𝐈

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can't two people reconnect?

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𝐌𝐀𝐑𝐂𝐄𝐋𝐀

O relógio da parede do meu quarto de hotel marcava 20:40 quando Flávia me ligou por chamada de vídeo.

— Qual foi, Marcela? Tá fazendo o que para não ter se trocado ainda? — A loira faz uma carranca, tentando me intimidar.

Dou risada, apoiando meu celular na escrivaninha.

— Não decidi minha roupa ainda, Fla. — Faço um biquinho. — Vai me ajudar?

— Caraca, tu é muito enrolada. — Bufou. — Vou ajudar porque se em meia hora você não estiver pronta, eu te jogo da Torre Eiffel.

— Só porque ganhou sua medalha de bronze tá achando que pode sair assassinando as pessoas? — Peguei dois cabides do armário e posicionei na frente do meu corpo para a ginasta conseguir visualizar.

A primeira opção era um vestido longo, preto e branco. E a segunda, um conjunto de cropped com mangas longas e largas e uma saia curta, ambos brancos e feitos de crochê.

— E você sabe quem mais ganhou bronze? — A loira deu uma risada baixa.

— Sei lá, não tô acompanhando as outras modalidades além da ginástica. — Menti.

— Sonsa. — Negou com a cabeça. — Amei o vestido, mas acho que você fica uma 'tchutchuca' nesse conjunto.

— Você sabe o que eu vou escolher, por isso te amo. — Dei uns pulinhos comemorando.

Guardei o vestido de volta no armário e deixei o conjunto em cima da cama. Peguei minha papete branca e minha caixa de acessórios, indo sentar na cama.

— Mah, você sabe que o Medina vai tá lá, né? — Perguntou aleatoriamente.

— Sei. É uma festa com a torcida organizada da seleção e você conhece ele. Ama uma farra.

— Tô perguntando porque... Você sabe, Mah. — Coçou a nuca, ficando em silêncio.

Desliguei a câmera, revirando os olhos.

Não sei por que todo esse drama quando o nome dele é citado. Já tem quatro meses que terminamos, ele não tem mais relevância alguma na minha vida.

E mesmo se tivesse, não estou indo nessa festa por ele. Estou comemorando a medalha da minha prima e de todos os outros atletas brasileiros.

— Tá aí ainda?

— Sim, só desliguei para trocar de roupa. Não sei quem tá no quarto com você. — Respondi, tirando meu shorts jeans.

— Tô sozinha aqui. — Mudou a ligação para a câmera frontal, mostrando o cômodo vazio. — Mas beleza, vou terminar de me arrumar. Já vou passar aí, fica esperta no seu celular porque não vou sair do carro para te buscar. — Voltou para o modo selfie.

— O que você não tem de altura, tem de chata. — Peguei o celular e liguei a câmera. — Mas tá bom, só me dá um toque que eu desço. Beijos, prima.

A loira mandou vários beijos com a mão e desligou a ligação.

Larguei o celular na cama e voltei a me trocar.

Me olhei no espelho, observando a marquinha que eu fiz no Brasil antes de vir para a França.

Uma vez, eu esqueci e tomei sol com aquelas saídas de praia toda furadinha. Gabriel passou a semana inteira tirando sarro das marcas na minha perna.

𝐎𝐂𝐄𝐀𝐍𝐎, Gabriel MedinaOnde histórias criam vida. Descubra agora