Hinata estava bolado.
– Vocês são péssimos amigos, sabiam disso? – ele disse, descontente, para os amigos que comiam com ele na grande mesa redonda durante o intervalo das aulas da faculdade.
– Não fala assim, Shoyo! Você que demorou muito pra perguntar pra gente – Nishinoya, um dos melhores amigos de Hinata, se defendeu enquanto mordia seu hambúrguer.
– Se tivesse sido mais rápido... Na próxima, quem sabe? – Yamaguchi sorriu, tentando confortar o amigo.
Shoyo bufou.
– Péssimos amigos.
– Eu poderia te ajudar – Tsukishima se pronunciou, passando um dos braços pelos ombros de Yamaguchi, seu namorado. – Mas eu não quero – sorriu debochado.
– Você é só péssimo, mesmo, sem a parte do amigo – Hinata retrucou, terminando de beber seu refrigerante.
– Que bom que entendeu.
Mas mesmo as provocações do Kei ou a desculpa de Yamaguchi não tiravam Shoyo de seu atual problema. Hinata respirou fundo.
Ele tinha um trabalho pra fazer que, de verdade, fazia jus ao nome trabalho, tamanha dificuldade pra conseguir resolver. E a tarefa em si nem era o problema, mas sim achar alguém pra conseguir ajudar.
Hinata cursava Artes Visuais, e o professor da matéria de Estudo de Observação havia passado um trabalho na qual os estudantes deviam achar um modelo e fazer três retratos diferentes, na posição que eles quisessem, mas uma obrigatoriamente deveria ser de perfil. Isso não era difícil pra ele, o difícil estava sendo achar alguém pra ser seu modelo, e Shoyo contava com seus amigos, mas eles já haviam aceitado o convite de outras pessoas que chegaram antes dele.
Se não tivesse se distraído com Kageyama Tobio no corredor, talvez tivesse chegado a tempo suficiente... E se ele...?
– Por que você não pede pro Kageyama ser seu modelo? – Nishinoya às vezes parecia ler sua mente. – Ele meio que te deve essa, né?
– Ué, como assim? – Hinata questionou.
– Tipo, você só não conseguiu falar com a gente rápido porque tava parado no corredor babando por ele, não é? – Noya esclareceu.
– Talvez...
– Nem disfarça – Tsukishima fingiu uma tosse seca, ganhando um revirar de olhos vindo de Shoyo e um tapinha de Yamaguchi.
– Então, é meio que culpa dele por fazer você ficar lá igual um bobo admirando ele. Ele te deve essa! – Nishinoya concluiu.
Bem, ele tinha um ponto muito bom, Hinata concordava. O problema é que Kageyama não sabia que Shoyo era completamente na dele, então tecnicamente ele não poderia cobrar isso sem parecer um esquisitão.
– Seria estranho. Ele nem sabe que eu sou afim dele – disse, tristonho.
– Um oftalmologista talvez resolvesse – Tsukki alfinetou. – O cara não enxerga o que tá debaixo do nariz dele.
– Dessa vez eu preciso concordar com o Tsukki, Shoyo – Yamaguchi disse. – Meio que todo mundo percebe só pela forma que você olha pra ele.
– É, cara, até o pessoal do curso dele percebeu, e olha que a galera de Educação Física é só "Pega a bola! Pega a bola!" – Nishinoya imitou como os estudantes se comportavam durante as aulas práticas e deu risada.
– Ainda assim, é meio estranho chegar do nada pedindo isso – o ruivo concluiu.
– Oferece alguma coisa pra ele em troca! – Tadashi deu uma ideia enquanto brincava com os pelinhos da manga do moletom de Tsukishima.
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I Can't Control It
FanfictionUma salinha de guardar materiais de Educação Física, um palco de teatro, um trabalho de Estudo de Observação: esses foram os pilares que construíram a relação à moda antiga de Hinata e Kageyama.