1~O primeiro inferno

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Im Chung-lee e Kim Jung-woo se conheceram no orfanato. Ambos têm uma história diferente, porém com o mesmo resultado: a morte de seus pais. Chung-lee vivia com a sua mãe, porém não tinha um pai. Um dia, quando ainda era bebezinho, sua mãe se matou. Seus avós não tinham condição de cuidá-lo, então o levaram para o orfanato. Já Jung-woo, tinha 10 anos quando sua família foi fazer uma viagem de carro, um desastre ocorreu e apenas sobrou ele vivo. Eles são iguais, até foram adotados pelo mesmo casal, porém, Jung-woo não é um humano normal...

Já com 15 anos, Jung-woo passou a odiar seu pai adotivo, ele era um cara escroto, vivia batendo em Chung-lee sem motivo aparente, mas sempre parecia que estava sob efeito de álcool. O que mais irritava Jung, era o fato de que, simplesmente, sua mãe não o deixava intervir, nem mesmo Lee deixava. Certo dia, estavam na mesa, prestes à jantar. Porém, Lee havia sido espancado há pouco tempo.

- Não vai comer, filho? - pergunta a mãe.

- Não sei se estou com fome... - responde Lee, de cabeça baixa.

- Tem certeza?

Lee assente com a cabeça.

Ele sobe as escadas e vai direto para o banheiro. A mãe olha para Jung, o qual parece com raiva.

- Você está bem, querido?

- O pai é um desgraçado... - ele serra os punhos.

- Eu sei disso, querido. Mas não pode deixar de tratá-lo como seu pai.

- Que pai? Eu não tenho há anos...

- Mas foi ele que te adotou!

- E pôs o Lee nesse inferno junto!

- Por que está com raiva?

- E POR QUE NÃO CALA A BOCA?!

Jung se levanta com raiva e sobe as escadas, batendo os pés.

No banheiro, Lee estava com um estilete na mão, prestes a se cortar. Ele queria acabar com isso, morrer era a única escapatória na cabeça dele. Mas ele tinha medo, medo de sentir dor por uma lâmina, medo de sangrar até a morte, medo de deixar Jung com mais raiva ainda... Ele respirou fundo, fechou os olhos com força e, quando ia encostar a lâmina em seu braço...

- Lee, está aí? - pergunta Jung, batendo à porta.

Isso o fez paralisar e arregalar os olhos diante de sua figura no espelho.
Ele guarda o estilete no bolso e sai, como se nada tivesse acontecido.

- O que foi, maninho? - pergunta Jung.

- Ah, nada não.

Ele vai até o quarto. Jung o segue.
Lee entra no quarto e tira a blusa, para trocar, revelando uma marca em suas costas. Seu pai o bateu com uma corda que estava no quintal.
Jung se espanta.

- O que rolou desta vez?

Lee dá de ombros.

- Não sei. Ele só bateu... De novo...

- Se quiser que eu mate ele, eu mato, tá?

- Não precisa disso. - ele veste a blusa, vira para Jung e sorri. - Eu estou bem!

A lua surge, deixando a cidade num breu, com apenas algumas estrelas e a grande lua minguante no céu à vista. Lee mal conseguia pegar no sono. Sua tentativa de suicídio foi sem sucesso, além de Jung quase ter descoberto, começou a mexer com sua mente. Ele então dá um pulo da cama. Jung-woo não estava em sua cama, e a casa parecia quieta. Ele desce as escadas, em busca de Jung. Procura em todos os cantos, mas sem sinal dele. Ele decide ir para o quintal, já que foi o único lugar da casa em que ele ainda não foi.

Lá, encontra sua mãe amarrada e amordaçada, próxima à pequena casinha de madeira, usada como depósito de ferramentas. Alguns metros distantes dela, umas pequenas manchas de sangue. Jung e seu pai não estavam em casa, muito menos por perto...

𝐏𝐄𝐑𝐈𝐆𝐎 𝐄𝐌 𝐒𝐄𝐔𝐋: 𝒖𝒎 𝒄𝒂𝒔𝒐 𝒅𝒆 𝑺𝒆𝒓𝒊𝒂𝒍 𝑲𝒊𝒍𝒍𝒆𝒓 1Onde histórias criam vida. Descubra agora