cap 3

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A chuva caía forte do lado de fora, enquanto eu me encontrava em um cenário que jamais imaginei ou previ. Sanji estava sentado no meu colo, chorando como uma criança em meu ombro. Eu o abraçava, tentando acalmá-lo e secando suas lágrimas.

— Está tudo bem, já passou — murmurei, fazendo cafuné em sua cabeça.

— Marimo, você me acha atraente? — Quando ele me chama assim, tudo parece tão diferente.

— Você é muito atraente — respondi. Ele então levantou o rosto, me encarando com aqueles olhos azuis que, naquele momento, estavam avermelhados. — Se sente melhor? — Ele assentiu com a cabeça. — Posso saber o motivo de você estar tão sensível?

— Desculpa por ter gritado com você hoje mais cedo. Você estava sendo tão legal, e eu acabei te tratando muito mal.

— Não tratou, não. Está tudo bem.

Ele parecia tão indefeso, e mesmo sabendo da sua força quase demoníaca, naquele instante ele era como um pequeno coelhinho inofensivo. Sanji se levantou do meu colo e começou a arrumar as coisas que trouxe, devolvendo-as para a grande sacola.

— Já está tarde, preciso voltar para o meu quarto.

— Tá brincando? Está caindo o mundo lá fora, você não pode sair assim, vai acabar ficando doente — falei, tirando a sacola de sua mão. — Durma aqui essa noite.

Ele me olhou pensativo, então aceitou. Senti uma onda de empolgação percorrer meu corpo. Sanji subiu na cama e nos deitamos de frente um para o outro, cobertos até o pescoço. Embora estivéssemos frente a frente, ele evitava olhar nos meus olhos, o rosto ruborizado, enquanto eu o observava, apreciando cada detalhe daquela visão de tê-lo deitado ao meu lado.

— E quanto a você? Me acha atraente? — perguntei, e então ele me encarou espantado.

— Sim! — respondeu atrapalhado, me fazendo sorrir nasal.

— Que bom, porque eu acho você a coisa mais atraente do planeta inteiro — Falei sorrindo e então ele cobriu o rosto com as mãos — Oque foi? — Disse tirando suas mãos revelando um rosto que aparentava querer explodir a qualquer momento — Tá tudo bem? — Perguntei preocupado.

— Eu estou bem — ele disse pressionando o rosto contra meu peito, então o abracei — você é tão idiota.

Eu poderia dizer que depois disso tivemos uma noite quente, mas apenas permanecemos naquela mesma posição até adormecermos. E, por incrível que pareça, acho que aquilo foi mais prazeroso do que qualquer fantasia molhada que já tive com ele.

Quando abri os olhos pela manhã, ele já não estava mais na cama. Eu já imaginava que algo assim poderia acontecer, então não me senti mal. Afundei o rosto no travesseiro, tentando captar o cheiro dele uma última vez antes de me levantar. Surpreendentemente, encontrei um pequeno prato sobre minha cômoda com um biscoito.

Será que ele se lembra de ontem? E se ele deixou isso aqui, será que não vê o que aconteceu como algo ruim? Esse pensamento definitivamente iluminou ainda mais o meu dia. Comi o biscoito e saí radiante do quarto. Caminhei até a cozinha à procura do loiro, mas não o encontrei. Fui, então, até o convés, onde todos estavam envolvidos em suas atividades cotidianas. Sanji estava servindo chá para Nami, e de longe ele me avistou. Caminhei até ele, sorridente e acenando, mas, para minha surpresa, ele não sorriu de volta. Passou por mim sem sequer me cumprimentar.

Observei-o, confuso, enquanto ele seguia direto para a cozinha sem olhar para trás, o que destruiu completamente as minhas duas teorias: a de que ele estava bêbado demais para lembrar e a de que ele se lembrava, mas não de forma negativa. "Mas que diabos foi isso?", pensei, enquanto continuava meu caminho até a guarita do mastro, onde costumo treinar.

Luxúria  - Zorosan Onde histórias criam vida. Descubra agora