Realmente insuportável

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- Puta que pariu, que inferno.

5h20 foi o horário que vi ao pegar meu celular embaixo do travesseiro. Hoje é segunda, o pior dia da semana, e eu poderia passar horas enumerando os muitos motivos que me fazem odiar esse dia, mas o principal deles é saber que ainda faltam 5 dias de aula para o próximo final de semana, 5 dias lidando com o pessoal insuportável daquela escola.

Levantei da cama e fui direto tomar banho, passei bons minutos no chuveiro, pensando em como eu provavelmente vou ouvir merda por ter chegado em casa tarde ontem, ainda mais hoje sendo uma segunda, o único dia que meu pai vai mais tarde para o trabalho, e esse com certeza é mais um dos motivos que me fazem odiar esse dia.

Passei um tempo me arrumando como de costume, saí do meu quarto perto das 6h30 e me sentei à mesa, já sabendo exatamente o que iria ouvir ao ver meu pai e minha mãe me encarando.

- Jimin, bom dia. - meu pai disse enquanto mordia uma maçã. Ele tem esse costume de sempre comer alguma fruta no café da manhã.

- Bom dia, pai. Bom dia, mãe. - forcei um sorriso. Minha mãe não reagiu, apenas continuou a tomar o seu café.

- Filha, você sabe que eu e sua mãe não gostamos quando você volta tarde aos domingos. Estou cansado de chamar sua atenção em relação a isso. - suspirou enquanto me encarava e voltou a falar - Seus amigos são péssimas influências e eu já estou farto de falar sobre isso.

Eu sabia exatamente a quem ele se referia.

- Eu sei, pai. Meu celular descarregou e eu não consegui olhar a hora. - menti. Eu nunca teria coragem de falar que só não queria voltar para casa - Não se preocupem, não vai se repetir.

- Realmente não vai. - minha mãe finalmente falou - Não deixarei que saia durante os próximos finais de semanas, ainda mais com aquela garota. - referiu-se à minha melhor amiga, Aeri Uchinaga.

Eu e Aeri somos amigas de longa data, meus pais nunca foram com a cara dela por acharem ela "soltinha" demais. Honestamente, não sei o que seria de mim sem Aeri. Ela sempre esteve comigo, e mesmo sabendo disso, meus pais continuam com essa birrinha com ela, realmente um saco.

- Certo, mãe. - assenti, como sempre faço, sabendo que não tenho outra opção mesmo.

Meus pais sempre foram meio fechados, as pessoas costumam ter medo do meu pai. Afinal, ele é policial e sempre foi rígido comigo. Já a minha mãe, bom, ela é jornalista, sempre se importou com status e com a opinião dos outros.

Desde que comecei a andar com Aeri, ela sempre reclamou. Minha amiga não é lá das pessoas com maior bom senso do mundo, minha mãe diz que ela ainda vai me colocar em algum problema grande, mas não costumo me importar muito com o que minha mãe diz sobre ela.

Passei alguns minutos com eles. Ambos conversavam sobre seus problemas no trabalho, mal olharam para a minha cara, e eu mal encostei na comida. Não senti a menor vontade de comer, então só levantei da cadeira, me despedi dos dois e fui até o quarto buscar minha mochila.

Às 6h50 saí de casa. A escola é relativamente perto, então sempre vou andando, e como de costume, passei na casa da Aeri. Quando cheguei, ela já estava me esperando na porta.

- Porra Rina, 'cê demorou muito hoje. - Ela disse, caminhando em minha direção e me empurrando de leve. Aeri vestia o uniforme da escola, obviamente usando a menor e mais curta saia disponível no estoque da escola, usava a típica roupa escolar coreana, com gravatinha e aquele quase terninho azul.

- Se fode - respondi a empurrando de volta - Eu levei reclamação de novo por voltar tarde, e agora minha mãe disse que não posso sair contigo nos finais de semana.

Talvez seja boato - WinrinaOnde histórias criam vida. Descubra agora