Cap 12

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Meus olhos se arregalaram de susto, embora eu estivesse exausta e desnorteada que ainda não tinha certeza de estar acordada ou dormindo.

Algo arranhou a janela de novo o mesmo som agudo e fino.

Confusa e desajeitada por causa do sono, tropecei para fora da cama e fui até a janela piscando pelo caminho para me livrar das lágrimas que haviam ficado em meus olhos.

Uma forma escura e enorme se balançava, instável do outro lado do vidro, inclinada na minha direção como se fosse se atirar contra a janela.

Recuei apavorada, minha garganta se fechando em um grito.

Imra.

Ela veio atrás de mim.

Estou morta.

Alex e jeremiah também, merda eles não.

Sufoquei o grito que se formava. Tinha que passar por aquilo em silêncio. Para evitar que Alex aparece ali.

E depois uma voz rouca e familiar chamou do lado de fora.

- Kara! - Sibilou - Aí! Droga, abra a janela.

Precisei de dois segundos para me livrar do terror e ir até a janela.

- O que você está fazendo aqui ? - disse ofegante.

James se segurava de maneira perigosa no alto da árvore que crescia ao lado da minha janela.

- Estou tentando cumprir - ele bufou de raiva, fazendo o peso para trás e para frente, enquanto o alto da árvore o sacudia - minha promessa!

Pisquei os olhos turvos e úmidos, de repente certa de que eu estava sonhando.

- Quando foi que prometeu se matar caindo da árvore ?

Ele bufou sem achar graça.

- Saia da frente - ordenou.

- O quê ?

James balançou as pernas de novo, para trás e para a frente, aumentando o impulso. Entendi o que ele queria fazer.

- James, não!

Mas mergulhei para o lado, porque era tarde demais. Com um grunhido ele se atirou contra minha janela aberta.

Ele caiu no chão do meu quarto em um baque surdo.

Nós dois olhamos a porta, prendendo a respiração. Alex não gostaria de ver ele no meu quarto essa hora.

Um sorriso largo se espalhava pelo rosto dele.

- Eu vim me desculpar.

- Eu não aceito - tentei empurrar ele de volta para a janela.

- Eu não devia ter falado com você daquele jeito, eu sinto muito Kara.

Ele parecia dizer a verdade, com uma cara arrependida.

Sacudi a cabeça cansada.

- Eu não estou entendendo nada.

- Eu sei, eu quero explicar, mas não posso.

- Por quê?

- Você já teve um segredo que não podia contar a ninguém? - me perguntou.

Eu assenti, estreitando os olhos.

- Acho que tem um jeito de resolvermos isso... Porque você sabe disso Kara. Não posso lhe contar mas se você adivinhasse ! Isso me livraria de uma situação complicada.

- Você quer que eu adivinhe ? Adivinhar o que ?

- O meu segredo! Você consegue... Sabe qual é a resposta.

Nada do que ele dizia fazia sentido.

- Espere deixe eu ver se posso te dar umas dicas - ele pensou por um momento - Se lembra de quando nos vimos na praia ? Sobre o que conversamos ?

Eu respirei fundo tentando me concentrar.

- Sobre meu carro...

Ele assentiu, me incentivando a continuar.

- Fomos dar uma caminhada...

James assentiu, parecendo ansioso.

Minha voz quase não tinha som.

- Você me contou histórias de terror... Lendas dos quileutes.

Ele fechou os olhos e os abriu de novo.

- Sim, você se lembra do que eu disse ?

Sem perceber o que estava acontecendo James tinha me contado o que eu precisava saber naquele dia... Que Lena era uma vampira.

- Se lembra de toda a história? - ele perguntou ansioso.

Minha cabeça se agitava. Só uma história me importou de fato.

- Você sabe Kara, você sabe - murmurou James para si mesmo.

Ele suspirou se virando para mim.

- Posso lhe fazer uma pergunta ? - disse em um tom sarcástico - Estou morrendo de vontade de saber.

- Sobre o que ? - murmurei cansada.

- Você realmente não sabia ? Fui eu quem lhe disse o que ela era ?

Como ele sabia disso ?

- Entende o que quero dizer com lealdade ? - murmurou ele - É o mesmo comigo, só que pior. Você não pode imaginar como estou preso a isso.

O rosto de Sam apareceu na minha mente.

Comigo tudo aquilo era involuntário. Eu protegia os luthors por amor, não correspondido, mas verdadeiro. Com James não parecia ser dessa forma.

- Existe algum jeito de você se libertar ?

- Não... Estou preso nisso a vida toda.

- E se nós fugirmos ? Só você e eu ? E se deixarmos Sam para trás.

- Não posso fugir disso Kara, mas eu fugiria com você se pudesse - ele suspirou novamente - Olhe eu tenho que ir embora, não posso correr o risco de sua irmã me pegar aqui.

Antes que eu pudesse protestar James foi novamente até a janela desaparecendo de vista.

Não demorei a deixar o sono me levar.

Acabei tendo outro sonho, esse era diferente do sonho de sempre.

Eu estava na floresta de La Push, perto da praia. Eu tinha certeza disso.

James estava ali. Ele pegou minha mão me puxando para a parte mais escura da floresta me tirando do sol.

" Qual o problema ? " - perguntei.

" Corra Kara, você tem que correr." Sussurou ele apavorado.

A onda de déjà vu foi tão forte que quase me acordou.

Uma luz vinha da praia em minha direção. Em um instante Lena passaria pelas árvores.

Mas eu estava me antecipando.

James largou minha mão e gritou. Tremendo e se retorcendo, ele caiu no chão a meus pés.

" James " - gritei. Mas ele se fora.

Em seu lugar havia um imenso lobo castanho-avermelhado, com olhos escuros e inteligentes.

Esse lobo me fitava com intensidade como se quisesse me falar alguma coisa. Os conhecidos olhos de James Black.

Acordei gritando a plenos pulmões.

Demorou alguns minutos para que eu pudesse entender o que James tentará me falar.

- Lobisomens - eu disse ofegante.

James era apenas James, e nada mais que isso. Ele era meu amigo ? O único ser humano além de Alex que eu era capaz de me relacionar...

E ele nem era humano.

Reprimi o impulso de gritar de novo.

Eu tinha que ver ele de novo.

Os Luthors - Part 2 - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora