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Sasuke

Sinto um frio na espinha ao adentrar o local.

É como se várias almas estivessem vagando pelos corredores escuros. Almas amarguradas, destruídas e solitárias. Almas que buscam vingança por acontecimentos passados.  Assim como eu.

Um silêncio perturbador assombra o local. As vezes sons de goteiras, outras vezes os sons dos nossos passos ecoando pelas paredes vazias, velas colocadas nas paredes são a única fonte de claridade, dando um ar macabro. Mas ainda sim, não temo o que tem no escuro.

Nada me assombra mais do que aquele dia.

Estou o seguindo a alguns minutos, mas, parece que nunca saímos do lugar, um local com várias bifurcações, portas distribuídas de formas aleatórias, iluminação precária... Espero não me perder nesse local.

Suspiro.

Kabuto para em frente a uma porta, ele a abre cuidadosamente, como se temesse o que tem lá dentro. Não sinto chakra algum. Está escuro lá, mas parece ter uma pequena fonte de luz, pequena e estranha. Ele entra na sala, me deixando nesse corredor.

Ou eu entro, ou eu entro.

Paro de frente a porta e dou um passo. Meus olhos analisam o local, a escuridão não atrapalha muito. Vejo um brilho em algum lugar, mas antes que eu pudesse reagir. Algo, digo, alguém me prende na parede.

Sinto uma lâmina afiada em meu pescoço. Um leve aroma de Rosas, e logo uma risada anasalada feminina. Logo a luz se acende. Meus olhos se fecham bruscamente pela iluminação. Vou os abrindo com calma e lentamente tenho visão da figura em minha frente.

Uma garota. Cabelo solto e longo, liso e escuro, seus traços são finos, pele clara e bochechas levemente coradas. Sua boca é avermelhada e incrivelmente delineada. Seus olhos escuros me encaram com intensidade, buscando cada detalhe de meu ser. Provavelmente tem a minha idade. Ela tem um leve sorriso e logo uma sensação me corrompe.

Eu conheço ela de algum lugar.

Meus olhos vão para a sala. Parece uma biblioteca, várias estantes com livros, duas mesas redondas com algumas cadeiras de madeira simples. Em uma das mesas vejo um pano branco, sujo com algum líquido vermelho.

Kabuto está nos olhando, ele está ao lado do interruptor — provavelmente foi ele que acendeu a luz —. Ele nos encara como se quisesse sorrir, mas se segurando para não o fazer. Escorado na parede ele respira fundo.

Sinto a lâmina fria contra a minha pele. Meu olhar volta a se encontrar com o dela. Agora ela não está sorrindo. Seu rosto está sério.

— Está muito calmo para alguém que pode morrer a qualquer instante. — ouço sua voz pela primeira vez, uma voz delicada que se encaixa perfeitamente a aparência dela, mas mesmo assim me faz ter um arrepio na espinha. E de novo o mesmo sentimento.

De onde eu a conheço?

Eu a encaro e dou um leve sorriso.

— Não tem coragem de me matar. Não pode. — digo enquanto a olho. A lâmina fria contra a minha pele quente. Qualquer movimento minimamente errado, minha garganta pode ser cortada. Um corte superficial, ou não.

Ela olha para a lâmina e para meus olhos respectivamente.

— Como pode ter tanta certeza? Nem me conhece.

— E por que me mataria? Também não me conhece. — retruco, não espero que ela me solte por isso, mas é engraçado.

— Conheço o suficiente de você, Uchiha. —  Nunca vi meu nome ser pronunciado com tanta... posse?

Olho para Kabuto e ele suspira. Logo andando até nossa direção.

— Solte o Sasuke-kun. — Ele ordena.

Ela me encara e respira fundo. Seus olhos intercalando do meu pescoço —mais especificamente, onde está a marca da maldição — e meus olhos. Ela afunda a espada um pouco mais sobre a carne do meu pescoço dando um leve corte no local, um arranhão, não muito fundo, mas ainda sim sangra um pouco.

Ela coloca a ponta da katana no chão e se apoia levemente sobre a espada a usando como um apoio. Ela inclina levemente a cabeça para o lado e me encara da cabeça aos pés. Faço o mesmo com ela.

Ela usa uma blusa preta justa e que cobre ambos os braços, uma calça preta com vários bolsos. A bainha da espada na cintura.

Passo a mão sobre o corte no pescoço e suspiro.

— Qual o motivo dessa vez? — diz o Kabuto enquanto para ao lado dela.

Ela da uma leve risada anasalada

— Gosto de carne nova. Ainda mais quando tem uma coisa com que me interesso nela...— ela fala calmamente. Como se pensasse muito sobre cada letra que sai de sua boca. As palavras dela pairam no ar.

Eu a conheço. Mas não sei de onde...

— Uchiha Sasuke. Esta é a Norin Maitay. — Kabuto a apresenta a mim. Não me parece um nome familiar.

Ela suspira e anda até uma das mesas, a que está com um pano sujo de sangue, presumo. Ela pega o pano e limpa a lâmina da katana que estava minimamente suja com meu sangue. Ao terminar ela coloca a espada na bainha e a deixa nos quadris.

Kabuto, que me apresentava todo o esconderijo norte. Explica que esse local é uma das cinco bibliotecas desse esconderijos. Uma das que mais tem livros especializados em jutsus.

Por que caralhos não fazem apenas uma biblioteca?

— Kabuto. Em que ala fica o dormitório dele? — Maitay pergunta enquanto anda em direção a porta do local.

—B2 sul. — Kabuto responde com certa hesitação na voz.

Maitay suspira.

— O que isso significa? — pergunto a olhando.

— Que é ao lado do meu. — ela diz e da as costas saindo da sala. O silêncio fica desconfortável. E logo olho para Kabuto, sinto uma pontada na marca da maldição em meu pescoço, minha visão fica turva e meu virou fraqueja.... Desmaiei.




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N.a.: Se gostou, por favor deixe uma estrelinha para eu postar os próximas capítulos!

Lembrei-me De Você | Uchiha Sasuke | Em AndamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora