetáculo grotesco e comum: os guardas e soldados, bêbados e escancarados, se entregavam a meretrizes em plena luz do dia, sem qualquer pudor. O cheiro de álcool e suor se misturava ao fedor da cidade, criando um aroma nauseante que o fez querer vomitar.

Mas, de repente, um barulho alto e ensurdecedor o fez parar, olhou para o tumulto que estava no meio da praça central, uma multidão agitada e furiosa. Curioso, ele se aproximou, empurrado pela multidão. No centro da confusão, um corpo jazia no chão, cercado por pessoas que gesticulavam e gritavam.

Seu coração disparou. Uma sensação de pavor o congelou. Com dificuldade, ele abriu caminho entre a multidão e, então, viu. Era seu irmão, o rosto desfigurado, os olhos arregalados, uma placa com a palavra "Ladrão" pendurada em seu pescoço e sem suas pequenas mãos, onde ambas eram vistas separadas do braço no chão à frente do corpo sem vida, pintando chão de vermelho carmesim. O comandante, com um sorriso cruel nos lábios, observava a cena, até quebrar os ruídos dos aldeãos: "Esse garoto foi pego roubando uma fruta do mercado essa manhã e esta é sua punição, mereceu perder sua mão e vida, um aviso à todos cidadãos de Willow Creek!!!" A voz rouca do comandante Ecou pela mente do rapaz que olhou horrorizado o corpo de seu irmão sem vida.

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⏰ Última atualização: Aug 16 ⏰

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