Capítulo 1 - Mais uma vez

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Departamento de Polícia de Silver Springs

O som dos teclados ecoava pelo departamento, misturado às conversas baixas e o farfalhar de papéis. Samantha Blake passava pelo corredor, ignorando os olhares furtivos e os cochichos que se seguiam após sua passagem. Ela mantinha a postura firme, cabeça erguida, mas dentro de si, um sentimento de desconforto crescia.

Sam se aproximou de sua mesa, agora vazia do outro lado. Seu último parceiro, mais um na lista, havia pedido transferência. Ela mal teve tempo de conhecê-lo antes que ele fosse embora. "A culpa é minha?", pensava ela, mas logo afastava a ideia com um sacudir de cabeça. Não tinha tempo para essas emoções, não ali.

"Ei, Sam, ouvi dizer que você está novamente 'solteira'", provocou um dos detetives da mesa ao lado, um sorriso malicioso no rosto.

"Qual é o recorde agora? Dois meses? Três?" disse outro, rindo baixinho.

Sam lançou-lhes um olhar cortante. "Não te dei intimidade para me chamar assim. Cuidem das suas próprias vidas, ou vou cuidar eu mesma", retrucou, sua voz baixa, mas carregada de ameaça. Os colegas riram nervosamente e voltaram ao trabalho, mas o sentimento de isolamento em Sam apenas se aprofundou.

Alguns minutos depois...

"Blake, preciso falar com você", a voz de Joe Matheson, o chefe do departamento, soou firme, mas com um toque de preocupação. Sam entrou na sala, fechando a porta atrás de si. Matheson a conhecia desde pequena, era amigo de seu pai e sabia que aquela postura durona escondia algo mais profundo.

"Senta, Sam", ele disse, gesticulando para a cadeira à frente de sua mesa. Ela obedeceu, cruzando os braços, como se estivesse se preparando para uma reprimenda.

"Eu ouvi sobre o que aconteceu com o Sanders", ele começou, escolhendo cuidadosamente as palavras. "E já é a terceira vez este ano que um parceiro seu pede transferência."

Sam não respondeu, apenas manteve o olhar firme no chefe, mas seu silêncio era eloquente.

"Samantha," ele suspirou, "Você é uma das melhores que temos aqui. Não há dúvidas disso. Mas seu temperamento... está afastando as pessoas. Eu sei que você não faz por mal, mas isso está se tornando um problema."

"Se estão com medo de trabalhar comigo, talvez não sejam bons o suficiente para estarem aqui", Sam retrucou, a voz ligeiramente mais alta do que pretendia.

Matheson inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos na mesa. "Sam, eu conheci seu pai. Ele também era um grande detetive, mas ele sabia a hora de ceder, de trabalhar em equipe. Você precisa encontrar um equilíbrio."

Ela desviou o olhar por um momento, encarando a janela do escritório, tentando manter a fachada inabalável. "Você vai me dispensar?" perguntou finalmente, a voz mais baixa, quase como se temesse a resposta.

"Não, eu não vou. Mas você precisa entender que, se continuar assim, vou ser obrigado a tomar medidas. Eu não quero fazer isso, Sam, mas você precisa melhorar."

Ela respirou fundo, tentando absorver as palavras. Matheson sabia que ela tinha potencial, mas também sabia o quanto ela se fechava para os outros.

"Vou te encontrar um novo parceiro", disse ele, suavizando o tom. "Mas preciso que você faça um esforço para trabalhar melhor em equipe. Sei que é difícil, mas você consegue."

Sam assentiu levemente, incapaz de discutir mais. "Certo", disse finalmente, levantando-se para sair. "Vou tentar."

Apartamento de Samantha

O apartamento de Sam era pequeno, mas confortável. Depois de um longo dia, ela trocou a roupa de trabalho por um pijama de patinho que destoava completamente da imagem durona que mantinha durante o dia. Colocou uma máscara facial, tentando relaxar enquanto se servia de uma generosa porção de sorvete.

Sentada no sofá, com a TV ligada em uma série policial, ela soltou um suspiro cansado. A ironia da situação não passava despercebida. Lá estava ela, uma detetive durona, assistindo ficção sobre o que fazia todos os dias. Mas ali, no silêncio do seu apartamento, com o sabor doce do sorvete e a máscara refrescante no rosto, ela finalmente permitiu que a fachada caísse.

Sozinha, longe dos olhares julgadores e das piadas dos colegas, Sam se sentia vulnerável. Mas também determinada. Determinada a encontrar um jeito de fazer as coisas funcionarem, de mostrar que não era um problema sem solução.

Ela sabia que o próximo parceiro poderia ser o último, e estava disposta a tentar, por mais que isso doesse. A série continuava na TV, mas Sam já não prestava atenção, perdida em seus próprios pensamentos.

O som do alarme do celular a trouxe de volta à realidade. Já era tarde, e um novo dia a esperava. Ela apagou a TV, guardou o sorvete, e foi para a cama, pronta para enfrentar o que viesse a seguir.





Por hoje é so pessoal.

Ate a proxima.


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⏰ Última atualização: Aug 18 ⏰

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