trinta e nove | teatro

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"Você sempre lê minha mente como uma carta

Quando tenho frio você está ali como um suéter

Porque é assim que gostamos de fazer

É assim que gostamos

Nunca deixarei o mundo tirar o melhor de você

Toda noite quando estamos longe um do outro, eu ainda estou perto de você

Porque é assim que gostamos de fazer

É assim que eu gosto."

Made in the USA | Demi Lovato

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Corri pelos corredores já vazios da faculdade, o que só mostrava o quão atrasado eu estava. Quando cheguei em casa com o Paçoca, ele parece ter esquecido o quão letárgico estava por ter comido toda aquela comida, porque correu por toda a sala, subindo e descendo do sofá, não se importando em passar por cima das pessoas, que riam de toda a energia e felicidade que ele demonstrava.

Nem preciso dizer o quão encantados meus pais ficaram com ele, em poucas horas conseguiu conquistar a todos com a sua carinha fofa e toda a energia que ele tinha. Mal conheceu meus pais e irmã, correu até meu quarto e voltou trazendo alguns de seus brinquedos para mostrar a eles, que riram e brincaram com ele.

Passamos boa parte da tarde e o resto da noite assistindo filmes e conversando, o que resultou no meu atraso dessa manhã. Além de ter ignorado meu alarme e acordado atrasado, minha mãe não me deixou sair sem comer, o que me deixou ainda mais atrasado.

E para piorar, meu primeiro horário era com Otávio Fontana, o professor de traumatologia, e ele odeia atrasos em sua aula.

Derrapei o pé para conseguir reduzir minha velocidade quando avistei a porta da minha sala e coloquei as mãos no joelho para recuperar o fôlego, e só depois de alguns segundos levantei o olhar e vi o professor parado, com os braços cruzados, uma das sobrancelhas erguidas e uma cara de poucos amigos.

— Senhor Rios, não recebi nenhum aviso do seu treinador para justificar o seu atraso, e como seu colega de time já está na minha aula, imagino que não tenha tido um compromisso oficial com o time de futebol. — não era uma pergunta, então só respirei fundo, ainda tentando recuperar o fôlego.

— Desculpe, senhor Fontana. — pedi um pouco desconfortável com toda a atenção voltada para mim — Eu perdi a hora. — justifiquei, mas o professor manteve a mesma postura.

— Além de precisar de um despertador, o senhor também precisa de um mapa para encontrar seu lugar? — neguei com a cabeça e finalmente terminei de entrar na sala, ignorando os olhares sobre mim e me sentando próximo a Tina, que segurava para não rir.

— Cala a boca! — sussurrei bravo para ela enquanto me sentava, e a ruiva abaixou a cabeça e se escondeu atrás dos cabelos para evitar receber uma prensa também.

O professor Otávio voltou a dar a explicação e hora ou outra estava sempre com o seu olhar em mim, acho que acabei de me tornar seu alvo favorito, ouvi dizer que ele sempre encontra um. Algum tempo depois ele pediu para nos dividirmos em dupla, e a ruivinha fez bico e bateu os cílios em minha direção, me fazendo rir.

— Agora voltei a ser bom para ser sua dupla?

— Nunca deixou de ser, bobinho. — respondeu sorrindo ao mesmo tempo em que negava com a cabeça.

Linhas Invisíveis - Theo's VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora