- Soraya?Senti uma mão acariciar desde meu ombro até meu pulso devagar, e abri os olhos com a mesma velocidade, acostumando minhas pupilas à pouca claridade do ambiente.
- Hm? – respondi, espreguiçando-me um pouco e abrindo os olhos de vez. A pele de Simone, que havia servido de travesseiro para mim durante as últimas horas de sono, ocupavam metade de minha visão, enquanto a outra metade era preenchida pelo interior do carro e pelos trechos do céu que os vidros me permitiam ver. Já estava começando a amanhecer.
- Acho melhor você voltar pra sua cama. – a mesma voz suave voltou a falar, enquanto sua dona me fazia um leve cafuné. – E eu, pra minha.
Suspirei preguiçosamente, sentindo seu perfume invadir meus pulmões, e por um segundo, o impulso de continuar ali com ela quase foi mais forte que a vontade de voltar para a cama com Rosângela.
- Não conseguiu mesmo dormir? – sussurrei, com a voz falha pelo sono, e ergui meu rosto para poder ver o dela. Fortes olheiras marcavam a região abaixo de seus olhos, respondendo à minha pergunta sem que ela precisasse dizer uma palavra.
- Digamos que você dormiu por nós duas. – ela sorriu fraco, e eu fiz o mesmo, um pouco envergonhada.
- Desculpa. – eu disse, sem jeito, e ela respondeu com um risinho.
- Se você tivesse roncado ou babado em mim, eu não desculparia. – ela retrucou, com a expressão levemente autoritária, e logo depois voltou a sorrir. – Mas você se comportou bem, então está tudo certo.
- Idiota. – resmunguei, sorrindo junto, e um silêncio incômodo se instalou entre nós. Desviei meu olhar do dela, sem mover mais nenhum outro músculo, mas pude sentir que seus olhos se mantiveram fixos em mim. Respirei fundo, sentindo meu coração acelerar por alguma razão desconhecida, e me esgueirei para o banco do carona para vestir minha calcinha. Simone fez o mesmo, mas só colocou a calça, mantendo-se sem camisa, só de sutiã.
- Bom... Vou entrar. – murmurei, encarando minhas mãos inquietas, que brincavam com a barra da minha camisola. Simone virou o rosto para me olhar, e eu resolvi fazer o mesmo, trêmula. Me afastar dela estava ficando cada vez mais difícil, mas eu não queria e nem iria me dar por vencida.
- Tudo bem. – ela respondeu, e aproximou seu rosto do meu, o suficiente para nossos lábios se encontrarem. Correspondi ao seu beijo calmo e inesperado, sentindo meu corpo arder para ir mais além, mas logo me afastei, ao contrário dela.
- Tchau, Sisa. – falei perturbada, deixando-a no vácuo e abrindo a porta do carro, mas ela segurou meu braço.
- Espera. – ela pediu, e eu soltei um suspiro contido, com o corpo tenso pelo nervosismo. – Só me responda uma coisa... Quando posso te procurar de novo?
Fechei os olhos por alguns segundos, buscando forças para dar uma resposta repreensiva, mas enganar a mim mesma não era meu forte. Muito menos enganar Simone.
- Você sabe onde me achar. – foi tudo o que consegui dizer, abrindo pesarosamente meus olhos e encarando os dela, com esforço para não me perder ali.
Um sorriso discreto apareceu nos lábios dela, que desviou seus olhos dos meus por alguns segundos, como se imaginasse o momento em que me procuraria novamente, e depois voltou a me encarar, agora com um brilho que eu conhecia bem ardendo em suas íris.
- Você também. – Simone murmurou, finalmente soltando meu braço e me permitindo sair do carro. Fechei a porta da Ferrari com cuidado para não fazer muito barulho, e caminhei lentamente até a soleira da casa, toda encolhida devido ao vento levemente frio que soprava. Sem conseguir resistir, olhei na direção do carro e a observei dar ré e sumir pela rua, me causando uma estranha sensação de vazio.
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My Biology - Simoraya
FanfictionO que fazer quando você se vê envolvida com sua professora de biologia, mas terrivelmente atraída por sua insuportável professora de laboratório ? Soraya não esperava pelas revoltas de seu último ano de colégio e nem que seus pensamentos seriam tom...