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Rio de janeiro, Leblon
10 de junho de 2023

"Tipo cena de novela, tipo cabelinho e bela" Ironizando sobre a traição do Caio com a Agatha"





Agatha Maia

Eu estava no meu quarto, as luzes apagadas, as cortinas fechadas. Meus olhos ardiam de tanto chorar, o travesseiro encharcado de lágrimas. A traição de Caio foi como uma facada no peito, um golpe que eu nunca esperava. O som do meu choro era a única coisa que quebrava o silêncio opressor do quarto. Foi quando ouvi batidas suaves na porta e, antes que pudesse responder, minhas amigas entraram.

"Miga, o que aconteceu?" perguntou Gabriela, sentando-se ao meu lado na cama.

"Foi o fdp do Caio, não foi?" indagou Júlia, já sabendo a resposta.

Assenti com a cabeça, incapaz de falar. Elas se entreolharam, e eu sabia que entendiam exatamente o que eu estava sentindo.

"Você precisa tirar isso da cabeça, Agatha. Vamos sair um pouco, que tal?" sugeriu Gabi, sempre a mais prática do grupo.

Júlia concordou. "Isso mesmo, bora dar uma volta na praia. Um pouco de ar fresco vai te fazer bem."

Suspirei, sentindo o peso das palavras delas. "Eu não sei... Não estou no clima."

Mariana levantou-se e puxou minha mão. "Nada disso! Não vou te deixar aqui trancada, se afogando em lágrimas. Vamos lá, vai fazer bem pra você."

Relutante, me levantei da cama e segui minhas amigas. Vestimos roupas leves e descemos até a praia. A brisa do mar era reconfortante, e o som das ondas quebrando na areia tinha um efeito calmante. Nos sentamos perto da água, uma garrafa de vinho na mão, compartilhando goles e desabafos.

"Homem é tudo igual, viu?" Júlia declarou, irritada. "Parece que nenhum presta."

"Verdade" Gabi concordou. "Eles só sabem machucar a gente. Mas, Agatha, você merece muito mais que o Caio."

Dei um gole no vinho e respirei fundo. "Eu só queria entender o porquê, sabe? O que foi que eu fiz de errado?"

"Você não fez nada de errado," Júlia disse firmemente. "A culpa é dele, só dele. Ele é um cuzão por não valorizar o que tinha."

O tempo passou rápido, entre risadas, lágrimas e confissões. Ao final da noite, nos despedimos e eu fui para casa. Meus pais estavam na sala, assistindo TV. Meu pai, ao me ver, levantou a cabeça.

"Agatha, onde você estava? O Caio ligou várias vezes perguntando por você."

Senti o ódio borbulhar dentro de mim. "Da próxima vez que ele ligar, diz pra ele me procurar no inferno e ficar por lá mesmo."

Sem esperar resposta, subi direto para o meu quarto. Entrei no banheiro e liguei o chuveiro, deixando a água fria escorrer pelo meu corpo, lavando o sal e as mágoas. Fechei os olhos, tentando esquecer a dor, mas as lembranças de Caio continuavam a me atormentar.

Depois do banho, me joguei na cama e liguei a TV. Estava passando um filme romântico, e não pude evitar ver o casal se beijando na tela. As lágrimas voltaram, escorrendo silenciosamente. Por que ele fez isso comigo? Será que não sou boa o bastante? Esses pensamentos não me deixavam em paz.

Suspirei, limpando as lágrimas. "Eu moro no Leblon, sempre tive de tudo. Meus pais me deram uma vida boa, uma família estruturada. Sou muito agradecida por isso... Mas por que, mesmo com tudo isso, eu me sinto tão vazia agora?"



...

11 de junho de 2023
08:23 AM

Acordei no dia seguinte com o peso da tristeza ainda pressionando meu peito. O sol já invadia meu quarto pelas frestas das cortinas, mas eu não tinha vontade de sair da cama. A dor da traição ainda era muito recente, e cada pensamento sobre meu ex me fazia querer me enfiar ainda mais debaixo das cobertas e sumir.

Deitada ali, encarando o teto, ouvi uma leve batida na porta e, em seguida, ela se abriu devagar. Era minha mãe. O olhar dela era suave, e havia uma preocupação evidente em seus olhos.

