1 - O Fio da Esperança

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Era uma noite fria na majestosa cidade de Arcanis, o coração da realeza e a joia mais brilhante do reino. As ruas, normalmente vibrantes e cheias de vida, estavam silenciosas, uma tranquilidade aparente que escondia a tensão crescente. As chamas das tochas nas muralhas lançavam sombras dançantes, revelando um mundo onde a opulência da realeza contrastava com o medo que dominava as terras além dos portões da cidade.

Fora dos limites de Arcanis, o medo reinava absoluto. Há meses, um artefato poderoso foi roubado por um mago egoísta, desencadeando uma praga devastadora. Esta praga, diferente de qualquer outra, corroía a alma dos infectados, transformando-os em criaturas abomináveis que vagavam em busca de destruir o que restou de esperança. Enquanto o reino tentava se manter à tona, o mago desapareceu sem deixar rastros, e o artefato permanece perdido, sua recuperação uma necessidade desesperada que ninguém ainda se atreveu a assumir.

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Hakari Khada trabalhava em seu laboratório, uma rotina que já se tornara uma prisão de sua própria escolha. O ambiente estava envolto em uma penumbra constante, com as janelas permanentemente fechadas para evitar qualquer contato com o mundo exterior. A luz fraca das tochas penduradas lançava sombras que acentuavam as olheiras profundas em seu rosto, resultado de noites intermináveis de trabalho obsessivo. 

Com um olhar imperturbável, ela mexia em frascos e potes, suas mãos se movendo com a precisão de uma artista consumada, mas sua mente claramente distante, imersa em um mar de fórmulas e elixires. A atmosfera estava carregada com o aroma de substâncias químicas e o incenso, um contraste quase meditativo com a frieza de sua própria personalidade. Hakari evitava qualquer interação com o mundo fora do laboratório, sua aversão a pessoas tão pronunciada quanto seu conhecimento em alquimia era profundo. Para ela, cada dia era uma repetição do anterior, um ciclo interminável de estudo e criação, longe dos conflitos que a desinteressavam profundamente.


- Se eu deixar a porta aberta, os problemas entram. Melhor ficar aqui e manter as coisas sob controle.  -  Murmurou


O silêncio do laboratório foi abruptamente quebrado por um som persistente: alguém batia na porta pesada e reforçada. O ritmo dos toques era firme e urgente, cada golpe reverberando pelo ambiente abafado. Hakari levantou os olhos de seus frascos e fórmulas, um olhar de irritação atravessando seu rosto cansado. As batidas continuaram, incessantes, rompendo a bolha de concentração que ela havia cuidadosamente construído ao longo das horas. Ela soltou um suspiro pesado, seus olhos se fixando na porta.

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⏰ Última atualização: Aug 04 ⏰

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