One Shot

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Como podemos destruir um monstro sem nos tornar um?

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Ato um: Sectumsempra.

Em meio a todas as preocupações de seu sexto ano, Harry não se esqueceu de sua maior ambição: descobrir o que Malfoy fazia na Sala Precisa.

Ele ainda consultava o Mapa do Maroto e, como muitas vezes não conseguia localizar o garoto, deduzia que Malfoy ainda estava passando um bom tempo na Sala. E, embora estivesse perdendo a esperança de conseguir um dia entrar ali, sempre que estava nos corredores do sétimo andar fazia uma nova tentativa; mas, por mais que refraseasse o seu pedido, a parede permanecia sólida. A sala não o permitia entrar desde que Umbridge invadiu as aulas da Armada Dumbledore.

Era estranho, muito estranho. E se Malfoy tivesse feito algo com o lugar? Algum tipo de feitiço, talvez? Mas não. Harry se forçou a pensar nos momentos em que Hermione lhe explicou sobre como a sala precisa funcionava, como Hogwarts não deixaria ninguém entrar nela se o aluno realmente precisasse. Então Malfoy estava fazendo algo secreto o bastante para o castelo atender seu pedido, o que deixou Harry mais e mais frustrado.

O moreno estava ansioso com aquilo. Draco Malfoy estava como uma sombra de si mesmo. Pálido demais, magro demais, definitivamente precisando descansar e andando olhando sempre para os lados como se estivesse atormentado pelas sombras que o seguiam. Malfoy parecia em seu pior estado. Ele estava sendo forçado a fazer algo. Harry tinha certeza disso. Malfoy deveria ter recebido a marca depois que seu precioso papai foi preso, e agora tinha um papel importante para aprontar em nome do seu mestre das trevas, mas era ridículo como ninguém além de Harry podia ver isso.

Mais por hábito do que por outro motivo, Harry fez o desvio habitual pelo sétimo andar, verificando o Mapa do Maroto enquanto andava. Por um momento, não conseguiu localizar Malfoy em parte alguma, e presumiu que ele estivesse na Sala Precisa. Então, viu o pontinho do garoto em um banheiro masculino no andar abaixo, acompanhado, não de Crabbe ou Goyle, mas da Murta Que Geme.

Harry só parou de olhar fixamente para esta improvável parceria quando colidiu em cheio com uma armadura. O estrondo o despertou do seu devaneio; fugindo da cena antes que Filch aparecesse, ele desceu correndo a escadaria de mármore e entrou pelo corredor abaixo. Do lado de fora do banheiro, colou o ouvido à porta. Não conseguiu ouvir nada. Então, empurrou a silenciosamente.

Draco Malfoy estava parado de costas, com as mãos apoiadas dos lados da pia e a cabeça loura curvada.

– Não – murmurou a Murta Que Geme, de um dos boxes. – Não... me conte qual é o problema... posso ajudar você...

– Ninguém pode me ajudar – respondeu Malfoy. Todo o seu corpo tremia. – Não posso fazer isso... Não posso... Não vai dar certo... E se eu não fizer logo... Ele disse que vai nos matar...

E Harry percebeu, com um choque tão colossal que pareceu pregá–lo no chão, que o garoto estava chorando, realmente chorando, as lágrimas escorriam do seu rosto pálido para a pia encardida. Malfoy ofegou e engoliu em seco e, então, com um salto, olhou para o espelho rachado e viu Harry encarando–o por cima do seu ombro.

– Eu sei o que você fez, Malfoy. – Harry disse, imediatamente mais sério, tentando não se distrair com aquelas lágrimas de crocodilo.

Malfoy girou nos calcanhares puxando a varinha. Instintivamente, Harry sacou a dele.

– Não, não você! Qualquer um menos você! – O loiro gritou em pânico, as lágrimas ainda escorrendo sobre sua face, a respiração descompassada.

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