Seus dedos finos se entrelaçaram aos meus, as palmas pequenas alinhadas juntas. Envolvi minha mão na sua, fazendo o contato das luvas acontecerem.
Mina usava uma luva azul de pelinhos que só se permitia usar quando estávamos nos arredores de casa. Sempre dizia que não poderia mostrar seu estilo cem por cento na companhia, pois seus colegas de trabalho não entenderiam a moda dela.
Mas eu sabia que ela tinha vergonha, vergonha de que descobrissem que sua cara fechada, com as palavras certas se tornava no mais lindo sorriso aberto. E que suas roupas neutras eram forjadas para o trabalho, mas que em dias de domingo ela usava seu pijama favorito de pinguins, com pantufas cinzas para combinar.
A mão aquecida balançava nossos braços para frente e para trás enquanto andávamos no terraço para nos sentarmos no banco de madeira que permanecia ali.
Não havia neve em Seul, mas o vento gélido fazia com que todos usassem roupas mais quentes. Minari largou a minha mão e correu para se sentar no banco, encostando e pulando do mesmo com a rapidez de um piscar de olhos.
— Está gelado — Ela disse rindo e puxando minha mão, me fazendo sentar primeiro para então se aconchegar em meu colo — Agora sim
— Está mesmo gelado — Falo cerrando os dentes e ela ressoa uma risada fraca
— Ainda bem que tenho você para me esquentar
Seus braços rodeiam minha cintura e seu maxilar se apoia em meu ombro. Os pés dela balançam conforme ela está sentada com as pernas para o lado em meu colo.
— O pôr do sol de hoje está mais frio — Digo para Mina
— Claro que está, tá seis graus
— Eu digo o tom das cores no céu, sua boba
Mostro a língua para a mesma que franze o nariz entrando na birra. Seu olhar se volta para o céu e se demora nas nuvens cinzentas, faço o mesmo, o sol não passando de um fraco contorno na imensidão azul desgastada.
— Meu pai me ligou ontem — Ela confessa baixinho
— O que ele disse? — Instintivamente passo meu braço por sua cintura, a mantendo mais perto do meu corpo
— Que ela ainda não quer falar comigo — Seus pés param de balançar
— E como você se sente sobre isso?
— Eu não sei — Ela suspirou forte e sua respiração forma uma fumacinha branca — Não deveria ser eu quem não deveria querer falar com ela?
— Parece que vocês trocaram os papéis, de um modo estranho
— Eu sei, estranho né? — Ela desencostou a cabeça do meu ombro para olhar para meu rosto
O olhar castanho e brilhante encontra minha íris e eu sorrio terna para Mina.
— Não foi eu quem se casou escondida em uma capella que não foi em Las vegas e não contou para a irmã mais velha, mas Momo age como se fosse
— Talvez ela só estivesse ressentida da sua reação, se antecipou e agora está com medo de como você vai tratar ela
— Sana, eu jamais trataria Momo mal, e ela sabe disso, fizemos uma promessa
— Eu sei, amor, mas mesmo assim, ela pode estar se sentindo assim
— E por qual motivo? Eu mesma teria dirigido o carro para que ela e Dahyun se casassem, mas ela esperou que eu estivesse em outro país para se casar
— Você queria tanto assim ver o casamento dela?
— Esse não é o ponto, o ponto é que pareceu que ela não me queria lá — Sua voz foi diminuindo com essa confissão e ela deitou a cabeça novamente em meu ombro
— Talvez ela não queria te deixar mal
— Mal como?— Sabe, sua irmã caçula se casando antes de você
Seu olhar afiado contornou meu lado esquerdo do rosto, mas eu apenas continuei admirando o céu, meus braços ainda em torno da sua cintura, o calor do corpo dela emanando para meus dígitos.
— Foi apenas uma semana de diferença
— Por isso mesmo amor — Viro meu rosto e troco um selinho com a minha esposa emburrada — Por nosso casamento ser grande, e talvez ela ter pressa de oficializar de vez as coisas com Dahyun, ela não contou, para não atrapalhar o nosso
— Ainda sim, ela está sendo boba
Um biquinho se formou em seus lábios e eu sorri para ela, vendo a jovem se aconchegar mais em mim. Seu corpo quente esquentando o meu naquela manhã nublada.
— Você quer que eu a obrigue a falar com você? — Arqueei minha sobrancelha e ela revirou os olhos — Então para de birra, não faz nem duas semanas que você descobriu isso
— Mas mesmo assim
— Minatozaki Mina, assunto encerrado, certo?
— Mas..
— Assunto encerrado ou eu terei que ligar para Hirai Momo agora?
— Assunto encerrado — Ela diz com cara feia
— Não adianta me olhar assim, gatinha brava — Beijo seu nariz
Ela encolhe os ombros com o toque, sua mão enluvada pousando na minha bochecha e me trazendo para perto de seu rosto.
— Assunto encerrado só se você me fizer uma xícara de chocolate quente
Arqueio a sobrancelha e ela ri fraco, beijando minha bochecha e se arrumando em minhas coxas para levantar.
O frio a chicoteia e ela se encolhe, olhando para mim e provavelmente pensando se continuamos ali ou se voltamos para casa.
Dou dois tapinhas em sua perna e ela se levanta, faço o mesmo a seguindo e nossas mãos se interligam novamente. Os passos de Mina são calmos em direção às escadas.
Não falamos muito durante o curto percurso até entrarmos no apartamento novamente. Assim que a porta se fecha eu vou para a cozinha e ela fica na sala, trocando seus sapatos por suas pantufas cinzas.
Ao fechar a porta do armário após pegar nossas xícaras favoritas sinto braços finos envolverem minha cintura, e uma mão quente subir pela minha barriga por baixo das camadas de roupa.
— Você falou em semanas eu eu acabei pensando em uma coisa
— No que? — Pergunto colocando as xícaras no balcão
O carinho calmo continua subindo e descendo pela minha pele alva, ela encaixa o queixo no meu ombro por trás de mim e fala baixo em meu ouvido.
— Duas semanas ainda parece pouco tempo para já ter acabado uma lua de mel de duas recém casadas
Sorrio com seu comentário ao colocar as xícara no balcão e me viro pronta para argumentar, mas seu corpo pequeno me encosta no balcão e seus lábios macios pressionam os meus.
Minhas mãos envolvem sua nuca e seu cabelo escuro se enrola em meus dedos. Suas mãos apertam meu quadril e o beijo me aquece internamente.O estalo dos lábios se separando me faz abrir os olhos, a falta do contato em minha boca cresce quando uma de suas mãos deixa minha cintura. A reclamação para na ponta da língua quando a vejo desligando o fogo aceso com o leite.
— Que tal bebermos nosso chocolate quente e então pensamos a respeito desse pouco tempo
Falo para a mulher que voltava a me olhar calorosamente com seus olhos felinos. O sorriso ladino desenvolve um nó em meu estômago, sendo puxado quando seu corpo se afasta do meu em direção a despensa para pegar o chocolate.
— Boa ideia, esposa.

VOCÊ ESTÁ LENDO
A Luva Azul - Misana
FanficNo qual as Minatozaki se aconchegam como sempre para sua conversa matinal no terraço, porém Mina tem um assunto mal resolvido a ser discutido. - Oneshot, 2024 todos os direitos reservados a @thestarsisland