"Filha, como você tá?" Ela se aproximou, sentando-se na beira da cama, e eu percebi que ela sabia. "Eu fiquei sabendo o que o Caio fez... Você quer conversar sobre isso?"

Suspirei profundamente, tentando manter a voz firme, mas ela saiu trêmula. "Eu só... Não consigo entender, mãe. Por que ele fez isso comigo? Ele parecia me amar tanto."

Ela passou a mão carinhosamente pelo meu cabelo, afastando algumas mechas do meu rosto. "Agatha, meu amor, homens mentem assim mesmo. Às vezes, as pessoas tomam decisões estúpidas que não têm nada a ver com a gente. O Caio perdeu alguém muito especial... E um dia, ele vai perceber isso."

Os olhos dela refletiam a dor que ela sentia por mim, e isso só fazia meu coração doer ainda mais. "Mas por que dói tanto, mãe? Eu achava que ele era diferente, que a gente ia durar."

Ela sorriu tristemente, seus olhos brilhando com a experiência de quem já passou por muitas coisas na vida. "O amor é complicado, filha. A gente nunca sabe quando ele vai machucar, mas saiba que o tempo cura tudo. Você vai encontrar alguém que realmente mereça você, que veja o quão incrível você é."

As palavras dela eram reconfortantes, e mesmo com toda a dor que eu estava sentindo, me senti grata por ter minha mãe ali comigo. Ela sempre soube como me consolar, como me fazer sentir que, independentemente do que acontecesse, tudo ficaria bem.

"Por que você não levanta e vem tomar café da manhã comigo? Vamos sair um pouco desse quarto, fazer algo diferente," ela sugeriu, com um sorriso suave.

Concordei, sentindo que um pouco de movimento poderia ajudar. Me arrastei até o banheiro, ainda sentindo o corpo pesado, mas disposta a tentar. Liguei o chuveiro e deixei a água quente escorrer pelo meu corpo, limpando não só o suor da noite, mas também parte da tristeza que parecia impregnada em mim. Fiz minha higiene, lavei o rosto, escovei os dentes, e senti uma leve melhora.

Quando saí do banheiro, me vesti com algo simples: um shortinho jeans, um top e prendi o cabelo num coque despojado. Coloquei minhas Havaianas brancas, e, ao me olhar no espelho, vi um reflexo que parecia quase normal, embora por dentro ainda estivesse em pedaços.

Fui com minha mãe até a cozinha, onde ela já tinha preparado uma mesa farta, cheia de frutas, pães, sucos e café fresco. Sentar ali com ela, em um ambiente tão familiar e acolhedor, trouxe um pouco de conforto ao meu coração.

"Obrigada, mãe... Por tudo," disse, pegando um pedaço de mamão.

Ela sorriu, pegando sua xícara de café. "Sempre vou estar aqui para você, Agatha. Não importa o que aconteça, eu sou sua maior aliada."

Enquanto tomávamos café, conversamos sobre várias coisas - sobre o trabalho dela de enfermeira, sobre algumas lembranças da minha infância, sobre como os tempos mudaram. Era bom poder falar sobre outras coisas, desviar a mente da dor que o Caio tinha causado. Era como uma espécie de cura, ainda que temporária.

No meio da nossa conversa, meu celular vibrou na mesa. Peguei-o para ver uma mensagem da Gabi.

*"Gata, hoje tem baile no Complexo do Alemão! Vai rolar show do MC Orum! Bora, né?"*

Li a mensagem algumas vezes, ponderando. Eu não era muito de ir a bailes funk, mas algo em mim disse que talvez fosse bom sair um pouco, me distrair. Voltei meus olhos para minha mãe, que me observava, curiosa.

"Gabriela me chamou pra ir num baile funk hoje... No Complexo do Alemão," expliquei, vendo um brilho de apreensão nos olhos dela.

"Você quer ir?" ela perguntou, sem julgar.

Dei de ombros, sem saber ao certo o que responder. "Talvez... Pode ser bom. Não sei. Só quero parar de pensar no Caio."

Ela assentiu, compreensiva. "Se você achar que vai te fazer bem, então vá. Mas, por favor, se cuida, tá?"

Sorri para ela, agradecida pela confiança. "Pode deixar, mãe. Eu vou me cuidar."

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⏰ Última atualização: Aug 09 ⏰

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