8~A vizinha

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Depois de poucas horas, eu volto para a delegacia. O choro daquela senhora ficou ainda mais alto depois da notícia. Depois eu vou para casa, já que meu horário acabou e é de noite.

Eu estou no meu quarto, deitado em minha cama, olhando o teto com o braço por trás da cabeça. "O Jung não morreu?", eu penso.

- Impossível! Eu o vi morrendo na minha frente, bem no meu sofá... - faço uma pausa. - Com o Min-ho? Quem é esse cara? Como se conheceram? - eu ponho uma das minhas mãos no rosto. - Ah, chega de pensar! Onde isso iria parar? - me sento. - Preciso tomar um ar...

Eu ponho os sapatos e vou para fora do apartamento, indo para o terraço. Me debruço no parapeito, olhando para os carros do viaduto. Minha mente não para...

- Pyeong Hyun-soo... Pyeong Hyun-soo... - eu repito o nome, vendo como fica na pronúncia. Eu suspiro. - O desgraçado do meu pai adotivo até que tem um nome bonito... - eu arregaço a manga, olhando meu pulso, então olho para os carros no estacionamento, que era logo abaixo. - Se eu pular? Ou então me cortar? Vou fazer falta a alguém? - eu rio. - Se tudo isso que está rolando, acontecesse há três anos atrás, eu não pensaria duas vezes...

Sinto uma pessoa se aproximando. Uma jovem, aparenta ter um pouco menos do que minha idade, se aproxima no parapeito, ficando ao meu lado. Eu a olho.

- Falando sozinho? - ela pergunta, sem olhar para mim.

- É... Não é nada.

- É policial?

- Detetive da polícia.

- Entendi...

Eu a olho.

- Mas como sabe disso?

- Eu te vigio há um tempinho. - ela se balança, ainda segurando o parapeito.

- Por quê?

Ela dá de ombros.

- Você parece interessante, só isso.

- Tá legal... - eu volto a olhar o viaduto.

- Aliás, quem era aquele cara que foi no seu apartamento?

- Meu irmão.

- Ele morreu, né?

Eu assento com a cabeça. Ela põe a mão em meu ombro.

- Sinto muito.

Eu a olho, mas logo volto a ver os carros, ignorando ela. Ela tira a mão.

- Me chamo Park Jin-ha, e você?

- Im Chung-lee.

- Sabia que sou sua vizinha?

Eu a olho, com impaciência. Sinto que ela queria falar de outra coisa, mas não quis entrar no assunto.

- Desembucha, o que você quer?

Ela suspira.

- Eu queria me matar, mas você já estava aqui...

- Por que se mataria? - digo com a sobrancelha arqueada.

- Eu sou uma modelo, ganho bem, mas não sou feliz... Sabe, o meu namorado foi prestar serviço militar, mas me disseram que houve um confronto interno, o que levou ele à morte... - ela faz cara de choro. - Eu amo ele, amo tanto que, sem ele, eu me sinto morta por dentro...

- Qual o nome dele?

- Kang Min-ho...

"Aquele seu irmão não morreu não, ele tá bem vivo com um tal de Min-ho...", me lembro das palavras daquele homem antes de morrer. Eu respiro fundo.

- Não se mate, não vale a pena acabar com a própria vida por conta de outra pessoa.

- Eu sei disso, mas eu sinto um vazio em mim...

- Ué, arranje outro, existem vários caras por aí.

- Mas nunca será a mesma coisa...

- Mesmo assim, pode ser melhor do que o primeiro.

Ela faz um silêncio, mas logo o quebra.

- Ele tinha um amigo, mas ele foi para o exterior... - ela se distancia do parapeito e se vira para mim. - Bom, agradeço suas dicas, mas ainda quero sumir.

Eu suspiro.

- Então suba nesse parapeito e se joga, não é difícil. - digo com ironia.

Ela faz exatamente o que eu digo. Eu arregalo os olhos.

- É brincadeira! Não se jogue! - eu digo desesperadamente, rindo de ansiedade.

- Eu vou pular, é isso! Será melhor.

- Você não quer morrer! Você só está com um vazio em seu coração! Vamos, desça daí.

Ela fica parada, sem reação alguma. Eu me aproximo lentamente, pronto para ajudá-la a descer dali. Ela se vira, com um olhar de arrependimento. Assim que eu ia pegar em sua mão, ela se desequilibra para trás. Eu corro, conseguindo pegar em sua mão antes que pudesse cair. Ela gritava pela vida, e eu a segurava com força. Eu tento puxar, mas ela é pesada.

Eu puxo ainda mais forte, com as duas mãos. Ela pega no parapeito, me ajudando a ajudar ela. Eu puxo com muita força, fazendo ela cair por cima de mim, no chão. Nós ficamos ofegantes, o peso dela, quando caiu em cima de mim, machucou minhas costas. Ela se levanta, me deixando no chão. Ela vai embora, sem nem falar nada.

Após um pequeno tempo, me levanto. Minhas costas doem. Eu limpo minha calça, "de nada por ter te salvado...". Eu volto para meu apartamento, indo pôr o pijama, para dormir. Eu não estou com sono, então decidi mexer no celular. Aproveitei para pesquisar uma coisa importante, quase antiga.

Eu pesquiso sobre o sangramento nasal que tive, aliás, isso nunca tinha acontecido antes. "Sinusite? Desvio de septo?... CÂNCER?", eu começo a rir, para esconder meu desespero para mim mesmo. "Isso é bobagem...!".

- Se o sangramento persistir, procure um otorrino... - dou de ombros. - Se acontecer mais uma vez eu vou...

Eu guardo o celular no criado mudo, e indo dormir logo em seguida...

𝐏𝐄𝐑𝐈𝐆𝐎 𝐄𝐌 𝐒𝐄𝐔𝐋: 𝒖𝒎 𝒄𝒂𝒔𝒐 𝒅𝒆 𝑺𝒆𝒓𝒊𝒂𝒍 𝑲𝒊𝒍𝒍𝒆𝒓 1Onde histórias criam vida. Descubra agora