3~O suspeito

123 28 64
                                    

Depois de um pequeno tempo esperando, o sniper chega.

- Bom, é o seguinte. - eu falo. - Na rua onde a câmera está quebrada, um pouco mais à frente, existe uma estrutura quase abandonada. Um pequeno local feito de madeira. Se a câmera foi quebrada mesmo, então ele foi para aquela rua.

- Tá, mas como sabe disso? Nunca fomos para lá. - diz Shin.

- Eu já vim pra cá uma vez.

- Então ele escondeu as meninas lá? - pergunta o sniper.

- Provável.

Seguimos o caminho da rua da câmera quebrada. O parquinho ficava cada vez mais distante até sumir de vista. Um pouco mais à frente, já era possível ver a pequena casinha de madeira. Ela tem buracos nas paredes, além de um teto quase despedaçado. Nos aproximamos, um dos buracos na parede facilitou nós enxergamos o suspeito e as duas gêmeas dentro da casa.

- Deixa a gente ir. - diz uma das garotas.

- Cala a boca, criança estúpida! - diz o suspeito.

Diferente da testemunha daquela senhora, o homem já era mais velho, quase 36 anos de idade, era robusto e não tinha cicatriz, mas sim uma tatuagem no pescoço, mas não consegui ver do que era.

- Aquele não é o cara, né? - pergunta o sniper sussurrando, lendo as características na caderneta que Shin anotou.

- Não, mas não deixa de ser um suspeito. - diz ela.

Do lado de dentro, o homem pega uma das garotas pelo colarinho e ameaça cortar seu pescoço na frente da irmã, a qual não contém as lágrimas.

- Mira na cabeça dele. - eu sussurro.

- Vai querer que eu mate ele na frente delas?

- Se ele não morrer, então ele quem vai matar.

O sniper dá um suspiro preocupado e logo põe a ponta da arma num dos buracos, mirando na cabeça dele.

Eu vou até a porta, onde tem um cadeado. Pego uma pedra grande que está por perto e espero pacientemente o sniper atirar. Depois de uns segundos, é possível ouvir o disparo. Na mesma hora, eu acerto a pedra no cadeado com força, fazendo-a quebrar. A porta abre e tenho acesso ao lado de dentro.

As gêmeas olham para mim. O homem está caído no chão, com um furo na lateral da cabeça, com uma poça de sangue ao seu redor. A imagem era mesmo apavorante aos olhos de uma criança, talvez eu não deveria ter pedido para ele atirar... Mas foi preciso.

- Venham! - eu digo para as garotas.

Elas vem. Eu as acolho em meus braços.

- Está tudo bem agora, prometo.

Shin vai até o corpo do homem.

- Se ele não é o cara da testemunha, onde está o outro? - ela pergunta.

- Devem ter agido juntos, um sequestrou e o outro escondeu.

- Mas que droga! - ela chuta um dos caixotes que estava no chão.

- O que foi?

- Salvamos elas, mas não prendemos o cara...

- Ao menos matamos. - diz finalmente o sniper.

Eu suspiro.

- Vamos voltar logo, estou exausto...

Pegamos as gêmeas e voltamos para a delegacia. Quando viu as garotas, a mãe delas saiu correndo e abraçou elas. Depois, eu e Kai fomos para o vestiário, trocar de roupa. Eu estou na frente do meu armário.

- Como foi o resgate? - ele pergunta.

- Foi... Tranquilo.

- Que pena eu não ter ido.

Eu tiro a camisa. Ele também. Ele me olha, vendo as poucas e leves marcas nas minhas costas e braços.

- O que aconteceu com você?

- É antigo.

Eu ponho a blusa e me viro para ele. Assim que me viro, avisto ele pondo a blusa. Quando ele levanta o braço, é possível ver uma cicatriz de queimadura em seu braço esquerdo.

- E isso aí?

- O que? - ele repara que estou vendo sua cicatriz. - Ah, isso... É uma longa história.

- Entendi.

Eu começo a fechar meu armário e Kai vai indo embora. É quando me toco. Arregalo os olhos e olho para ele, o qual já está próximo da porta. "Mas que merda! Como não pensei nisso?", eu penso, "Ele defendeu as características 'comuns' do cara, é igual e tem até a cicatriz... Caceta!".

Eu saio do vestiário, procurando por Kai, mas ele simplesmente sumiu do corredor.

𝐏𝐄𝐑𝐈𝐆𝐎 𝐄𝐌 𝐒𝐄𝐔𝐋: 𝒖𝒎 𝒄𝒂𝒔𝒐 𝒅𝒆 𝑺𝒆𝒓𝒊𝒂𝒍 𝑲𝒊𝒍𝒍𝒆𝒓 1Onde histórias criam vida. Descubra agora