18 de novembro, 2028
TóquioAlaranjadas folhas despediam-se do seu hábitat amadeirado por consequência da forte ventania presente nos últimos dias, graças a chegada do outono. Sakura observava através da janela os galhos se mexerem, e algumas folhas secas voarem para dentro de seu quarto, junto com o frio que a fazia cruzar os braços, abraçando-se. De todas as estações, essa era a que ela menos gostava.
Não entendia muito bem o que acontecia, mas toda a paleta de cores daquela época a deixava triste, tudo cinza, sem vida. O que ajudava o humor em que se encontrava quase todos os dias.
Ela não tinha vontade de nada.
Às vezes era pega olhando para o nada mas pensando em tudo.
Se considerava uma observadora. Seu maior passatempo era olhar pela janela. Ver a vida, imaginar que cada um que passasse em frente a sua casa tinha seus próprios problemas, seus medos e felicidades. Principalmente quando se encontrava sozinha em casa.
Mesmo com seus pais e irmão morando consigo, Sakura se sentia sozinha. Todos os seus dias eram iguais. Um ano após terminar a vida escolar, ela não podia entrar em uma universidade. Seus pais não queriam gastar o dinheiro que juntaram para o futuro de Hayato, - seu irmão - com ela.
Sua única opção era trabalhar, a Haruno trabalhava em uma loja de conveniência de um bairro longe, todos os dias tinha que pegar dois ônibus. Ver inúmeras diferentes pessoas interagindo em um mesmo ambiente, suas expressões falavam uma coisa mas suas bocas as contradiziam.
Chegava no trabalho às 9:45h, virava a placa de aberto e fechado, sinalizando que seu turno começava naquele instante. Forçava seu sorriso quando algum cliente entrava, seu chefe já havia a ameaçado, muitas pessoas comentaram que a Haruno tratava-os com má vontade, já que sua expressão permanecia a mesma vazia de sempre.
Às 18:45h outro funcionário chegava, significava que era hora de Sakura ir embora. Seu suspiro era audível e longo, fazendo com que o funcionário a olhasse de lado com as sobrancelhas arqueadas. Ela pegou sua mochila e saiu da loja, olhando o relógio vendo que tinha parado, outro suspiro foi feito.
Sakura olhou para o céu vendo que a lua estava mais brilhante hoje, porém não havia estrelas. Andou até o ponto de ônibus e sentou no banco, olhava para os dois lados aguardando-o, mas nenhum sinal dele. A Haruno começou a ficar ansiosa, pegou o celular e já eram 19:12h, impossível o ônibus já ter passado.
Foi aí que ela percebeu que era a única naquele lugar. Sakura levantou a cabeça e fechou os olhos, respirando o ar puro antes de levantar do banco e começar a andar. O que mais ela deveria fazer?
Com os braços cruzados e o capuz do moletom em si, ela tentava se proteger do frio, mas não parecia funcionar muito bem, algumas lojas estavam fechadas, outras abertas, mas o movimento estava mais fraco.
Quem iria sair nesse frio?
O barulho de notificação do seu celular a tirou de seus devaneios, ao identificar que era seu irmão, ela já sabia que ele queria algo. Às vezes ela se perguntava se era realmente filha de seus pais. Mebuki mal falava com ela, e Kizashi fingia que ela não existia. Para eles, apenas Hayato importava.
“Compra uma pizza pra mim”
Apenas isso.
Sakura olhou para os lados procurando uma pizzaria ou uma loja de conveniência mas não encontrava. Ela lembrou que algumas ruas depois poderia encontrar alguma pizzaria. A cada passo que ela dava entrando em uma rua deserta, seus sentidos foram ativados.
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Ondas de Sangue
FanfictionO fim da paz mundial possui um cronômetro, que foi ativado há mais tempo do que imagina-se. Experimentos de laboratórios ilegais criaram uma nova forma de vida, que tinha um único objetivo: a infecção humana. Sakura, que tinha uma vida simples e nor...