- Alguma dúvida? - Nascimento finalizou seu pequeno discurso. Encostado em uma das bancadas do canto direito da sala, um rapaz da outra equipe ergueu a mão. - Diga, sargento.
- Sim! - Limpou a garganta e arrumou sua posição que antes estava desleixada. - Só eu acho que deveríamos ter esperado a capitã? Ela ainda não chegou.
Todos mantiveram o silêncio, absorvendo o que o homem antes havia dito. Nascimento revirou os olhos e descruzou os braços, olhando diretamente para o relógio de pulso.
- Isso já não é problema meu - declarou, se aproximando da mesa. - Sua capitã... - Deu ênfase na palavra. - Está a mais de dez minutos atrasada. Temos total permissão para seguir com a missão sem ela aqui.
- Mas senhor, até segunda ordem, nós não podemos sair daqui sem ela. - Apesar de homens, não foi difícil torná-los dóceis. - Acredito que devemos esperar até que ela chegue.
- Você acredita? - Nascimento deu mais alguns passos na direção do outro, com sua carranca séria e os olhos expressando sua insatisfação. - Sargento, o senhor acha que os traficantes esperam? Tá achando que eles vão sentar para tomar cházinho, aguardando nossa chegada?
A cada passo do superior, o sargento sentia sua respiração se tornar ainda mais imperceptível. Parecia um fio prestes a se romper. O nervosismo fazia suas mãos começarem a suar, mesmo com o tempo tão úmido e chuvoso.
- Eu gosto da ideia de deixá-los se matarem, para que não tenhamos o desprezo de gastar munição à toa com um monte de merda - colocou os braços atrás do corpo. - Alguém mais gosta disso?
- A ideia não me é ruim não - o outro dos homens completou com um pequeno sorriso enfeitando seus lábios.
- Eu até gosto, mas a papelada para assinar depois vai ser o maior porre - ergueu os braços, se espreguiçando.
- Não que eu me importe, mas é bom lembrar que ela mesma disse que era melhor evitar um pouco das mortes - voltou-se aos outros. - Pelo menos a das mulheres, já que o jornal tem nos chamado de assassinos da lei.
- E desde quando o senhor segue as regras dela? - Uma risada ecoou pelo cômodo, seguida de várias outras masculinas.
- Entramos em um acordo - ironizou, e as risadas só aumentaram. - Cinco minutos para um café e depois saímos.
O céu lá fora estava caindo, o que era estranho, pois o dia foi tão ensolarado quanto os anteriores. Nascimento se aproximou da máquina de café e esperou seu expresso duplo, olhando a rua através de uma pequena fresta que abriu na cortina. A chuva já não estava tão forte, mas ainda caíam alguns chuviscos. Queixando-se mentalmente de como seria essa missão, ele estalou a língua na boca em sinal de reprovação, com os olhos atentos a cada movimentação lá fora. Foi quando a avistou correndo com um casaco na cabeça e as vestes totalmente encharcadas. Suas pálpebras se estreitaram enquanto a seguia até que ela estivesse totalmente fora de seu campo de visão.
- O senhor tem um isqueiro aí? - Uma voz logo atrás dele o arrancou de seu transe, fazendo com que suspirasse antes de enfiar a mão no bolso da farda, tirando um isqueiro branco com duas siglas.
- A cada dia que passa, vocês estão ainda mais folgados - reclamou, balançando a cabeça. - Sai da minha frente, eu quero pegar meu café.
Empurrou o ombro alheio, tirando-o da frente da máquina e pegando a caneca logo em seguida. A risada baixa do soldado chegou aos seus ouvidos logo depois, obrigando-o a erguer as sobrancelhas, buscando entender o que era engraçado.
- Sabe, meus avós tiveram uns quinze filhos, mas nunca namoraram - ele iniciou, vendo a maneira como seu superior soprou a fumaça do café antes de tomar um gole e dizer:
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𝐒𝐔𝐁𝐌𝐔𝐍𝐃𝐎 𝐃𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑.
RomanceTudo teve início quando as duas forças armadas mais temidas do Brasil se aliaram com o objetivo de combater não apenas o constante tráfico de drogas, mas também as mortes desnecessárias daqueles que perdiam a vida durante as incursões do BOPE nas fa...