Sentei-me na janela de meu quarto, a chuva que caía lá fora. As gotas de água escorriam pelo vidro, misturando-se em um borrão cinza que distorcia a visão do mundo exterior. O som da chuva era uma melodia constante em meus ouvidos que, de alguma forma, fazia a casa parecer ainda mais silenciosa e solitária.
- ahh - digo aliviadamente.
Dentro de casa, o silêncio era interrompido apenas pelos ecos de discussões abafadas que, tenham se tornado cada vez mais frequentes.
- Roberto!!! Você não lavou a louça e não fez a janta como pedi, será que você é surdo ou se faz? - Mãe.
- Ah, Juliana não começa a retrucar em meu ouvido, se você está encomodada faça você!!! - Pai.
Reviro os olhos ao ouvir tudo, a porta do meu quarto se encontra meia aberta, corri para fechar.
- Lá se vai os segundos de paz nesta casa. - Digo respirando profundamente.
Olho em volta do meu quarto, a luz suave da lâmpada na cabeceira de minha cama, revelando as paredes cheias de quadros, com Leões e versiculos da Bíblia, eu sempre achei lindo. Mas por trás desse quadro de paz e harmonia, havia dentro de min uma sensação persistente de inquietação.
- Porque dizem muito sobre o Senhor, mas não vejo nada...Por que vamos a igreja mas sempre é isso em casa?
- Por que de tantas as coisas... - minha voz já reduzindo seu tom.
E uma leve tristeza e angústia tomam conta do meu coração.
Meus pais, Juliana e Roberto, haviam sido os pilares de uma vida cristã exemplar no início. Com o tempo, contudo, o brilho dessa fé parecia ter se apagado. A convivência, que antes parecia perfeita e harmoniosa, agora era uma série de queixas e mal-entendidos.
Eu podia sentir a tensão nos jantares silenciosos e nas conversas interrompidas, me lembro dos domingos em que a igreja era um refúgio, um lugar de paz e segurança.
- Eu era criança...isso se persiste desde os meus 6 anos de idade. - meus olhos se enchem de lágrimas.
Me pergunto sinceramente sobre a essência de Deus. Na igreja, os pastores falavam de um Deus que era amoroso, justo, restaurador e sempre presente.
Mas na realidade do meu dia a dia, Deus parecia ausente, um conceito distante e intangível que não respondia às minhas perguntas nem se manifestava nas suas horas de necessidade.- Porque Deus?
Com meus pais frequentemente imersos em seus próprios problemas, eu passava horas sozinha, mergulhada em livros de orações, tentando encontrar respostas que não vinham. Era como se estivesse tentando decifrar um enigma impossível, uma busca por uma verdade que parecia escapar entre meus dedos.
No meio dessa crise pessoal, encontro consolo nos livros de teologia e nas conversas com pessoas da igreja que, embora bem-intencionadas, ofereciam respostas que não faziam sentido para minha mente inquieta. Cada palavra, cada prece, parecia ser uma peça do quebra-cabeça que eu não conseguia encaixar. Me perguntava sempre se estava sozinha em minha dúvida ou se outros também tinham se perdido em busca da verdade.
O reflexo da chuva na janela servia como um espelho para meu estado interior. Me vejo refletindo naquelas gotas que, apesar de sua persistência, nunca chegavam a formar um rio. Eu sei que minha jornada para encontrar a verdade sobre Deus não seria simples. Cada dia que passava parecia aumentar a distância entre eu e a fé.
- Por favor Senhor, se tu és comigo como todos dizem na igreja, se mostra presente aqui por favor...- já com meus olhos inchados de tanto chorar.
Adormeci em minha cama, acordei com a porta de meu quarto abrindo:
- Zoe, levanta logo dessa cama que hoje você tem escola. - Mãe.
- Mãe...não tô bem será que posso ir amanhã?- minha voz retraída.
- Não, não pode, você vai hoje e amanhã mocinha, anda logo porque não tô afim de gritar com você logo cedo. - aumentando seu tom de voz.
Reviro os olhos outra vez e abro meu guarda roupa para separar meu uniforme, me ajeito e desço para tomar café.
- Bom dia Zoe... - diz meu Pai com o celular em mãos sobre a mesa.
- Bom dia Pai, tudo bem com o Senhor?
- Tudo minha filha, senta aí comprei algumas coisas para o café vê se come algo antes de ir pra escola.
- Sim senhor...isso é goiabada?
- Sim filha, kkk sei que se gosta então comprei.
- Eu amo pai...no pão, maravilhosa, obrigada.
- Imagina, agora senta e come se não vai se atrasar...
- Sim senhor, Deus abençoe Pai.
- Amem a todos nós.
Sentei-me sobre a mesa e devorei aquele delicioso pão com goiabada e requeijão, minha mãe estava colocando as roupas pra lavar logo cedo. Saindo da lavanderia veio em minha direção com sua expressão brava dizendo:
- Ei mocinha, não quero saber de desculpas hoje, quero ver tudo limpo quando eu chegar se não o pau vai quebrar nessa casa! Digo o mesmo pra você viu Rodrigo!
- Sim senhora dona Juliana. - meu pai pronúncia com sua voz irônica e revira os olhos após direciona-los a min.
- Zoe, sua mãe e louca.
Por um segundo não aguentei e sorri levemente tampando minha boca para que ela não visse.
- Pai estou indo, bença fica com Deus tabom.
- Amém filha, vai com Ele também.
- Mãe?
- Que foi Zoe?- grita ela indo em direção a cozinha.
- Beijos, bença, fica com Deus.
- Amem Zoe vai com Ele também. E não esquece do que eu falei, casa limpa quando eu chegar ein!
- Sim Senhora...Tchau mãe...
Saio de casa pego minha bicicleta na garagem e pedalo a caminho da escola, não era muito longe então ia de bicicleta mesmo, com fone em meus ouvidos no volume 100, aproveitava a brisa e o vento que bagunçavam meus cabelos, o sol começava a raiar, uma visão tão linda.
Olá pessoal espero que tenham gostado desse capítulo.🥰
Vai ser uma histórias emocionante!🥺
Não esqueça de comentar e deixar sua estrelinha. ❤️
Fiquem com o próximo capítulo.
DEUS ABENCOE A TODOS❤️🙏🌻
VOCÊ ESTÁ LENDO
O meu Chamado para o Altar : Começo da Vida.
FanfictionO Meu Chamado para o Altar: Começo da Vida. Acompanha Zoe, uma jovem que cresce em um lar cristão, porem conturbado. 😢 Em meio a uma infância marcada pela superficialidade das relações e o desgaste do casamento de seus pais, Zoe vive uma constante...