Cap: 1 - A Primeira Vista

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Laura caminhava apressada pelo centro da cidade, tentando equilibrar um café na mão esquerda e uma pilha de livros na direita. Ela estava atrasada para sua aula de literatura e, com a mente distraída, não percebeu o homem parado na calçada até esbarrar nele, derrubando tudo no chão. O café se espalhou pelo asfalto, e os livros voaram em todas as direções.

— Desculpe! — exclamou Laura, abaixando-se rapidamente para pegar seus livros.

— Não foi nada — respondeu ele, também se abaixando para ajudar. — Me chamo Guilherme.

— Laura — disse ela, olhando diretamente nos olhos dele pela primeira vez. Seus olhos eram de um azul profundo, quase hipnotizante.

Enquanto recolhiam os livros, Laura notou que ele estava segurando um livro de arquitetura. Isso chamou sua atenção, e ela não conseguiu evitar um sorriso ao ver o contraste entre os livros de poesia dela e o livro técnico dele.

— Você estuda arquitetura? — perguntou ela, tentando puxar assunto.

— Na verdade, sou arquiteto. Estava revisando alguns projetos — explicou Guilherme, levantando-se com os livros dela nos braços. — E você? Professora?

— Sim, de literatura. Estava a caminho da escola, mas parece que meu café não vai chegar comigo — disse Laura, olhando para a poça de café no chão.

Guilherme riu, um som caloroso que fez Laura se sentir um pouco menos desajeitada.

— Posso te pagar um café novo para compensar? — ofereceu ele, apontando para uma cafeteria próxima.

Laura hesitou por um momento, mas a gentileza dele e a curiosidade em saber mais sobre aquele homem a fizeram aceitar.

— Tudo bem. Acho que posso adiar minha aula por alguns minutos — respondeu ela, sorrindo.

Eles entraram na cafeteria, e Guilherme pediu dois cappuccinos. Sentaram-se em uma mesa próxima à janela, onde o sol da manhã entrava, criando um ambiente acolhedor.

— Então, você gosta de poesia? — perguntou Guilherme, observando os livros empilhados ao lado de Laura.

— Sim, adoro. Acho que a poesia tem uma maneira única de capturar sentimentos e momentos — respondeu Laura, animada por falar sobre algo que amava.

— Gosto disso. Acho que a arquitetura e a literatura têm algo em comum: ambas procuram criar algo bonito e duradouro — comentou Guilherme, olhando-a com interesse.

A conversa fluiu naturalmente, como se eles se conhecessem há muito tempo. Laura descobriu que Guilherme tinha um escritório de arquitetura na cidade e que adorava desenhar projetos que combinassem funcionalidade e beleza. Por outro lado, Guilherme ficou impressionado com a paixão de Laura por ensinar e inspirar seus alunos com a magia das palavras.

— O que você estava lendo? — perguntou Guilherme, apontando para os livros dela novamente.

— São para uma aula sobre poesia romântica. Gosto de trazer algo diferente para meus alunos, algo que os faça pensar e sentir — explicou Laura.

— Isso é incrível. Acho que muitos professores não têm essa paixão. Você deve ser uma grande inspiração para eles — disse Guilherme, sincero.

Laura corou um pouco, surpresa pela sinceridade dele. A maioria das pessoas não entendia sua paixão pelo ensino e pela literatura, mas Guilherme parecia genuinamente interessado.

Quando perceberam, já havia passado mais de uma hora. Laura olhou para o relógio e percebeu que estava extremamente atrasada para sua aula.

— Acho que preciso ir. Meus alunos vão achar que eu os abandonei — disse ela, levantando-se rapidamente.

— Claro, não quero causar problemas no seu trabalho — respondeu Guilherme, também se levantando. — Mas eu adoraria continuar essa conversa. Posso pegar seu número?

Laura hesitou por um breve momento, mas algo nos olhos de Guilherme a fez confiar nele.

— Claro, aqui está — disse ela, escrevendo seu número em um guardanapo.

Eles trocaram números de telefone antes de se despedirem, ambos ansiosos pelo próximo encontro. Laura sentiu um calor no peito ao sair da cafeteria, uma sensação de que algo especial estava começando.

Enquanto caminhava para a escola, Laura não conseguia parar de pensar em Guilherme. Havia algo nele, uma combinação de charme e sinceridade, que a intrigava. Mal sabia ela que aquele encontro inesperado mudaria suas vidas de formas que ela nunca imaginou.

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