World Of The Dead

Capítulo 8

Point of View: Emma Walter

Desço as escadas apressada e vou em direção a Alexia, que estava sentada no sofá de cabeça baixa ao lado de Brian. Paro em sua frente e me abaixo.

— Não precisa chorar, vai ficar tudo bem — digo, passando a mão pelos seus cabelos. Ela levanta a cabeça, me olhando com o rostinho vermelho pelo choro.

— Mamãe, o papai León não gosta de mim? — pergunta, com os olhinhos já se enchendo de lágrimas novamente. Olho para Brian nervosa, sem saber o que dizer. A dor na voz dela aperta meu coração, e eu me esforço para encontrar as palavras que possam acalmá-la.

— Ele não é seu pai Alexia, e você tem que se conformar com isso — Brian fala já indo em direção a cozinha, olho para a pequena e vejo pequenas lágrimas escorrendo por seu rostinho.

—Que tal você me ajudar com a horta? — Perguntei de maneira suave, tentando mudar de assunto e distraí-la. — Vamos colher algumas verduras e legumes para fazer uma sopa bem gostosa para você.

—Tá bom — Fala passando a mão no rosto para secar as lágrimas — Eu gosto muito de batatas — Fala já com um sorrisinho no rosto.

— Vamos — digo, passando meu braço pelo seu ombro e a puxando para mais perto de mim. Caminhamos lado a lado em direção aos fundos da casa, mas paro ao ouvir passos vindo das escadas. Me viro em direção a ela no momento em que León desce as escadas apressadamente, com a mochila às costas, indo em direção à saída da casa.

— Já vai sair? —  Pergunto apressadamente, antes que ele abra a porta, mesmo sentindo a raiva pulsar em mim. O olhar que lanço é de preocupação — Está escurecendo lá fora. — A tensão na minha voz é inconfundível.

— Não te devo satisfações! — Ele praticamente rosna as palavras dando-me  as costas e saiu, deixando um silêncio pesado no ar. Senti a pressão em meu peito, como se cada palavra não dita pesasse toneladas. .

— Idiota — Sussurrei . — Está tudo bem, querida, o León só está um pouquinho estressado — murmurei, tentando acalmá-la. — Agora vamos, porque já está quase escurecendo.

Fazem dois dias, exatamente dois dias que León não retorna. Estou começando a me preocupar, ele nunca ficava tanto tempo fora nas buscas. Ele realmente ficou furioso e eu não vou me desculpar por ele ter agido como um idiota babaca. Ele mereceu o tapa que levou e eu não me arrependo nem um pouco por isso, mas isso não faz com que me sinta bem por ter chegado a esse ponto.

A cada minuto que passava, meu desespero só aumentava. Quando percebi, as lágrimas já escorriam pelo meu rosto. Por mais que eu tentasse negar, no fundo eu já sabia: eu gostava daquele idiota. Não há nada que eu possa fazer para alterar essa situação. Só de pensar que algo ruim possa ter acontecido com ele, meu coração aperta e meu desespero só aumenta a cada momento.

Ouço sons de passos vindo da cozinha, viro-me pra olhar quem estava vindo em minha direção e reparo que é a Amber.

— Vá descansar um pouco, Emma — ela fala. — Não se preocupe, quando o León aparecer, eu serei a primeira a te avisar.

Apenas balanço a cabeça em confirmação e vou em direção às escadas, mas paro no meio do caminho assim que ouço o barulho do portão abrindo e fechando. Meu coração acelera, e a curiosidade me obriga a dar um passo para trás, sabendo quem acabou de chegar. E lá estava ele.

— León — Grito e corro o mais rápido que posso na direção dele, pulando em seu colo. Meus braços se enrolam em seu pescoço enquanto minhas pernas se prendem em sua cintura, sentindo seu calor e a segurança que ele me proporciona.

— Eu estava tão preocupada — falei aos soluços, enquanto me agarrava nervosamente em seu corpo. O medo ainda pulsava dentro de mim, e a sensação de alívio por tê-lo ao meu lado era esmagadora.

Quando dou por mim, estou o beijando, até perceber a merda que acabei de fazer ao sentir seu corpo enrijecer. Uma onda de pânico me invade, e rapidamente me afasto, buscando as palavras para explicar o inexplicável.

Quando o beijo se quebrou, o rosto de León estava a centímetros do meu. Seus olhos pretos queimavam sobre mim, trazendo um calor intenso, mas ao mesmo tempo ele parecia incomodado e irritado, como se estivesse lutando contra um turbilhão de emoções.

— O que você pensa que está fazendo? 
— Ouço-o rosnar.

— Desculpa, eu não... eu não — As palavras ficam presas na minha garganta. Rapidamente me desvencilho dele e, sem olhar pra trás, corro as escadas acima, em direção ao meu quarto, o coração acelerado e a mente confusa.

Entro no quarto e fecho a porta, me inclinando contra ela. Tenho certeza de que não conseguiria pensar em mais nada além do que acabou de acontecer. Levo minhas mãos até meus lábios, ainda sentindo o toque doce e inesperado daquele beijo. Meu coração dispara, e a mente roda em meio a lembranças e sensações. Como pude ser tão impulsiva? Mas, por outro lado, algo dentro de mim anseia por mais.

Me jogo na cama, tentando deixar meus pensamentos de lado, na esperança de finalmente ter uma boa noite de sono, algo que não experimento há dois dias.

Na manhã seguinte, o sol brilhava através das cortinas, iluminando o quarto com uma luz suave. Mesmo tendo passado horas revivendo os eventos da noite anterior em minha mente, levantei-me cedo e cheia de energia. Determinada a não cruzar com León, coloquei-me a tarefa de planejar meu dia, com cada passo cuidadosamente pensado para mantê-lo longe de mim.