A casa dos Styles não ficava longe da igreja onde seu tio era reverendo; na pequena cidade, quase tudo estava perto. No banco de trás do carro, Harry e sua irmã Gemma viajavam enquanto o tio conversava animadamente com a esposa, provavelmente sobre assuntos da igreja. Todos estavam vestidos com roupas formais e bem ajustadas, dando a impressão de uma família perfeita.Lá fora, o frio inglês era implacável. Mesmo dentro do carro, o ar gélido do lado de fora era perceptível. O céu estava cinza e uma fina chuva caía incessantemente desde o entardecer anterior. Apesar de ser dia, as ruas continuavam iluminadas apenas pelos postes.
Quando estavam se aproximando da igreja, Harry avistou Louis Tomlinson encostado em seu carro antigo. Louis parecia intocável com sua jaqueta de couro, topete e pele naturalmente bronzeada. Ele parecia não pertencer àquela cidade cinzenta, e Harry achava que talvez nenhum lugar seria suficiente para alguém tão único e inabalável quanto Louis.
Harry se perguntou por que Tomlinson estava fumando sozinho ao lado do carro. Não era comum vê-lo sem seus amigos ao redor, ele parecia estar mais autêntico e livre sem a companhia dos admiradores. O carro seguia lentamente e, movido pela curiosidade, Harry não conseguia desviar o olhar. Louis tinha o poder de capturar toda a atenção com seus profundos olhos azuis. A cidade inteira conhecia Louis William Tomlinson, filho de um soldado que morreu em combate. Louis morava sozinho em uma casa isolada, pois sua mãe e irmãos se mudaram para Nova Iorque, e ele optou por ficar. Ele era admirado por sua independência e riqueza, mas também enfrentava o ódio de alguns. Harry achava que havia algo mais em Louis do que o que aparentava, já que ele parecia ser uma figura sem fraquezas ou emoções visíveis.
Quando seus olhares se encontraram, foi de uma forma intensa e profunda. Aqueles olhos azuis pareciam tão imensos que Harry sentiu como se estivesse se afogando neles. Louis estava ao telefone, mas parou de falar e fixou o olhar em Harry de maneira tão penetrante que parecia capaz de perfurar. O calor que emanava dos olhos do garoto era algo que Harry nunca havia experimentado antes. Foi um momento que durou pouco, mas foi um dos mais intensos de sua vida. Ele não conseguia explicar como ou por que aquilo aconteceu, mas a sensação deixada pelo olhar de Louis era inesquecível. O frio que sentia anteriormente parecia ter desaparecido.
— Olha lá, Louis Tomlinson — disse Gemma ao vento, sem direcionar a ninguém em particular.
— Como será que ele consegue fumar tão cedo? Está tão frio lá fora.— Há alguma regra sobre horário para fumar? — Harry perguntou, achando a questão estranha. As pessoas fumam quando têm vontade.
— Isso realmente importa? Vocês dois não deveriam sequer prestar atenção nesse marginalzinho — disse o tio com desprezo. Seu tio tinha uma aversão tão grande a Louis e sua família que poderia criar uma associação contra eles. Ele desprezava a liberdade e a coragem que Louis e sua família tinham, vivendo suas vidas com suas próprias regras. Para o tio, todos deveriam ser submissos a Deus, conhecer seu lugar, ser obedientes e temer a Deus. Era assim que Gemma e Harry eram, ao contrário, Louis e sua família não eram.
Na igreja, Harry tentava prestar atenção ao que seu tio dizia, mas sua mente vagava para o dever de casa que faria com Niall mais tarde, o chá que tomaria com Calum e, principalmente, para os intensos olhos azuis que pareciam comunicar algo que ele não conseguia entender. Quando percebeu, seu tio já estava se despedindo dos fiéis e os guiava até o carro. Harry fez suas rezas silenciosas, pedindo perdão a Deus por não ter prestado atenção e pelos pensamentos impróprios que tivera, especialmente em um lugar sagrado.
Naquela noite, Harry sonhou que se afogava naqueles olhos azuis. Ao acordar, sentia-se envergonhado por ter sonhado com Louis. Ele sabia que era diferente dos outros e não tomaria nenhuma atitude sobre a forma como seu corpo reagiu. Assim, fez suas preces mais uma vez, pedindo perdão a Deus.
— Perdoe-me, perdoe-me... — Harry repetia até adormecer novamente, continuando a repetir a súplica mesmo enquanto dormia.
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Walls - LS
FanfictionMas as coisas que eu quero fazer- eu quero fazê-las com você. Estamos claros? Eu só quero passar um tempo com você, podemos ir agora?" Louis não soa ou parece tão feliz quanto quando chegou aqui, é óbvio que falar sobre como ele se sente sobre algo...