Prólogo

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LUANA

E não é que todos estavam certos quando disseram que Paris fede a esgoto? Impressionante o cheiro dessa cidade.

Me importo com isso? Não mesmo. Pelo menos eu estou em Paris porra!

E meu coração já está apertado com o fim das olimpíadas chegando, o que vou fazer quando acabar e tiver que voltar para o Brasil?

Lógico que quando a minha amiga, Mariana, disse que tinha surgido uma oportunidade de trabalho nas olimpíadas eu obviamente não pensei duas vezes antes de vir com ela. São luxos que a vida de publicitária está me permitindo ter.

Mari ficou dormindo no hotel e eu resolvi sair para comprar algo em uma padaria próxima, algo quente, já que gastei toda a minha voz assistindo ginástica, mas valeu muito a pena.

É impressionante como é fácil reconhecer um brasileiro em qualquer lugar do mundo. Um grupo de pessoas passa por mim cantando e dançando alegres e eu não preciso nem olhar duas vezes para saber de que país eles são.

Honestamente, Paris inteira está assim, todo lugar tem um grupo de brasileiros fazendo festa, somos os melhores!

Cheguei na padaria próxima e pedi um café, não me arrisco no francês, mas o meu inglês é até aceitável.

Me sentei em uma das cadeiras enquanto esperava pelo meu pedido e me distraí enquanto olhava meu celular, curtindo todos os memes possíveis. Faziam dias que eu não dormia direito com a rotina agitada, mas como minha mãe diz: Deixa pra dormir quando morrer.

Vi a cadeira ao meu lado ser ocupada por um homem forte e alto, tinha um boné na cabeça e um óculos no rosto, mas mesmo assim tive a sensação que o reconhecia de algum lugar.

E o corpo... Oh glória!

Ele me pegou olhando e se virou para mim, rapidamente virei o rosto e me fiz de sonsa. Não sei flertar nem em português, imagina em inglês ou francês.

Ele fez o próprio pedido, também em inglês e ficou mexendo no meu celular.

O meu celular começou a tocar e vi que era Mariana que estava me ligando.

ㅡ Onde você se meteu? ㅡ Ela perguntou.

ㅡ Vim comprar um café na padaria aqui perto, tentei não te acordar.

ㅡ O hotel tem café, sabe disso né?

ㅡ Eu não comprei um monte de roupa pra ficar trancada em Paris não. Já faço isso no Brasil.

O homem ao meu lado se mexe um pouco e eu lembro da presença dele.

ㅡ Aliás, deixa eu te contar, um gostoso está sentado aqui do meu lado. ㅡ Falei enquanto ria.

ㅡ Ficou doida Luana? Está falando isso na frente dele? Você não era tímida?

ㅡ Ele é gringo, não entende português.

ㅡ Como você sabe?

ㅡ Ele não me olhou uma única vez depois que comecei a falar com você. Se fosse brasileiro já teria dito alguma coisa.

ㅡ Entendi. Quer dizer que você achou um gringo gostoso?

ㅡ Porra, queria que você estivesse aqui pra ver o corpo. Oito da manhã e eu já tenho que pedir perdão pelos meus pecados em pensamentos.

ㅡ Você não tem bom gosto pra homem, não sei se acredito.

ㅡ Mas esse aqui compensa todo o meu dedo podre. Será que eu como uma boa brasileira posso mandar um: "Oh lá em casa" pra ele?

DESTINO | GABRIEL MEDINAOnde histórias criam vida. Descubra agora