Perdida...?

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Eu sabia que devia ter voltado para a cama assim que saí de casa e tentei pegar um táxi; era dia de rodízio. Eu devia ter voltado pra baixo dos meus lençóis assim que aquele motorista idiota passou rente ao meio fio e literalmente ensopou meus jeans dos joelhos pra baixo.

Eu devia ter voltado!

Mas, em vez disso, respirei fundo e o insultei por uns dois minutos com todos os palavrões que eu conhecia. Ignorei claro, os pedestres que me atiraram olhares reprovadores.

Não ficou melhor quando cheguei — vinte minutos atrasada — no escritório e o imbecil, rechonchudo e desalmado do meu chefe me fuzilou com os olhos e depois disse com desdém:


— Além de chegar atrasada, você ainda aparece aqui usando essa roupa imunda? Você devia se vestir um pouco melhor, Emma. Com o salário que eu te pago...


Ah, sim. QUE SALÁRIO!


Eu mal conseguia pagar minhas contas em dia. Trabalhava naquela empresa desde o estágio na faculdade. Depois que me formei, acabei sendo efetivada e, como não apareceu coisa melhor, me acomodei um pouco. Além disso, eu tinha um plano:

Peter já estava esperando sua aposentadoria e eu tinha grandes chances de substituí-lo.

Claro que, antes, teria que passar pela provação de suportá-lo até que isso acontecesse.


— Eu sei, Senhor Peter — comecei. — Mas acontece que um motorista idiota passou...


— Ah! Chega de desculpas. Já estou farto delas. Acha mesmo que eu acredito em suas histórias? Não entendo por que ainda não te demiti! — ele arqueou uma sobrancelha desafiadoramente.


Porque eu sou a mais competente de todo este prédio, seu porco arrogante!


— Me desculpe. Vou pra minha mesa agora mesmo pra compensar o atraso, está bem? — e sem esperar por mais um de seus ataques, marchei em direção à minha mesa, espiando sua reação pelo canto dos olhos.

Peter ficou parado me encarando por um momento, bufou e depois saiu resmungando.

Tentei dissolver a pilha de papéis acumulada em minha mesa o mais rápido que pude. Era uma pilha considerável, mas eu era realmente eficiente e terminaria tudo bem rápido.


No entanto, perto da hora do almoço, meu computador travou e depois apagou completamente. Tentei religá-lo, mas nada aconteceu. Estava morto!

Bati algumas vezes na máquina tentando fazê-la voltar a vida através de tortura, mas nem uma luz acendeu.


— Preciso desses papéis na minha mesa até as cinco! — Peter urrou da porta.

Devia ter visto meu embate com a máquina.


— Eu sei! Mas não é culpa minha se o computador pifou. Como posso fazer todos os contratos sem o computador?


Ele sorriu ironicamente e apoiou uma mão na porta.

— Como fazíamos antes de inventarem essas máquinas complicadas que sempre deixam a gente na mão.

Lost In LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora