2 - Conto de fadas?

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A carruagem chacoalhava violentamente enquanto Jimin recobrava sua consciência aos poucos. Quando abriu os olhos, sua visão estava turva. Sua nuca doía demasiadamente no local onde fora atingido pela pancada. Após piscar algumas vezes e descobrir-se em um local escuro, porém com pequenas frestas que permitem a entrada de luz, ele levantou a cabeça devagar. Ao seu redor, identificou vários rapazes, de idades, tamanhos e cores diferentes. Eles estavam sentados todos amontoados no chão da carruagem, junto com Jimin.

Os olhos curiosos, porém sem esperança, de um rapaz miúdo, caíram sobre si com pena. Talvez ele tenha percebido que o jovem quadrinista não estava entendendo o que de fato estava acontecendo.

— Sinto muito. — ele sussurrou.

— O quê...? — Jimin o encarou, fitando as feições delicadas do rosto do garoto ao seu lado. Um pequeno brilho insistente incomodou seus olhos e ele acabou olhando para baixo, encontrando as mãos do jovem algemadas. O objeto de metal parecia pesado, maciço, sem correntes, apenas dois buracos que acomodavam as mãos. — Por que está algemado?

Com o péssimo hábito de ter as mãos mais ágeis que sua mente, Jimin esticou-as para ajudar o próximo e descobriu-se algemado também. Entrou em desespero.

— Meu Deus...! Onde estou? Cadê minhas coisas?

— Shh... — o rapaz inclinou-se em sua direção. — Se você gritar, eles entram aqui para nos bater.

Jimin engoliu com dificuldade. A dor em sua nuca o lembrou do que havia acontecido e como havia sido sequestrado durante a noite. Suas coisas, as que havia levado para o centro de convenções, ele pressentia que jamais as veria novamente. Estava em apuros, em um lugar desconhecido, sendo traficado. Era a única explicação que o seu cérebro havia encontrado para a sequência de fatos: cair no bueiro — de repente estar em uma estrada — ser sequestrado e trancafiado.

— O que está acontecendo? — ele indagou muito assustado.

— Eu também não sei direito, só sei que estou aqui porque meu pai precisava de dinheiro e me vendeu para estes dois mercadores. — respondeu o outro. — Você usa umas roupas esquisitas. De qual país você é?

Jimin olhou para sua blusa com a estampa do Batman apontando o dedo indicador para frente com os dizeres: "Seja seu próprio herói" e sua calça jeans surrada e estranhou a pergunta. Não era óbvio?

— Estados Unidos.

O outro uniu as sobrancelhas em confusão.

— Nunca ouvi falar. Fica perto de onde?

— Fica entre o Canadá e o México... — quanto mais Jimin falava, pior ficava a expressão de confusão do rapaz. — Enfim, e de onde você é?

— Sou da vila de Merken, que fica ao norte da capital Lasputia, do reino de Koork. — ele respondeu todo animado, mas Jimin estava boquiaberto pois não conhecia nenhum daqueles nomes. Até porque eles não existiam no mapa mundi e nunca se teve nenhuma informação sobre eles. — Você não conhece? É o país dos dragões nômades, eles estão sempre migrando, tem templos enormes nas montanhas e vestem túnicas verdes.

— Dragões... — Jimin ecoou a palavra, chocado com o que aquela pessoa estava falando. — Mas... isso não existe.

Segundos depois, todos os garotos riram baixinho de sua ignorância, mas o jovem quadrinista não entendia o que estava acontecendo.

— Devem ter batido muito forte na sua cabeça. — o outro rapaz continuava rindo. — Então descanse. Em breve vamos todos saber o nosso destino.

Mas Jimin não conseguia descansar. Não sabia onde estava, que raios de lugar era aquele. Beliscou sua perna algumas vezes antes de descartar que era um sonho muito real e ficou desesperado. A carruagem chacoalhava muito, os garotos eram bem quietos e não chegavam nunca ao lugar onde deveriam chegar. Jimin já estava considerando roer os próprios punhos quando o barulho das rodas de madeira rodando na terra foi trocado pelo barulho delas rolando em pedra.

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⏰ Última atualização: Aug 01 ⏰

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