Capítulo - O professor substituto

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- Suas mãos são tão macias... - disse Pietro enquanto massageava minhas mãos e me olhava com aqueles olhos avermelhados, já era comum pra mim vê-lo vir pra escola chapado, por incrível que pareça isso é uma coisa rotineira no ensino médio em escolas públicas. 

Pietro é o típico aluno malandro e popular, daqueles que deixam os professores, cordenação e direção de cabelos em pé, no início, quando conheci Pietro quando ele se mudou para o noturno, eu reprovava esse tipo de comportamento, achava muito infantil para o ensino médio, mas agora que nos aproximamos comecei a achar isso muito atraente, não julguem, também não estou dizendo que estou apaixonada, mas certamente temos uma química que já foi notada pelos professores, em falar nisso...

A professora nos lançou um olhar severo pelo comportamento pouco ético em sala de aula. O sinal tocou indicando a mudança de horários, ela recolheu suas coisas e se despediu da turma enquanto se retirava. 

A típica baderna da troca de horários começou, todos os alunos, incluindo eu, começaram a guardar suas coisas de volta na mochila, pois agora seria o horário de educação física e todos descíamos com as coisas para a quadra por ser a última aula do dia. 

- Boa noite! - disse, alto uma voz rouca que eu não conhecia.

O silêncio se instalou na sala, isso não era comum. Olhei em direção da voz, e percebi que todos os meus colegas olhavam também. Era o professor bonitão que eu tinha visto semanas antes, na sala dos professores de manhã, mas agora eu podia observa-lo nitidamente e cheguei a conclusão de que ele era sim tudo isso que Sabrina tinha dito aquele dia, agora de perto, sua beleza era bem mais evidente.

- Meu nome é Diego Everita, já dei aula para alguns de vocês no fundamental e imagino que muitos já devem me conhecer. Sou professor de educação física, dou aula aqui nos turnos manhã e tarde. O professor Reginaldo teve alguns problemas e terá de se afastar da escola por um tempo, vou substitui-lo até seu retorno. 

Todos permaneceram em silêncio. Sabrina, que se senta uma carteira na minha frente, se virou para mim com uma cara de curiosidade, provavelmente conversaremos sobre essa saída do professor Reginaldo assim que pudermos.

Descemos para a quadra acompanhados do novo professor, Pietro sumiu do meu campo de visão, como em todas as educações físicas, isso me dá nos nervos. Me sentei na arquibancada com Sabrina, pronta para matar aula conversando como era de costume nas aulas de Reginaldo, mas fomos impedidas pela voz do novo professor brigando com a turma que não queria descer das arquibancadas para participar da aula.

- O que estão esperando? Agora é aula, não tempo livre.

- O Reginaldo nos deixa ficar atoa na aula dele. - respondeu um dos meninos que também havia se sentado em um canto da arquibancada.

- Eu não sou o professor Reginaldo, nas minhas aulas nenhum aluno vai ficar atoa. 

Não sei se foi a braveza em sua voz ou seu tom autoritário mas o novo professor realmente conseguiu fazer todos os alunos participarem da aula. A brincadeira era até divertida, era simples, ele dividiu a sala em duas fileiras opostas e sussurrou pares de animais entre as duas fileiras, quando soava o apito tínhamos que correr para achar nosso par, quando encontrávamos corríamos e sentávamos nas cadeiras, como não tinha cadeiras para todas as duplas, quem ficava de fora recebia um x na mão, quem tivesse mais marcas, perdia. Como sou muito competitiva e ansiosa, acabei não recebendo nenhum x, mas confesso que não me desagradaria que o professor bonitão desenhasse em minha mão.

Depois desse dia, passei a ansiar pelas aulas de educação física.

Meu querido professorOnde histórias criam vida. Descubra agora