o começo de tudo

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Nunca imaginei que uma cidade pudesse me trazer tantos problemas, mais impossível ainda seria imaginar que essa mesma cidade seria responsável por também me trazer o que poderia ser a vir o caso mais importante de toda a minha carreira.

Vamos aos detalhes importantes.

Noxville é uma cidade descrita por muitos como pequena ou média, com cerca de 50.000 habitantes, cercada de uma paisagem de lagos e florestas densas, a atmosfera de Noxville é de um lugar que parece pacato à primeira vista, mas que, ao ser explorado mais a fundo, revela sombras do passado, mistérios não resolvidos e uma comunidade que guarda seus segredos a sete chaves.

Comunidade essa que traz muita diversidade, uma mistura entre gerações que nunca pensaram em deixar o local, e pessoas que chegam até ali procurando pela paz que a cidade promete. Há uma mistura de classes sociais, com uma elite que controla parte dos negócios locais e uma classe trabalhadora que mantém a cidade funcionando. Os moradores de Noxville são reservados, e as fofocas correm rápido. Existe uma certa desconfiança de forasteiros, mas ao mesmo tempo, há uma fachada de hospitalidade.

A cidade experimenta as quatro estações de forma bastante distinta. Os verões são amenos, com temperaturas médias entre 20-25°C, e são a época de festivais locais e atividades ao ar livre. O outono é conhecido por suas cores vibrantes, com as folhas das árvores que cercam a cidade criando uma paisagem deslumbrante. O inverno traz neve moderada, cobrindo a cidade com um manto branco e frio, baixando as temperaturas para cerca de -5 a 5°C, enquanto a primavera traz um renascimento vibrante da flora local.

E foi em um desses festivais que tudo começou, onde eu, que confesso, nunca havia sido levado muito a sério na corporação, finalmente havia sido nomeado como responsável por resolver um caso que vinha assombrando silenciosamente as pessoas da cidade, e trazendo uma visibilidade midiática muito maior do que a que gostaríamos, pelo menos é claro, naquele momento.
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A brisa do início de verão soprava suavemente pelas ruas de paralelepípedo do centro de Noxville, agitando as bandeirolas coloridas que atravessavam a praça central. O som de risadas e música folclórica se misturava ao crepitar distante de uma fogueira, enquanto a comunidade se reunia para o tradicional Festival da Colheita. Era um evento anual, que marcava a transição entre o plantio e a colheita, uma celebração que, embora simples, trazia um brilho especial à cidade. As famílias ocupavam os bancos de madeira dispostos ao redor da praça, crianças corriam entre os adultos, empunhando balões e maçãs do amor, enquanto os mais velhos contavam histórias e observavam com olhos nostálgicos. O grande carvalho, no centro de tudo, parecia ter testemunhado gerações inteiras se encontrando e se despedindo sob suas folhas. E, naquele ano, o carvalho parecia observar, em silêncio, o prenúncio de uma escuridão que se aproximava sorrateira.
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Respirei fundo enquanto andava pela cena do crime, não podia evitar de lembrar do clima que se estendia por toda a cidade apenas algumas horas antes, sem realmente acreditar que agora estávamos diante do que podia ser o mais macabro que já havia acontecido na história da cidade.

Diante de mim estava Laura Mendes, uma repórter investigativa que havia chegado a cidade alguns dias antes, pronta para o que aquelas baratas da cidade grande chamavam de furo de notícias, ela havia procurado a polícia afim de desvendar casos de corrupção que diziam acontecer por debaixo dos panos.

— É uma pena que você nunca possa contar o que acontece - eu disse enquanto me agachava ao lado dela, analisando uma última vez seu rosto, que havia sido tão lindo em algum momento, suas feições calmas não entregavam em nenhum momento o que ela podia ter passado em seus últimos momentos de vida

— comandante carver?

Me levantei assim que ouvi meu nome sendo dito, e ao me virar notei que um dos policiais estava acompanhado de uma garota nova, que não aparentava mais que seus 25 anos, que vestia uma calça jeans um tanto quanto apertada, uma camisa com um desenho que eu não sabia descrever naquele momento, um blazer básico, óculos de grau e cabelos soltos que desenhavam seu rosto.

— sim? - respondi depois de uns longos segundos de silêncio, que tornavam toda aquela situação mais vergonhosa do que precisava ser

— essa é Sophie Moreau, uma jornalista, ela diz que está aqui para cobrir o caso

Olhei novamente para a garota que agora estendia a mão para mim, com novos olhos a partir daquele instante, odiava jornalistas e suas matérias sensacionalistas. Ignorando totalmente a mão que ela me estendia, disse de forma um tanto quanto seca

— É um prazer sophie, mas o caso segue em sigilo e nós não falaremos com a imprensa, peço que se retire, isso é uma cena de crime e qualquer coisa pode contaminar possíveis provas

Já começava a me distanciar novamente quando pela primeira vez a garota a minha frente decidiu que seria a vez dela de falar, sem se importar com quem eu era ou o que eu estava fazendo

— ouvi dizer que gosta de trabalhar sem distrações carver, pensei em me apresentar pessoalmente e garantir que minha presença não seja uma dessas. prometo não atrapalhar... muito - o sorriso irônico estampado em seu rosto fez com que automaticamente eu voltasse meu corpo em sua direção, com uma sobrancelha arqueada e os braços cruzados - mas se mudar de ideia e quiser uma visão diferente sobre o caso, estarei pelas redondezas

Com isso, a garota me lançou um último olhar antes de dar as costas e se afastar, me deixando plantado lá, pela primeira vez, sem uma resposta adequada

— acho que essa aí vai ser problema comandante

Sai do transe, olhando em direção ao policial que ainda estava parado ali

— e você, volta ao trabalho, quero fotos de toda a cena do crime, é muito importante que nada seja alterado, a perícia logo vai chegar e o corpo será conduzido ao IML, precisamos saber o que aconteceu com essa garota o mais rápido possível, o tempo corre, e nós precisamos correr também.


Algumas horas depois, nada fazia o menor sentido, a garota morta não apresentava marcas aparentes, as únicas contusões visíveis eram aquelas que demonstravam que ela havia lutado para sobreviver, tentando evitar que o fim dela fosse aquele que nós víamos agora.

—  comandante carver

Um de meus homens estendia em minha direção uma folha, toquei nela com muita cautela, sem entender o que poderia conter aquele pedaço de papel.

Uma folha com símbolos que não faziam o menor sentido aos meus olhos, com somente uma única mensagem no verso, e que com certeza era a mais alarmante de todas.

"As vezes, a verdade se esconde naquilo que ignoramos. O próximo passo esta mais perto do que imagina, mas apenas se souber onde olhar".

O guardião das sombras

Nesse momento eu soube que esse caso não seria como qualquer outro, e que mesmo que levasse muito tempo, eu precisaria descobrir a verdade, e não conseguiria sozinho.

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⏰ Última atualização: Aug 03 ⏰

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