"Só mesmo o tempo pode revelar o lado oculto das paixões. O que se foi e o que não passará."— Eternamente, Gal Costa
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Ser artista é como assinar a própria dor.
Eu sei que talvez soe melodramático demais da minha parte, mas é isso mesmo. Ser artista — especialmente se em seu sangue correm glóbulos azuis e amarelos, verdes e brancos, num símbolo que pulsa em todo o corpo gritando para cada célula a necessidade de suar sua própria dor, paixões e frivolidades num papel, numa tela ou seja lá o que você faz — parece uma sina mortal.
Tudo bem, admito. Talvez eu estivesse mesmo me cobrando mais do que necessário para publicar algo que até mesmo Clarice Lispector se espantaria com tamanha perfeição de combinações silábicas, que tão pouco imprimiam àquele texto o seu devido caráter, mas o que eu poderia fazer? Como todo bom criador, eu precisava de um surto criativo se quisesse trazer vida àquele texto.
Também precisaria de uma dose considerável de remédio se quisesse suportar as dores de cabeça por ter virado mais uma noite olhando em direção ao computador em busca daquela palavra mágica que resolveria toda uma guerra interna.
Que ainda não consegui encontrar.
Pra variar!
Eu nem consegui dormir direito. Emendei a insônia com a leitura de alguns artigos sobre escrita criativa e só notei que acordei atrasada quando o despertador quase socou minha cara hoje de manhã. E ser babá, mesmo que de gente rica, era um negócio difícil pra caramba, principalmente quando apenas aquilo não resumia meu verdadeiro sonho de carreira.
Agora estou aqui, paralisada na cafeteria. Assim que Miguel — a criança mais linda e simpática do mundo que me adotou para além do título de cuidadora — adormeceu, logo após o fim do meu expediente, o entreguei novamente a sua queridíssima e verdadeira mãe, vindo para cá imediatamente. Mas ainda estou encarando a mesma tela de computador em cima da mesa e um copão de capuccino com bastante chocolate ao lado, procurando por aquela palavra maldita que eu não consegui encontrar noite passada.
Que droga!
Qual a melhor coisa para traduzir amor, mesmo quando você nunca chegou perto de senti-lo?
Okay, nem sempre as melhores palavras vem daquilo que realmente sentimos, às vezes eu até consigo catar uma história ou outra de um amigo aqui, outro ali, e transformar toda a bagunça numa outra bagunça, só que menos bagunçada e bonita. Tipo quando um casal de amigos brigam, e daí reatam, engolem as palavras antes proferidas sem pensar num beijo e tudo acaba bem, ou quando juntam as mãos rente à cama e pedem diligentemente aos céus para que aquilo não lhes atrapalhem em suas atividades — se é que me entendem.
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Enquanto Aprendia a Amar
FanfictionEntre tantos sentimentos que um verdadeiro artista pode deixar-se envolver, o amor parece ser o mais forte e sincero deles, mas não para Bela. Labelle publica seus textos no anonimato, sempre regados a melancolia da vida, quando se sente desafiada a...