4~A inveja de Shin

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Kai não estava nos corredores, nem em mais nenhum lugar por perto. Eu então desisto, aliás, onde isso iria me levar? Eu volto para o nosso departamento, onde avisto Kai. O que tinha de diferente era sua blusa, pois ele vestia uma blusa branca, agora está com uma preta com detalhes cinzas... Me aproximo, com expressão séria.

- Aconteceu alguma coisa? - ele pergunta.

- Me dá seu braço.

- Que?

- Seu braço. Me dá.

Ele estende o braço, na mesma hora eu o agarro e analiso. Mas não tinha nada...

- O que foi?

- Merda... - eu digo soltando seu braço, me virando e indo para minha mesa.

- O que foi, cara?

- Não, nada.

Me sento. Na mesma hora, Shin sai do escritório do senhor Cho. Ela vem em minha direção.

- Parece que o Cho quer falar com o "queridinho".

Ela sai da sala.

"Como assim, 'queridinho'?".

Eu me levanto e entro no escritório.

- Com licença...

- Ah, Im Chung-lee, nosso veterano mais prudente e maduro! - ele se levanta e vem até a mim, de braços abertos, me convidando para um abraço.

Ele me abraça de forma amigável.

- Do que está falando, Senhor Cho?

- Você é muito bom no que faz, parece que subestimamos seu potencial...

- É sobre as gêmeas? Eu só fiz meu trabalho, senhor.

- Mesmo assim! Nós trabalhamos nesse caso desde o primeiro dia em que elas sumiram, já você, em menos de 26 horas, já resolveu e pegou o suspeito, digo... Matou o suspeito.

- Mas eu só fiz meu dever, senhor Cho. Não mereço aplausos ou coisas do tipo.

- Na verdade, merece sim, aliás, tenho seu presente.

Ele vai até sua bancada, abre uma das gavetas e tira dela uma pistola, calibre .32. Ele me entrega.

- É um presente pelo seu esforço, meu jovem!

- Eu agradeço. - pego a pistola e analiso. - Mas como se usa isso?

- Você terá um treinamento, espere mais um pouco.

~NO BANHEIRO~

Eu lavo meu rosto na pia. Me olho no espelho, soltando um leve sorriso orgulhoso para mim mesmo.

- Ganhar uma pistola assim, do nada? Caramba, se Jung soubesse...

Meus olhos se enchem de lágrimas. "Ah, Jung... Quanta saudade."

Eu saio do banheiro. Voltando para sala do nosso departamento. Na porta, eu consigo ouvir uma conversa.

- Por que está triste, Shin? - pergunta Kai.

- Isso é tão frustante...

- O que?

- Tudo isso... O Im chegou esses dias e já tem uma arma, mas e eu? Já estou aqui há uns bons meses, resolvi vários casos e o que acontece comigo? Fico de escanteio e não ganho nada?

- Ele fez um ótimo trabalho, não desmerecendo o seu, claro. Mas ele resolveu em um dia praticamente.

- Foi sorte de principiante, nada mais.
Eu senti que a conversa iria ficar meio embaraçosa, então eu entro.

- Ah, oi Chung-lee. - diz Kai.

Ela não fala nada.

- Senhorita Shin, pode me ajudar? Eu ainda não sei como mexer nessa pistola...

- Por que não espera o treinamento?

- E se eu precisar mais cedo do que esperava? Não quero ser imprudente... Na verdade. - Eu entrego minha pistola para Shin. - Pode ficar com ela, você merece mais do que eu.

Ela olha a pistola com cara de muxoxo¹. Depois olha para mim.

- Quer jogar na minha cara? Eu sei que você ouviu tudo por trás da porta.

- Eu não quero jogar na sua cara, pelo contrário, sei que foi sorte de principiante, mas você merece mais do que eu de qualquer forma.

Ela pega a arma.

- Só fico porque eu sei que mereço mais, mas não me chame mais para essas missões bestas que você tem.

Ela vai embora, antes esbarrando em meu ombro de propósito, mas foi de leve.

- Aliás, Chung-lee, eu poderia saber o porquê você quis ver meu braço hoje mais cedo?

- É uma longa história... Pergunte à Shin, ela vai te contar.

Eu me sento em minha mesa, esperando bater meu horário...

(Muxoxo¹: cara de desdém, pouco caso)

𝐏𝐄𝐑𝐈𝐆𝐎 𝐄𝐌 𝐒𝐄𝐔𝐋: 𝒖𝒎 𝒄𝒂𝒔𝒐 𝒅𝒆 𝑺𝒆𝒓𝒊𝒂𝒍 𝑲𝒊𝒍𝒍𝒆𝒓 1Onde histórias criam vida. Descubra agora