Sombras na Noite

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O inverno nas Montanhas Apalaches trazia consigo uma escuridão mais densa, que parecia envolver a Escola Woodhaven em um manto de mistério ainda mais profundo.

As noites eram longas, e o vento, que soprava através das janelas góticas, carregava um lamento antigo, como se as montanhas contassem histórias que ninguém mais poderia ouvir. Seth Blackwood estava na biblioteca da escola, um local quase tão antigo quanto ele próprio.
As estantes eram feitas de carvalho maciço, e os livros que ali se encontravam continham conhecimentos que a maioria dos mortais jamais poderia imaginar.

Ele passava os dedos lentamente pelas lombadas dos volumes enquanto caminhava, seus pensamentos voltados para uma única pessoa. Helena Marlowe. Desde a primeira vez que a viu, algo dentro de Seth havia despertado, algo que ele não sentia há séculos.

Havia uma curiosidade que se transformava em obsessão, embora ele nunca deixasse isso transparecer. Suas interações com Helena eram sempre cuidadosas, quase formais, mas ele sabia que ela sentia o peso de sua presença, mesmo que não conseguisse compreender o motivo.

Naquela noite, porém, a quietude de Woodhaven foi perturbada. Um grito ecoou pelos corredores, atravessando as paredes de pedra fria e alcançando os ouvidos atentos de Seth. Ele não hesitou; em um movimento fluido e rápido, deixou a biblioteca e seguiu o som.

Enquanto se aproximava do dormitório feminino, percebeu que outros membros da escola também se moviam na mesma direção, seus rostos marcados pela preocupação e pelo medo.

Quando chegou ao local, a cena que se desenrolava diante dele era caótica. Alunos assustados se amontoavam no corredor, tentando entender o que havia acontecido. No meio do tumulto, uma aluna estava caída no chão, pálida e inconsciente, com duas pequenas perfurações no pescoço, de onde escorria um fio de sangue.

"Por favor, afastem-se!" A voz autoritária de um dos professores, Sr. Marshall, soou enquanto ele tentava controlar a multidão. "Dêem espaço, ela precisa de ar!" Seth se aproximou, seus olhos fixos na aluna caída. Ela ainda respirava, mas seu pulso estava fraco, quase inexistente.

As marcas no pescoço eram inconfundíveis para ele, mas, em Woodhaven, vampiros não passavam de lendas esquecidas, histórias contadas para assustar as crianças.

"Chamem uma ambulância!" gritou uma das professoras, a voz trêmula de pavor.

Seth se agachou ao lado da jovem, observando-a atentamente, seus pensamentos viajando por eras de conhecimento e experiência. Ele sabia o que havia acontecido, mas tinha que ser cauteloso. Suas palavras, cuidadosamente escolhidas, precisavam dissipar qualquer suspeita.

"Ela perdeu muito sangue," disse ele em tom grave, olhando para os outros professores. "Provavelmente sofreu algum tipo de acidente. Precisamos estabilizá-la até que a ajuda chegue." Os olhos de Helena, que estava entre os alunos no corredor, encontraram os de Seth por um breve momento. Havia algo em seu olhar que ele não pôde decifrar, uma mistura de medo e curiosidade.

Ela estava atenta a tudo ao seu redor, absorvendo os detalhes de forma quase obsessiva. Mas, ao contrário dos outros, não parecia aterrorizada."Um acidente?" uma das alunas murmurou, cética, enquanto olhava para as marcas no pescoço da vítima. "Mas o que poderia ter causado isso?"

"O mais provável é que tenha sido algum animal," respondeu Seth, sua voz calma e controlada. "Nas montanhas, não é incomum que criaturas selvagens se aproximem da escola, especialmente no inverno."
A explicação parecia plausível, mas o clima no corredor permaneceu tenso.

O que havia acontecido estava fora da compreensão comum, mas ninguém ousava dizer em voz alta o que suas mentes cogitavam. Vampiros eram mitos, fantasias. E Woodhaven, embora antiga e cheia de histórias, não era um lugar onde essas coisas aconteciam.

A Obsessão do Vampiro Onde histórias criam vida. Descubra agora