Capítulo Único. <3

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O Kim andava calmamente pela calçada lotada enquanto ouvia "Hello" da Joy ecoar por seus fones de ouvido e sorria para quem quisesse ver o tamanho de sua alegria, e não era para menos afinal, depois de semanas atolado em trabalhos da faculdade de design, finalmente teria uma tarde livre e com a consciência limpa por já ter entregado tudo do que precisava.

Mas mesmo que estivesse brilhando mais do que o sol de tanta felicidade, estava exausto, apresentou vários trabalhos, projetos e seminários naquele dia, então a única coisa que precisava era ir para casa, voltar para a sua tão querida caminha de onde nunca deveria ter saído, e assistir os novos
lançamentos da netflix enquanto almoçava miojo.

E falando em miojo, sua barriga roncou, estava tão focado e atolado de coisas durante a manhã que acabou por se esquecer de comer, e por isso agora estava morrendo de fome. E pensando com o estômago, se lembrou que tinha uma padaria na quadra seguinte, descendo um pouco, fazendo seus olhos brilharem somente com a possibilidade de comer uma rosquinha recheada de doce de leite, passou a apressar os passos enquanto pensava sobre.

Não demorou mais do que um par de minutos para que estivesse em frente ao grande estabelecimento, mas seu enorme sorriso sumiu e seus olhos se arregalaram no momento que leu a palavra
"fechado" em grandes letras vermelhas.

Como assim estava fechado? Sem mais nem menos? Sem nenhuma explicação?

Bufou e revirou os olhos, pelo visto teria que achar outro comércio por ali perto para comprar do que comer.

Mas quando o Kim foi se virar em direção a rua, sentiu um pingo em seu nariz, franziu as sobrancelhas em confusão. Mais um pingo, e outro, e mais outro, estava chovendo, se amaldiçoou internamente por não ter trazido nenhum guarda-chuva consigo, e nem ao menos ter visto o tempo em seu celular antes de sair de casa.

Enquanto os pingos aumentavam rapidamente tornando a chuva forte, Sunoo procurava de um jeito desajeitado seu moletom em sua mochila, o colocando de qualquer jeito para tentar pelo menos se proteger um pouco da chuva, sem nem ao menos ligar de o moletom azul escuro estar amassado e
cheio de pelos de gato.

Colocou o capuz sobre os fios loiros e aproveitou o fato de sua mochila ser impermeável para tentar não se molhar tanto, o que não estava dando muito certo, já que não levou mais do que alguns passos para que já estivesse encharcado.

Começou a correr sem que a ideia de escorregar passasse por sua cabeça, só precisava encontrar um lugar que pudesse entrar para se abrigar da chuva, e lá esperar até ela parar para que conseguisse ir embora.

Mas parou de correr quando sentiu que onde pisava com água entrando em seu tênis não eram mais somente possas feitas dentro de buracos nacalçada e no asfalto.

Arregalou os olhos pela milésima vez naquele dia, não, não e não, aquilo não poderia estar acontecendo, não agora, de jeito nenhum.

Tentou manter sua visão focada - esta que estava embasada durante os últimos minutos devido aos respingos d'água - no que estava ao seu redor, quis se estapear ali mesmo quando percebeu onde estava e o que estava acontecendo.

Tinha vários e vários carros ao seu redor, estava em uma avenida no meio do trânsito, e a água que sentia em seus pés não era nada mais nem nada menos do que o rio subindo do outro lado da grande rua.

Isso mesmo, eu repito, o rio subindo. Com ele a pé.

A pé.

Puta que pariu, onde é que foi amarrar o seu burrinho!

Tentou não se desesperar, mas foi em vão, iria ter um piripaque ali mesmo enquanto ficava zonzo com o cheiro forte que sentia da fumaça dos carros.

Enquanto surtava, ouviu uma voz lhe chamar, e mesmo achando que foi uma alucinação decidiu verificar.

Gatinho salva vidas da cidade grande.Onde histórias criam vida. Descubra agora