o seu voto me ajuda muito.K I N A — 09
Quando finalmente não mostramos mais nada, eles zeraram o tempo. Foi uma coisa tão simples e rápida de fazer que me arrependo por não ter feito antes. Teria evitado todo esse sofrimento, nervosismo e dor.
Sinto alguém me puxando pra fora do elevador e uma forte dor no meu pé. Quando sou colocada no chão, percebo que é o Sete. Ignoro qualquer tipo de ajuda que ele tenha para me dar e vou rastejando até próximo da piscina, procurando o Um.
— Eu só queria...chegar no topo. — ele fala com dificuldade — Estive no fundo do poço toda a minha vida. Um ninguém como eu não devia ser ganancioso.
— Fica com a gente. — Cinco pede chorando.
— Sinto muito...pela minha filha.
Levo a mão a boca, impedindo que vomite. O Sete se aproxima e segura meu ombro para não cair, deve ter perdido o equilíbrio ao escutar essa frase. Depois de segundos, o Um finalmente se cala.
Ele morreu.
— Aí, seus filhos da puta — o Três atira diversas vezes pra cima, mas nenhum de nós se abaixa com medo. Vendo que ninguém responde, ele caminha até a porta que se abriu, mas não volta. Com o tempo, todos vão atrás dele.
A Dois liberta todos os que estavam presos, depois chama a Cinco com muita dificuldade. É muito difícil sair de perto do corpo do Um, ainda mais depois de descobrir que ele tinha uma filha, e que agora ela vai crescer sem pai.
Vou até ele mesmo mancando e pego sua mão. É um adeus definitivo.
— Nove...— o Sete me chama choroso. Ele me puxa e me agarra em seu corpo. Mesmo estando com a perna machucada, ele me ajuda a ir até a porta. Quando chegamos lá, somente a Dois está nos esperando.
— Eles...não aguentaram ficar. — ela explica a ausência dos outros.
De repente, sinto meu corpo indo até o chão. Me ajoelho e escondo o rosto, que está coberto de lágrimas. Passamos dois meses aqui dentro, experimentando as piores sensações que um ser humano poderia sentir, e agora tudo se acabou.
Tudo.
[...]
Eu não me lembro ao certo como fui embora, se o Sete foi comigo ou se ele me deixou sozinha...eu não faço ideia, só me lembro de dormir muito, talvez por dias e dias.
Hoje foi o dia que eu finalmente decidi agir, levantar da minha cama, que por sinal é bem velha, já que estou na minha casa antiga, e movimentar o dinheiro que ganhei. O meu plano era contratar um investigador ou algo do tipo que me ajudasse a encontrar a família do Um, e dar boa parte do meu dinheiro a eles, mas eu não precisei fazer isso, porque alguém já fez.
Quando estava a caminho do banco, observei um outdoor convidando as pessoas para o funeral do Um, com o local e todas as informações necessárias. Eu entendi na hora, só podia ser alguém que participou do jogo, então fui sem pensar duas vezes.
— Só eu que vim? — escuto alguém falando de dentro do funeral. É um lugar bem grande e com flores bonitas. Como ninguém tem uma foto do Um, fizeram um desenho. Quando entro mais no lugar, percebo que a Dois está lá, e o Três também.
— Foi você, Três? — pergunto baixo — Ficou...muito bonito. Ele merecia.
Ambos concordam com a cabeça e só agora percebo que a Dois pintou o cabelo de preto.
— Não foi só vocês que vieram. — o Três nos guia até uma sala. A Cinco e a Quatro estão lá, ambas muito bonitas e arrumadas, bem diferente da última vez que as vi.
—Eu encontrei a família dele. — o Três fala.
— Sério? Como? — a Cinco pergunta.
— Eu fui procurar quando decidi fazer o funeral. Não tem muitos circos no país. — ele explica e todos nós voltamos para o dia de sua morte — Eles acharam que ele 'tava trabalhando fora do país, então...
— Como assim?
— Eu encontrei a esposa do Um. Segundo ela, um colega do Um tinha visitado ela. Foi aí que ele deu um cheque pra ela, com uma quantia pra ela nunca mais se preocupar com dinheiro.
— Mas quem era? — a Cinco pergunta.
— Ela disse que era um homem na casa dos trinta. Falava formalmente, usava óculos e tinha um cabelo arrumado e puxado pra trás. A Cinco sorri.
— Era o Sete. — sorrio fraco.
— Com licença, aqui é o funeral do Um? — um homem entra com uma grande coroa de flores. Ele vai até um canto, a deixa lá e sai andando casualmente. Nela está escrito "Seis. Minhas condolências."
— A julgar pelas flores, ele deve estar vivendo muito bem. — a Cinco fala visivelmente irritada.
— Achei que eram do Sete. — o Três fala desapontado. Obviamente está sentindo sua falta. Se a Dois não estivesse aqui, eu também sentiria.
— De repente ele não viu o anúncio. — a Cinco fala.
— Ele teria vindo se soubesse — falo —, ele foi até ver a família do Um.
Depois de um tempo em silêncio, apenas refletindo sobre tudo, eles decidem ir embora. Nós nem perguntamos como vai a vida, quais são nossos planos, ou qualquer coisa que envolva o futuro. Eles se despediram e saíram andando, cada um pronto para seguir seu caminho.
— Você não vem? — a Dois toca meu ombro. Agora estamos em frente ao desenho do um, sentindo saudade.
— Eu já vou. — ela concorda e se vira, pronta para ir embora, mas eu impeço. — Dois...você é muito importante pra mim, eu não quero...sabe...deixar você sumir.
Ela concorda com a cabeça e me abraça, depois tira um papel e uma caneta no bolso e escreve um número de telefone e o nome "Ha-na" em baixo, então deixo que ela vá.
Vou até a imagem do Um de novo e toco seu rosto. Fico imaginando como sua família está agora? Como sua filha vai crescer? Onde ele foi?
— Kina.
Suspiro fraco.
Só uma pessoa que conhece o Um sabe meu nome.
Sete.

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(✓) THE 8 SHOW - número nove.
Fanfiction[CONCLUÍDA] Kina se vê falida quando decide participar de um jogo maluco que consiste em sobreviver a um Reality Show com várias pessoas enquanto ganha dinheiro. Quando entra no jogo, sua vida se baseia no número 9 e em todos os segredos que ela gua...