A Dragon For An Eye

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A brisa salobra de Driftmark acariciava as pedras antigas, enquanto a família Targaryen e Velaryon observava em silêncio o caixão de Lady Laena ser engolido pelo mar. O céu estava carregado com nuvens cinzentas, refletindo o luto que pesava sobre todos. Rhaenyra, com o semblante marcado pela dor, segurava firmemente as mãos de seus filhos, sentindo o peso de cada perda recente. Ela observava Laenor, que parecia um homem despedaçado, os olhos opacos, como se a alma lhe tivesse sido arrancada. Ele havia perdido tanto - a irmã, a melhor amiga, e agora uma parte de si mesmo.

Sor Vaemond Velaryon continuava a falar, suas palavras em alto valiriano ressoando como lâminas afiadas no ar.

- O sal corre no sangue dos Velaryon, o nosso sangue é mais grosso... é verdadeiro. - Vaemond olhou diretamente para Rhaenyra, Laenor e seus filhos, uma provocação velada que fazia o luto amargo se tornar ainda mais ácido.

Daemon, impenetrável como sempre, soltou uma risada sarcástica, quebrando a tensão do momento, mas também aumentando a vergonha de Vaemond. O som da risada ecoou pelo local, gerando murmúrios entre os presentes. Com um último olhar, o caixão de Laena foi lançado ao mar, e com ele, um pedaço do coração de cada um ali presente afundou nas profundezas.

A recepção após o funeral estava repleta de um silêncio pesado, intercalado apenas por conversas sussurradas. Rhaenyra se sentia sozinha em meio à multidão, dividida entre tantas responsabilidades. Ela precisava consolar Laenor, as meninas, Daemon, seus filhos, e seus tios, mas não havia ninguém para consolá-la. Ela se lembrava de todas as vezes que Laena fora seu porto seguro, e agora, esse porto estava perdido para sempre.

Com um suspiro, Rhaenyra se aproximou de onde Jacaerys, Lucerys, Daeron e Helaena estavam, o olhar sério e carregado de uma tristeza que ela tentava disfarçar.

- Vão ficar com as primas de vocês, elas precisam de apoio mais do que nunca agora. - Sua voz era gentil, mas firme. Os meninos assentiram, movendo-se em direção a Rhaena e Baela, que estavam sentadas, as expressões perdidas em meio ao luto. Mas Helaena permaneceu onde estava, a cabeça baixa, alheia ao movimento ao redor.

- O que houve, borboleta? - Rhaenyra se agachou ao lado da irmã mais nova, a voz suave e preocupada. Helaena levantou o olhar, os olhos cheios de lágrimas que refletiam a dor e a culpa que carregava.

- Eu vi, vi a tia Laena morrendo e não fiz nada para impedir. É culpa minha. Eu sou uma inútil, mesmo... - Helaena começou a chorar, o corpo frágil tremendo de desespero.

Rhaenyra, sentindo a angústia da irmã, a abraçou firmemente, quase desesperadamente.

- Helaena, você não tem culpa de nada. Algumas coisas estão além do nosso controle. Você é especial, minha querida. Você tem um dom que poucos compreendem. - A voz de Rhaenyra era firme, carregada de uma convicção que ela própria lutava para manter. Helaena chorava em seus braços, o som de seu choro um eco das lágrimas que Rhaenyra queria derramar, mas que segurava com todas as suas forças.

Depois de algum tempo, Helaena se acalmou, e Rhaenyra a mandou para junto dos outros. Enquanto Helaena se afastava, Rhaenyra observou o ambiente, até encontrar Rhaenys em um canto, sozinha. Aproximou-se dela, e sem dizer uma palavra, abraçou a tia. Rhaenys, conhecida por sua força inabalável, desabou em lágrimas ao sentir o abraço de Rhaenyra.

- Por que os deuses fizeram isso com ela, Rhaenyra? - A voz de Rhaenys era um sussurro entrecortado pelas lágrimas.

- Os deuses escolhem caminhos tortuosos, minha tia... Mas agora, Laena precisa de nós mais do que nunca. Precisamos ser fortes pelas nossas meninas. - Rhaenyra apertou o abraço, como se tentasse transmitir toda a sua força para Rhaenys.

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