Era um fim de tarde como qualquer outro quando Isidro muito timidamente bateu na porta do meu escritório, a essa altura eu já havia dispensando a Rosa quando normalmente ela teria anunciado sua chegada, porém nas sexta-feiras sempre à encorajei a sair mais cedo para ter um tempo livre com sua família, diferente de mim que sempre estou à serviço do trabalho.
- Dona Marta ? Me desculpe, você esta ocupada ?
- Não precisa se desculpar, Isidro, entre!
- Perdão, por incomodar é que...
- Você vai parar de arrodeios homem? Está tudo bem ? É meu pai?Marta sinaliza para que ele sente-se na poltrona em frente a ela.
- Sim sim, esta tudo bem, é que eu queria conversar com a senhora sobre minha filha, Josefina.
Por algum motivo que nāo consigo explicar, ao ouvir o nome Josefina, Fina, meu coração acelerou...
- Fina? Sim, em que posso ajuda-lo ?
- Ela é uma moça muito inteligente Dona Marta, e esta à procura de um trabalho
- Isidro, a Josefina... hm... Fina, sabe que o senhor veio falar comigo ?
- Não, ela não queria que me intrometesse nesses assuntos, mas sou pai dela e só quero ajudá-la, acredito que ela seria uma ótima funcionaria.
- Entendo! mas a Fina é uma mulher adulta e poderá resolver isso sozinha, estarei esperando por ela amanhã as 10:00 horas da manhã, aqui em meu gabinete.Ele falou já se levantando da poltrona
- Obrigada Dona Marta! E mais uma vez, me desculpe por incomoda-la.
- Você vai parar de me chamar de Dona Marta algum dia?
Disse isso puxando - o para um abraço!
- Que tal, minha filha de coração!
Ele me abraçou de uma forma como se nada no mundo pudesse me machucar.Assisti ele desaparecer pela porta
Isidro sempre foi o pai que nunca tive, o que esteve presente em todos os meus momentos felizes, o que me levava e trazia da escola, me ensinou a andar de bicicleta, cuidou de mim todas as vezes em que caí e que não me deixava desistir, ele sempre me trazia um docinho escondido no bolso do seu paletó e esse pequeno gesto sempre alegrava o resto de minhas tardes.
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Fina andava de um lado para o outro dentro da pequena cozinha da casa de seu pai, quando Isidro finalmente adentra e senta-se em uma das cadeiras.
- Pai, eu ainda não fui falar com a Dona Marta... Talvez seja melhor ir para Paris... aquela mulher me assusta, ela me olha como se fosse me matar.
- Marta? Ahahahhaa ela pode passar um ar um tanto... intimidadora, mas é uma mulher de bom coração.
- Ela não gosta de mim pai, desde do dia em que peguei sua bicicleta, acho que eu tinha... 5 anos ? Porque ela me odeia tanto?
- Fina minha filha, não seja exagerada!
- Não é exagero, desde do dia em que ela foi estudar fora e voltou toda com o nariz empinado, ainda mais agora casada com um medico, ela me olha como se eu não fosse ninguém.
- Ninguém ? Você é Josefina Valero e deve se orgulhar disso, uma mulher inteligente e determinada e que... Amanhã terá uma entrevista de emprego com a Dona Marta, as 10:00 da manhã.Isidro solta uma risada, ja esperando a reação de sua filha
- O QUÊ? Pai! Com todo o respeito, mas o senhor enlouqueceu ? Eu não acredito que o senhor fez isso comigo, eu... eu... não terei cara para enfrentar a Dona Marta.
Fina com a cara vermelha de raiva, continua andando de um lado para outro.
- Vai ficar tudo bem Fina, tenho certeza que irá impressionar à Dona Marta.
- Ai Pai, eu não sei, é que ela.... Ela é sempre tão fria, parece que não tem sentimentos. Más irei tentar! Eu já ajudei varias vezes no estoque na loja, seria mais uma formalidade.
- Justamente, voce conhece aquela loja muito bem, até poderia ser uma atendente.
- Não, não, acho que por agora eu posso me contentar trabalhando no estoque.
- Confio em você minha filha!
- Aiiiiiii! Obrigada pai! Você não tem jeito né ?!Fina se despede de Isidro e em um misto de alegria e ansiedade ela caminha pela sala da casa dos De la Reina quando esbarra com Marta entrando pela porta.
- Ai! Dona Marta! Me desculpe!
Fina ajuda a recolher os papeis de Marta que haviam caído pelo chão.
- Fina! Esta tudo bem, eu também não havia te visto!
- Perdão Dona Marta! É que eu não...Ao abrir um sorrir para Fina, Marta diz:
- Aqui sou apenas Marta!Pode me chamar assim.
Fina devolve o sorrido, o que faz Marta corar.
- Te vejo amanhã às 10am?
Ao dizer isso, Marta se surpreende consigo mesma pelo tamanho da cordialidade e alegria ao ver Fina.
- Prontamente! Até amanha Dona... quero dizer... Marta!
- Boa Noite Fina!Fina começa a andar em direção à a saída mas inconscientemente, vira-se para trás e se põe à admirar a elegância de Marta ao subir as longas escadas. Ela sempre admirou o refinanciamento de Marta, mas dessa vez seus olhos passeavam pelas curvas de Marta e pela primeira vez, ela se notou desejando tocar o corpo daquela mulher que sempre tão fria, lhe causou um um calor em seus lugares mais íntimos.
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Ps.: A música que inspirou esse capítulo inicial foi Desfruto - Carla Morrison
Espero que gostem :)