Ele.

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Oque é amar?

Oque seria isso? Eu realmente não sei.

Desde novo, nunca senti que fui amado de verdade — sempre meio incompreendido, julgado até mesmo excluído. Ninguém me entende. Ou talvez, eu devo achar que ninguém me entende.

Acho que teve uma época que eu experimentei o amor.

Tive um gato.

O nome era Soonie, amava aquele bichano! Ele era tudo pra mim, até que um dia Soonie fugiu de casa e nunca mais voltou, oque era estranho, porque ele sempre voltava.

Minha mãe dizia que os gatos procuravam um lugar tranquilo para morrer, para não nos preocuparmos.

Fiquei horrorizado.

Minha genitora não sabe, mas depois que ela me contara isso, na madrugada daquele dia fugi para procurar Soonie e... infelizmente ela estava certa.

Desde então, nunca mais tive coragem de ter outro gato. Gostaria que fossem eternos.

Continuando...

Acho que foi um dos breves momentos que eu amei algo.

Não! calma...

Não.

Não foi o único momento que eu amei, tinha ele.

Ele

Ele?

Sim, ele.

Han jisung, Han, Jisung, Hannie.

Foi algo que eu amei, no caso, alguém...

Alguém que amo até os dias de hoje.

Mas...

Infelizmente o tempo tirou-o de mim.

Calma, ele não morreu!

Acontece que, naquela época, éramos imaturos e jovens demais para compreender a situação.

Dando um contexto...

Eu, no auge dos meus 10 anos, conheci um garoto bochechudo que tinha os olhos mais bonitos que eu já vi. Ele era tão fofo!

Ele tinha acabado de se mudar para casa ao lado, era meu novo vizinho.

Minha mãe achou de bom tom levar um bolo de boas-vindas para os nossos novos vizinhos. Até hoje me lembro do cheiro daquele bolo, que, se eu não me engano, era de morango.

Enfim;

Preparamos o bolo e levamos até eles, foi bom, eles amaram a surpresa, a Senhora e Senhor Han eram muito gentis.

Anos se passaram e eu e ele desenvolvemos uma forte amizade, fazíamos tudo juntos, éramos como unha e carne.

Até que um dia ele se mudou. Eu tinha 16 e ele 15, lembro até hoje desse fatídico dia. Nessa época, já havia descoberto meus sentimentos por ele, mesmo não tendo coragem de me confessar. Mas, por conta do desespero momentâneo, confessei-me.

E nos beijamos.

Nos beijamos. Fora um beijo desesperado e desajeitado, era o primeiro beijo de ambos, honestamente bem feio para quem via de fora. Infelizmente, foi o nosso primeiro e último.

No outro dia... ele se foi.

Meus amigos um dia falaram para nós dois que Han conseguiria viver sem mim, mas eu não conseguiria viver sem Han.

Eles estavam certos. Merda.

Depois que ele se foi, eu mal saia de casa, realmente fiquei mal. Chan ia me visitar quase todos os dias para tentar tirar-me daquela tristeza profunda que sentia. Sem muito sucesso.

Até que em um determinado momento, cansei. Cansei de definhar em minha cama e resolvi esquecer ele.

Deu certo, realmente o esqueci, mas não esqueci do sentimento, eu esqueci Han Jisung, mas não esqueci que eu amava alguém.

Anos se passaram, especificamente 14 anos. Atualmente, tenho 30, sou formado em Veterinária e tenho um consultório bem famoso em Seul. Também dou aulas de dança nos meus — mesmo que raríssimos — tempos vagos. Tenho uma boa vida, reconheço isso.

Depois dele, nunca me relacionei emocionalmente com ninguém. Mesmo que nós nunca tivéssemos tido nada, não conseguiria me envolver com alguém sabendo que eu não gostava da mesma.

Ah, sim, eu era um puto que só transava e não se envolvia se é isso que você está pensando.

Mas tudo mudou quando eu vi ele novamente.

Ele

Era ele.

Não mudou nada, mas estava mais bonito.

Foi um encontro momentâneo, estávamos no mesmo restaurante, ele estava no outro lado do local, mas eu sei que ele me viu, eu olhei ele, ele me olhou. Nossos olhos se encontraram.

As memórias me atingiram com força nessa hora, tudo que eu lutei para esquecer, tudo que eu lutei para apagar, tudo voltou.

Voltou tão rápido que eu passei mal.

Sai daquele restaurante na mesma hora, não aguentei ficar lá, não esperava encontrar ele.

Vocês devem está me achando meio mesquinho, mas olhem meu lado, poxa. Imaginem encontrar o amor da sua vida depois de tanto tempo, o mesmo amor que nunca te deu notícias, que te prometeu mil e uma coisas, o mesmo que levou sua felicidade no mesmo dia que foi embora.

Acho que nessa altura do campeonato vocês perceberam que eu sou melancólico. Ha.

Comentei sobre o ocorrido com um amigo, Felix, uma das pessoas que eu mais confio na vida. Ele é uma amor de pessoa, amo esse garoto.

Felix me falou que sabia que Jisung estava na cidade, mas não me falou porque achava que eu havia o esquecido, que não é mentira... parcialmente.

Basicamente, Jisung se tornou um produtor musical bem famoso e ele acabara de abrir sua Gravadora em Seul.

Então ele conseguiu, nossa.

Ele já havia me falado há muito tempo que queria ser reconhecido no mundo musical, e pelo que parece, ele conseguiu.

Fico feliz por ele.

Depois desse dia do restaurante não nos encontramos mais, mas a todo momento torcia para que o destino juntássemos novamente.

O destino me atendeu

Eu o vi novamente

Vi ele

Ele.

Nessa ocasião, nos encontramos novamente em meu consultório veterinário, ele tinha levado seu cachorro Bbama para se consultar.

Bbama era fofo, igual o dono.

No momento em que entrou em minha sala com o seu animalzinho nossos olhares se encontraram, ficamos nos encarando por alguns segundos.

Foi um choque pra nós dois.

A consulta ocorreu conforme o esperado, Bbama estava bem, mesmo com a situação que me encontrava não deixei as memórias afetarem meu profissionalismo.

Mas no final da consulta ele virou para mim e falou:

"Foi bom te ver de novo, Min" e sorriu.

Min?

Min...

Ele me chamou de Min.

Faz tanto tempo que eu não escuto esse apelido...

"Foi bom te ver novamente também, Hannie".

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⏰ Última atualização: Aug 14 ⏰

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