Parecia até um milagre que a emergência estivesse vazia em pleno sábado à noite, o que era estranho, todos os dias a emergência era tumultuada, principalmente nos finais de semana. Dei uma volta na enfermaria, para saber se tudo estava sob controle, e assim que confirmei que tudo estava calmo fui para a ala de descanso dos médicos, afinal dormir durante um plantão ás vezes era impossível.
Assim que deitei a cabeça no travesseiro, após tirar meu jaleco e pendurá-lo no meu armário, meus pensamentos começaram a vagar incontroláveis com imagens do meu passado, e foi inevitável não segurar minha mão esquerda, a qual possuía duas alianças de casamento em meu dedo anelar. Clara havia me deixado de uma maneira tão prematura e trágica, nossa filha tinha apenas sete anos quando a mãe foi atropelada por um motorista bêbado que fugiu antes de prestar socorro, deixando minha esposa agonizando no asfalto. Havia se passado oito anos desde essa tragédia, e nunca havia me recuperado. Nem eu, nem nossa filha.
Ária havia se tornando uma linda jovem, uma mistura perfeita minha e de Clara, só que essa linda jovem, vivia me dando dor de cabeça, ás vezes pensava que não iria conseguir passar são pela fase da adolescência da minha filha. Mas a vibração que vinha do meu lado, me tirou do meus pensamentos. Confuso, olhei para a tela sem reconhecer o número e atendi preocupado, afinal da última vez que atendi um número desconhecido as notícias não foram nada boas.
— Boa noite, gostaríamos de falar com o senhor Elliot Marshall. — a voz do outro lado disse entendida assim que atendi.
— É ele quem está falando. Do que se trata? — questionei com o telefone no ouvido enquanto me sentava na cama.
— Sr. Marshall, precisamos que o senhor venha até a décima quarta delegacia, é sobre a sua filha, Ária Marshall. — ele disse e senti o meu coração se apertar.
— O que aconteceu com a minha filha? Ela está ferida? — questionei em pânico enquanto levantava da cama em um salto.
— Acalme-se Sr. Marshall.
— Não venha me pedir calma cara. Ela é a minha única filha. Agora, me diga o que houve com ela. — exigi furioso.
— Vou relevar seu desacato Sr. Marshall, afinal também tenho uma filha. — a voz disse compreensiva. - Sua filha foi detida, ela estava em uma festa em um local nada amigável.
— Isso é impossível. Ária está em casa com a babá, a Sra. Dolores. Vocês devem estar com a garota errada. — disse convicto, afinal a Sra. Dolores cuidava da minha filha, desde que a mãe havia morrido. Confiava plenamente nela, só não confiava na minha filha. Afinal, Ária era muito determinada quando queria algo.
— Sr. Marshall, não há nenhum erro. Confirmamos a identidade dela pelo banco de dados do seguro de saúde.
— Será que posso falar com a minha filha, policial. — pedi e ele concordou e escutei a zoada do telefone sendo passado para outra pessoa.
— Qual é o seu nível de raiva, pai? — Ária questionei nervosa e sorri sem humor.
— Não existe nível de raiva para isso Ária. — disse furioso, enquanto andava em direção ao meu armário para trocar de roupa.
— Em minha defesa, fui abordada de forma ilegal. Eu poderia até processar a polícia de Nova York. — ela se defendeu tentando soar inocente e bufei de raiva.
Era isso que dava deixar minha filha passar as férias com a madrinha advogada.
— Vou fingir que acredito Ária. E qual é a sua justificativa para não estar no seu quarto dormindo a uma hora dessas? — questionei severo.
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Recomeçar
Romance"[...] É mais como... uma atração gravitacional. Quando o vê, de repente não é mais a terra que mantém você aqui. É ele. E nada importa mais do que ele. E você faria qualquer coisa por ele, seria qualquer coisa por ele...Você se torna o que ele prec...