opposites | l.s

7. Courage.

"Me cansei de lero-lero
Dá licença, mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar opiniões
De como ter um mundo melhor
Mas ninguém sai de cima, nesse chove não molha
Eu sei que agora eu vou é cuidar mais de mim"
— Saúde, R.L.

⋆｡°✩

Harry

Acordo assustado, olhando em volta tentando me situar, o pânico do meu cérebro bêbado de sono cresce exponencialmente, pois não reconheço o lugar em que eu adormeci. Sinto um lençol quentinho em cima de mim, mas isso não é o suficiente para me fazer relaxar. Na verdade, me deixa mais desesperado, eu não conheço esse lençol, não conheço essa cama ou essas paredes. Não sei onde estou. O tecido queima minha pele e coça em contato com ela.

— Ei — uma mão encosta no meu braço suavemente mas eu me esquivo como se ela pegasse fogo. Mesmo com o pouco tempo de contato, ainda sinto como se agulhas perfurassem na minha pele. — Harry, está tudo bem, você está na minha casa. — Desvio meu olhar para Louis e- espera, Louis? Aos poucos eu começo a me nortear, as lembranças de onde eu estou vêm lentamente à minha mente e eu vou me acalmando aos poucos. Eu adormeci na casa dele… agora tudo faz sentido — Você quer uma água? Ou alguma coisa? — Ouço sua voz suave e respiro fundo olhando em volta, foco meu olhar nas luzinhas de fada penduradas pelas paredes que trazem um conforto enorme. Fofo.

Ainda sinto minha pele queimar onde foi tocada, mas aos poucos a sensação vai passando até não sentir mais nada. Minha respiração começa a se regular, assim como meu coração volta a bater em seu ritmo normal.

— Não precisa, está tudo bem — falo com a voz rouca pelo tempo que não usei. Ele não tentou encostar em mim de novo, e eu agradeci mentalmente a isso. Me ajeito na cama e, quando passo meu olhar pela janela, percebo que a escuridão domina todo o lado de fora. — Que horas são? — Desvio meu olhar para Louis, que pega seu celular com a mão livre para me dizer o horário. Não me contenho em erguer uma sobrancelha ao ver que a sua outra mão está ocupada marcando a página em que ele está no livro que eu trouxe.

Porra, ele já passou de onde eu parei de ler, quanto tempo eu dormi?

— Nove e sete.

Minha boca se abre lentamente e o pânico começa a comandar minhas reações novamente. Eu dormi aqui esse tempo todo? A última vez que eu olhei o horário ainda eram 5 da tarde! O trabalho… eu não terminei de escrever o trabalho, mas não tem problema, eu posso escrever de madrugada. Ai porra, eu estou todo esse tempo aqui incomodando a família do Louis. Tenho que ir embora. Agora.

Apoio meus pés no chão e fico em pé, sem saber o que fazer, encaro Louis e ele encara de volta com as sobrancelhas erguidas, como se me perguntasse o que eu estou fazendo. Não é óbvio? Estou indo embora, já incomodei demais.

— Desculpa por dormir, eu nem percebi quando cai no sono. Me desculpa mesmo — eu falo rápido demais, mais rápido do que estou acostumado a falar. Mexo no meu piercing e desvio meu olhar, não querendo ver sua expressão julgadora. Abro e fecho minhas mãos em punhos ao lado do corpo em um ato de nervosismo.

— Harry — ele me chama, mas ainda sim não encaro-o, continuo abrindo e fechando a minha mão — coração, olhe para mim, por favor. — Obedeço e encaro-o, não vejo nenhum julgamento em seu olhar, somente preocupação, então me sinto mais aliviado. Ainda não consigo me acostumar com o frio que eu sinto no pé da minha barriga toda vez que ele me chama por esse apelido, eu já deveria ter me acostumado a essa altura, mas aparentemente eu não sou forte o suficiente contra o charme de Louis Tomlinson. — Não foi um incômodo nenhum você dormir, acredito que você estava cansado demais e não tem nenhum problema nisso. Minha mãe veio aqui há um tempo pra dizer que o jantar ia ficar pronto há pouco, então eu já ia te acordar para irmos jantar — ele passa a mão nos cabelos já bagunçados e arruma a armação do seu óculos —. Nós normalmente jantamos bem tarde mesmo. Você não é um incômodo, nunca foi e nunca será.