Atenciosamente, Linn (Moralinn, Parte 1 De 3)

Capítulo alternativo

Notas:

A pedido de muitos eu decidi vir aqui e escrever uma única continuação da oneshot, sendo um capítulo alternativo para a história original.

Linn se levanta da cadeira onde estava sentado escrevendo e olha para o rosto de Morajo uma última vez, logo depois olha para o monitor ao lado da cama dele.
Os batimentos eram fracos, quase parando, no meio tempo que ele ficou de pé ali alguns médicos vieram e consultaram o ruivo.
Uma mão encosta no ombro de Linn, o loiro sai de seu transe e olha para a garota que estava atrás dele.
"Não foi sua culpa."
As palavras sairam de sua boca quase silenciosamente, o estômago do garoto se revirou, quase fazendo-o vomitar pensando naquilo.
A culpa consumia seus ossos quase a ponto de quebrá-los.

Zulmi vira Linn e abraça o mesmo, que não corresponde o abraço. Ela parecia forte. Zulmi parecia saber lidar com aquilo, diferente de Linn, que engolia cada vez que repetiu no seu cérebro um "eu não gosto de você".

Os olhos escarlates do louro brilhavam junto do sol que sumia aos poucos pela janela, ambos se afastam e Zulmi solta uma lufada de ar do próprio pulmão que parecia prender desde que entrou naquela sala.

Ambos se entreolharam buscando conforto naquele quarto, o que era impossível, o silêncio desconfortável junto do ar gélido que entrava pela janela fazia Linn se questionar cada vez mais cada momento que pensou apenas em si mesmo.
Era quase uma verdade absoluta, mesmo que Morajo nunca tenha culpado-o por tê-lo rejeitado, Linn sentia que aquilo era um conforto para que ele não se sentisse tão mal depois.

Zulmi percebe o silêncio doloroso que se instalara no local e então o quebra:

"Esse papel na sua mão... Você escreveu para ele caso acorde?"

Ela tenta ser cuidadosa com as palavras, que quase se enrolaram na sua garganta enquanto falava.

Linn morde os lábios tentando evitar de chorar, ele abre a folha que estava dobrada e dá uma última olhada.

"Foi. Eu..."
  Ele tropeça nas palavras.

"Eu entendi. Olha Linn, seja positivo, os médicos disseram que ele tem algumas chances de acordar e..."

  Alguém entra pela porta, arruinando o raciocínio de Zulmi.

Era Torajo, ele adentra o local com o rosto inchado, fazia alguns minutos que ele havia saído por não aguentar ver o irmão assim, numa maca sobrevivendo por tubos de ar.

"Como ele tá?"

Torajo pergunta já sabendo da resposta que receberia, ele obviamente sabia.

"Ele... Continua assim, com só os batimentos meio..."

Ela desiste de formular algo, o peso da atmosfera parece cair todo em suas costas, fazendo-a não aguentar mais conter as lágrimas que começaram a escorrer pelas suas bochechas, a garota limpa o rosto com o braço e respira fundo tentando manter a calma, mesmo que estivesse sentindo quase como uma facada.
Perder um dos melhores amigos não era fácil, mesmo que a palavra perder naquele momento ainda não fosse verídica.
Morajo tinha chances. Ele podia sobreviver.

Linn se aproxima da garota que logo o afasta.

"Eu to bem, eu... Só não consigo vê-lo assim."

Zulmi olha para Morajo, que parecia do mesmo jeito.

"Eu acredito que tudo dê certo... Simplesmente não dá pra aceitar a idea que o meu irmãozinho fez isso... É até estranho me referir a ele assim..."