(✓) THE 8 SHOW - número nove.

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K I N A — 09

Tento ignorar todos os sentimentos que a mentira do Sete me causou. Ele mentiu pra mim, disse que votou nulo, mas esse voto foi da Dois. Essa mentira só me fez ter mais certeza de que ele votou no Três.

Ele votou em um amigo dele, imagina o que sobra pra mim.

Meu objetivo era comer e ficar o resto do dia no quarto. Temos mais de cem horas, bem mais graças ao beijo de ontem, e não precisamos nos esforçarmos para ganhar mais tempo, então hoje seria um dia livre.

Seria.

— Bom dia. — falo para o Um e pra Dois. Ela usa um chapéu de papel, muito fofo por sinal — Você tem um novo estilo?

— O Um fez pra mim. — olho para ele e vejo um sorriso nos seus lábios.

— Você quer um? — ele pergunta sorridente.

Antes que eu pudesse responder um "sim", uma pequena confusão se inicia.

— Qual é o seu problema? Do que que 'de tá falando? — a Quatro pergunta pra Oito que está deitada como sempre.

— O que houve? — o Três pergunta. O Sete chega do seu lado. Me seguro para não revirar os olhos.

— Eu vim aqui pedir o cartão dela pra usar o banheiro, mas ela disse que não! — ela fala indignada e a Oito permanece intacta.

— Ela é ridícula. — falo baixinho, mas o Um e a Dois escutam.

— Ela é. — a Dois concorda.

— Com a votação, a gente combinou que seu quarto das oito até as meia-noite seria o banheiro. — a Cinco fala de um jeito calmo — Não me entenda mal, é que eu imaginei que tivesse entendido errado.

— Não...eu entendi tudinho. Eu sei o que foi combinado.

— Então me dá o seu cartão! — a Quatro fala.

A Dois se levanta e eu e Um vamos atrás, até a Quatro e a confusão toda.

A Oito se levanta, ignora e vai para um canto, mas nós vamos atrás

— Oito, a gente 'tá no mesmo barco, então vamos colaborar, né.

— Você disse no mesmo barco?! — ela pergunta com sarcasmo e a Cinco faz que "sim" — É por isso que não pode ser legal com todo mundo. Tchau! — ela sai desfilando.

Um grande burburinho começa de pessoas reclamando, incluindo eu.

— Calma gente. É que não é uma ideia tão fácil de aceitar. — o Um pede calma — Vamos dar um tempo pra ela.

— Hoje não tem banheiro. — falo.

Desisto de bater cabeça com as maluquices da Oito e vou para o meu quarto. A comida chega em alguns minutos e eu mando elas para o oitavo andar.

[...]

Passo dois dias seguidos no quarto, incapaz de olhar pro rosto de qualquer pessoa daqui. Achei que iria aguentar ficar no meu quarto mais tempo, mas é impossível. Nesses dois dias todos ficaram em silencio, quase não escuto barulhos.